MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

No Bonfim, a água de cheiro une o candomblé e o catolicismo

Davi Lemos, Luan Santos e Franco Adailton A TARDE

  • Raul Spinassé | Ag. A TARDE
    O cortejo, que completa 268 anos, reúne matizes variados
No trecho de quase oito quilômetros da Lavagem do Bonfim, entre a Igreja da Conceição da Praia e a Colina Sagrada, unem-se histórias de culturas e tradições religiosas, como a do candomblé e a do catolicismo.
As quartinhas levadas pelas baianas vestidas de branco  e que contêm  água de cheiro lembram a pureza do culto tanto ao Filho de Deus, Jesus, como também ao Filho de Olorum, Oxalá.
A diversidade de credos é ressaltada,  no início da festa, pelo ato inter-religioso em que representantes do catolicismo, protestantismo, hinduísmo, candomblé e espiritismo rezam juntos pela paz no adro da Basílica da Conceição da Praia.

A celebração começou às 8h30, desta quinta-feira, 17, após a chegada do prefeito ACM Neto. Na mensagem dos pregadores, a lembrança de que é possível viver em harmonia, ainda que as crenças religiosas sejam distintas.
No trajeto, os peregrinos foram animados por 34 entidades culturais, entre bandas de sopro, afoxés, grupos de  samba e percussão, além dos 1.500 integrantes do  Afoxé Filhos de Gandhy.
O cortejo, que completa 268 anos, reúne matizes variados. "A gente vem com muita fé mostrar a nossa alegria por sermos protegidos por um Pai tão maravilhoso", disse o universitário Cosme de Seixas Brito, 39 anos. "A pessoa está doente em casa, mas basta chegar aqui para ficar boa",  disse a baiana Margarida Dias, 53, há 20 participando da lavagem.
Os atores performáticos Ricardo Alvarenga, 33, e Michelle Mattiuzzi, 33, foram vestidos de Jesus e Nossa Senhora Aparecida.  "Vou participar de todas as festas populares assim, até fazer 34 anos em 27 de junho", disse Ricardo.
Moradores de São Tomé de Paripe percorreram o trajeto com vestes de índio. Era a Tribo da Paz. "Há três anos, participamos assim", disse Maria Judite Marques, 57. Por  volta das 11h40,  o cortejo  chega ao trecho final na Colina Sagrada. Ali, as baianas repetiram  o gesto simbólico de lavar as escadarias da igreja erguida no século XVIII.
Fiéis se aproximavam do gradil do templo para amarrar uma fita, orar, pedir   bons fluidos. "Esta festa expressa a liberdade de manifestar todas as crenças", disse a devota Diana Musser Pereira. A baiana Maria da Hora, 70 anos,  afirma não se cansar de percorrer o trajeto entre o bairro do Comércio e o Bonfim. "Uma vez por ano não faz mal, não", garante.

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