Davi Lemos, Luan Santos e Franco Adailton A TARDE
As quartinhas levadas pelas baianas vestidas de branco e que contêm água de cheiro lembram a pureza do culto tanto ao Filho de Deus, Jesus, como também ao Filho de Olorum, Oxalá.
A diversidade de credos é ressaltada, no início da festa, pelo ato inter-religioso em que representantes do catolicismo, protestantismo, hinduísmo, candomblé e espiritismo rezam juntos pela paz no adro da Basílica da Conceição da Praia.
No trajeto, os peregrinos foram animados por 34 entidades culturais, entre bandas de sopro, afoxés, grupos de samba e percussão, além dos 1.500 integrantes do Afoxé Filhos de Gandhy.
O cortejo, que completa 268 anos, reúne matizes variados. "A gente vem com muita fé mostrar a nossa alegria por sermos protegidos por um Pai tão maravilhoso", disse o universitário Cosme de Seixas Brito, 39 anos. "A pessoa está doente em casa, mas basta chegar aqui para ficar boa", disse a baiana Margarida Dias, 53, há 20 participando da lavagem.
Os atores performáticos Ricardo Alvarenga, 33, e Michelle Mattiuzzi, 33, foram vestidos de Jesus e Nossa Senhora Aparecida. "Vou participar de todas as festas populares assim, até fazer 34 anos em 27 de junho", disse Ricardo.
Moradores de São Tomé de Paripe percorreram o trajeto com vestes de índio. Era a Tribo da Paz. "Há três anos, participamos assim", disse Maria Judite Marques, 57. Por volta das 11h40, o cortejo chega ao trecho final na Colina Sagrada. Ali, as baianas repetiram o gesto simbólico de lavar as escadarias da igreja erguida no século XVIII.
Fiéis se aproximavam do gradil do templo para amarrar uma fita, orar, pedir bons fluidos. "Esta festa expressa a liberdade de manifestar todas as crenças", disse a devota Diana Musser Pereira. A baiana Maria da Hora, 70 anos, afirma não se cansar de percorrer o trajeto entre o bairro do Comércio e o Bonfim. "Uma vez por ano não faz mal, não", garante.
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