Murilo Melo A TARDE
A Transalvador afirma que as lombadas eletrônicas e os radares, equipamentos que realizam medição da velocidade e registram a infração do motorista por meio de uma câmera fotográfica acoplada a um microcomputador, não têm previsão para serem novamente ativados na capital baiana, o que aumenta a insegurança no trânsito para a população.
O novo superintendente da Transalvador, Fabrizio Menezes, explica que todos os equipamentos estão parados por causa do fim do contrato da prefeitura com a Eliseu Kopp, empresa responsável pela manutenção do serviço. Mesmo sem o sistema, a estrutura dos equipamentos instalados em Salvador continua nas ruas. Menezes afirma que nesse ano, a cidade ganhará mais 20 fotossensores, que devem aumentar o cerco sobre o motorista infrator.
O monitoramento do trânsito, assim como a manutenção do serviço, volta a ser de responsabilidade da Eliseu Kopp. A firma de Vera Cruz (RS) foi a vencedora da licitação, oferecendo pelo serviço um valor total de R$ 3.035.520,00 pelos fotossensores, que pode ser pago pela prefeitura à vista ou mensal, de acordo com a assessoria da Transalvador. O contrato com a empresa tem validade de 12 meses. A decisão deve ser publicada nesta sexta-feira, 18, no Diário Oficial do Município.
Questionado sobre os radares e as lombadas eletrônicas inoperantes, o gestor Fabrizio Menezes citou que uma nova licitação foi aberta e está em fase de homologação. "Estamos em processo liciatório, mas não posso afirmar quando eles estarão nas vias", completou.
Enquanto o processo licitatório não é aprovado para a retomada dos dois sistemas de fiscalização de velocidade, a população fica à mercê do desrespeito de alguns motoristas. O aposentado José Antônio da Costa, 57 anos, enfrenta uma série de dificuldades para sair de casa e ir ao fisioterapeuta todas as segundas e quintas-feiras. Ele foi vítima, ano passado, de um atropelamento na Silveira Martins, avenida localizada no bairro do Cabula, em Salvador. Com o acidente, o aposentado convive com algumas sequelas motoras, o que o obrigou a usar muletas e a ser medicado diariamente por conta do impacto da batida, que causou fratura na coluna. Costa atribui a culpa à falta de fiscalização e ao excesso de velocidade dos motoristas na avenida. "Existe muita imprudência e descaso, ninguém respeita velocidade nessa via. Esses equipamentos instalados não funcionam e nunca tem viatura do órgão de trânsito", relata o aposentado.
Nas ruas, os condutores defendem a volta do sistema de sinalização, dizem que ajuda a ordenar o trânsito, mas alegam que a velocidade permitida não segue um bom senso nos dias de hoje. "Acho certo que tenha mais fiscalização, mas é necessário também a readequação da velocidade máxima em algumas vias. Ainda existe placas antigas com limite de 30-40km/h em ruas onde os carros andam com uma velocidade de 50-60 km/h, por exemplo. Com essa onda de violência na cidade, não dá para andar arrastando o carro", disse o taxista Antônio Carlos Santos, que ainda relata ter pago uma multa de R$ 181 por excesso de velocidade em um horário perigoso. "Se meu carro for roubado, quem é que vai me dar outro?", rebate.
Cira Pitombo, professora de engenharia civil da área de transportes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), lembra que é complicado readequar a velocidade nas vias. "Não pode ser simplesmente modificado. O trânsito urbano é estudado detalhadamente. O limite é calculado através das características do sistema viário, como largura, raio das curvas e comprimento das retas. Tudo isso deve ser feito porque, entende-se, ser importante dar segurança tanto para o pedestre quanto ao motorista. O que é preciso, acima de tudo, é respeitar essas normas", analisou.
Até o fechamento desta matéria, a prefeitura informou que não concluiu o levantamento para identificar se a falta de fiscalização aumentou o número de acidentes na capital baiana, mas afirmou que os agentes da Transalvador operam nas principais vias, como ACM, Bonocô, Garibaldi e Paralela, realizando monitoração e ordenação no trânsito.
Pontos e multas no trânsito
- Transitar vias em velocidade acima de 50% da máxima permitida: multa de R$ 574,60 e suspensão do direito de dirigir.- Não dar preferência aos pedestres sobre a faixa de segurança: infração gravíssima (7 pontos), multa de R$ 191,53
- Não esperar o pedestre terminar a travessia (mesmo que o semáforo para carros já esteja aberto): infração gravíssima (7 pontos), multa de R$ 191,53
- Não dar a vez ao pedestre quando o motorista vira em uma rua transversal: infração grave (5 pontos), multa de R$ 127,69
- Não sinalizar manobra (não dar seta): infração grave (5 pontos), multa de R$ 127,69
- Parar o veículo sobre a faixa de pedestres, quando o semáforo fecha: infração média (4 pontos), multa de R$ 85,13
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran)
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