MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pecuaristas de MT vão gastar 25% a mais com vacina contra febre aftosa

Campanha de vacinação começa em novembro válida para todas as idades.
Mato Grosso não registra casos da doença há 15 anos.

Leandro J. Nascimento Do G1 MT
Mato Grosso não faz fronteira com país, mas está há 15 anos sem foco. (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)MT está há 15 anos sem foco de febre aftosa.
(Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
O pecuarista mato-grossense vai ter que desembolsar mais na hora de comprar a vacina contra a febre aftosa. Com a campanha de imunização do rebanho bovino e bubalino programada para o próximo mês, as despesas ficarão 25,5% maiores neste ano, porque o preço da dose aumentou: passou de R$ 1,22 para R$ 1,53 entre 2010 e 2011, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O preço maior fará o produtor desembolar R$ 44,3 milhões com a compra das 29 milhões de doses para garantir a sanidade do rebanho estadual. Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o produtor vai ter que pagar mais caro para garantir a sanidade animal no estado.
"Sinceramente não sabemos porque aumentou. O aumento de 25% é muito alto e não tem justificativa para isso. Nessa hora, a vacinação é um quesito sanitário e o produtor vai ter que gastar mais para vacinar. Ele poderia investir na propriedade, pasto, na estrutura da fazenda. Mas como sabe da necessidade de imunizar, ele terá que arcar, não tem muita opção", disse ao G1.

De acordo com o superintendente, os preços mais altos das vacinas foram superiores a valorização verificada em relação a arroba do boi. Enquanto o preço da dose da vacina aumentou acima de 25%, o preço da arroba subiu 4,2%. Há 15 anos o estado não registra ocorrência de febre aftosa. Por outro lado, Vacari diz que mesmo com a sanidade controlada em Mato Grosso, não há previsão para que o estado atinja o status de livre da febre aftosa sem vacinação.

"Esse é o objetivo perseguido no longo prazo e precisamos ter muito cuidado, principalmente, respeitar os quesitos técnicos. Mato Grosso está há sem focos da aftosa graças ao comprometimento do produtor, de vacinar, de fazer a lição de casa. Entendo que para nos tornarmos livre da aftosa sem vacinação tem que ser o reconhecimento do trabalho bem feito", reforçou o superintendente.

Região de fronteira
A campanha de imunização começa no próximo dia 1º de novembro e encerra no final do mês. Após vacinar, o pecuarista precisa comunicar o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). De acordo com a médica veterinária Daniella Soares de Almeida Bueno, responsável pela Coordenadoria de Controle de Doença dos Animais (CCDA) do Indea, na região de fronteira a imunização será acompanhada por fiscais do órgão. Juntos, os municípios de Cáceres, Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade, localizados a 250 quilômetros, 358 km e 562 km de Cuiabá, respectivamente, detêm um plantel acima de dois milhões de animais.

Febre_Aftosa (Foto: Secom-MT)Indea acompanhará vacinação na fronteria de MT.
(Foto: Secom-MT)
"São 20 equipes trabalhando só na região de fronteira, nas propriedades localizadas na distância de até 15 quilômetros. Começamos a notificar os proprietários das fazendas dos municípios de Cáceres, Porto Espiridião e Vila Bela da Santíssima Trindade", disse, ao G1.

Novos mercados
Quem sobrevive da atividade pecuária na região diz que a erradicação por completo da doença no país vizinho favorecerá a relação entre os países. Os pecuaristas da zona fronteirícia dizem que a conquista do status e a abertura das fronteiras para o comércio de gado em pé ampliará a relação entre os países e criará novas rotas para onde os produtores poderão levar o rebanho na hora do abate. Na relação de cidades que integram a zona livre da doença no país vizinho estão Concepción, San José de Chiquitos, San Ignacio de Velasco, San Matías Roboré.

"A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) já reconheceu uma parte da Bolívia como área livre de aftosa com vacinação. Mas há um trabalho forte para monitorar e incentivar a vacinação no país vizinho para viabilizarmos o comércio de gado", declarou Márcio Lacerda, presidente do Sindicato Rural de Cáceres, a 250 quilômetros da capital.

O pecuarista de Vila Bela da Santíssima Trindade, Pedro Lacerda, por exemplo, precisa abater o seu rebanho em frigoríficos localizados em outros municípios, como Araputanga ou Mirassol D'Oeste. Para ele, a Bolívia pode se tornar uma opção para o produtor estadual na hora de encontrar novas rotas para onde destinar o plantel, solidificando o mercado da pecuária entre as nações. "O que se fala é de uma legalização. Momentaneamente não se tem um mercado sólido. Em San Ignácio o frigorífico ainda não funcionou. Mas sua localização o fará ser um canal", salientou durante entrevista.

No entanto, esse assunto divide opiniões no próprio setor. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária em Mato Grosso (Famato), Rui Prado, diz que os governos devem resolver a situação. No entanto, o dirigente diz ser temerário o comércio de gado entre Bolívia e Mato Grosso. "Na Bolívia a sanidade animal preocupa. É preciso estabelecer critérios. Hoje, é temerária esta questão principalmente pela sanidade", acrescentou Prado.

De acordo com a médica veterinária Daniella Soares de Almeida Bueno, do Indea, qualquer movimentação de animal e produto de origem animal oriundos da Bolívia é proibida no Brasil. "Toda carga que venha de lá é impedida, porque não pode entrar no país", manifestou.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) também argumenta que a ausência de certificação para todo território boliviano aumenta o risco de comércio entre Mato Grosso e Bolívia. "Existe um risco sim, pois temos controle [da aftosa] aqui no Brasil, mas na Bolívia não. Isso deve ser tratado. A preocupação é a segurança porque temos no estado o maior rebanho bovino do país", declarou o supervisor federal do Mapa em Mato Grosso, Francisco Moraes Costa.
Apreensão na fronteiraEm abril, o Indea apreendeu uma carga de bovinos na fronteira Mato Grosso e Bolívia. O plantel, avaliado em quase R$ 120 mil, foi interceptado em Vila Bela da Santíssima Trindade. O Mapa e Indea dizem que a fiscalização nas setes barreiras para impedir a entrada de produtos no estado aumentou.

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