MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Menores entram no ranking de crimes violentos no Triângulo Mineiro

 

Tráfico e uso de drogas estão entre as principais ocorrências.
Crueldade e banalização do crime chamam a atenção das autoridades.

Flávia Reis e Luiz Vieira Do G1 Triângulo Mineiro
Delegado regional da Polícia Civil de Uberaba, Francisco Gouvêa. (Foto: Reprodução TV Integração)Delegado regional da Polícia Civil de Uberaba,
Francisco Gouvêa.(Foto:Reprodução TV Integração)
Levantamento realizado pela Polícia Militar que revela o crescimento de menores envolvidos no crime em cidades do Triângulo Mineiro. As ocorrências vão desde agressão e direção perigosa a tráfico, homicídio e estupro. Segundo os dados, entre janeiro e setembro desse ano, 1.136 ocorrências foram registradas em Uberlândia, que tem cerca de 650 mil habitantes e 539 em Uberaba, com 298 mil habitantes. Já Monte Carmelo, com 19 mil habitantes, teve um aumento de 13% em relação a 2010. De janeiro a setembro desse ano 70 menores foram apreendidos.
Segundo o delegado regional da Polícia Civil de Uberaba, Francisco Gouvêa, as estatísticas que mostram o envolvimento do jovem com a criminalidade estão relacionadas não só às falhas na legislação, mas também na criação e falta de perspectiva dos jovens. “O crime está banalizado. Os menores não têm mais os mesmos valores”, afirmou. Para o delegado, os jovens aproveitam as brechas na lei para se envolver no mundo do crime e, quando não são usados pelos traficantes, acabam comandando o tráfico. “Em alguns locais jovens de 12 anos comandam quadrilhas. Eles se aproveitam da impunidade e proteção da lei”, completou.
Outro dado preocupante é relacionado à reincidência dos jovens no crime em Uberaba. Dados do Centro de Atendimento e Reeducação Social do Adolescente e do Menor Infrator (Caresami), que atende jovens de 12 até 21 anos, mostram isso. Dos 68 adolescentes cumprindo medida sócioeducativa, 21 são reincidentes.

Crimes violentos
A crueldade é um fator de atenção para as autoridades. Em Monte Carmelo, no fim de setembro uma menor de 13 anos foi torturada por mais duas menores e uma maior de 20 anos. Ela teve cortes feitos por faca, o nariz quebrado e o cabelo cortado. A história só foi descoberta porque a menina agredida ficou muito machucada e foi levada pelas próprias agressoras para a Santa Casa da cidade. “O motivo da violência foi vingança, já que a vítima teria se envolvido com o namorado de uma das agressoras”, disse o conselheiro tutelar, Márcio Abadio Silva.
Dos crimes violentos registrados em Uberlândia, cidade vizinha a Uberaba, esse ano, há envolvimento de menores em 116 ocorrências: sendo 98 roubos, 13 homicídios e 5 estupros. De janeiro de 2010 a junho deste ano foram 1.052 ocorrências entre apreensão, usos e tráfico.
O Centro Socioeducativo de Uberlândia (Ceseu), unidade destinada ao atendimento de adolescentes entre 16 e 18 anos, atende atualmente 64 jovens em regime de internação provisória e 61 em medida de internação, apreendidos por diversos crimes graves. Destes, cerca de 5% dos menores foram internados por envolvimento com tráfico de drogas. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS), não há estatísticas sobre o número de adolescentes reincidentes.
Falta de Limites
Para o sociólogo Marcelo Lacerda, estudos sobre delinquência juvenil apontam dois problemas que podem justificar a inserção dos menores na criminalidade: “A crise de valores e a falta participação familiar na vida de crianças e jovens, além da falta de políticas econômicas que promovem a inclusão social, que acabam levando milhares de menores para o crime”.
A crueldade pode ser explicada na falta de limite imposta aos menores. “Estes adolescentes violentos estão pedindo um limite, que alguém de alguma forma diga para eles até onde eles podem ir se a família não teve condições saudáveis de fazer isso, mas infelizmente hoje não são oferecidos recursos saudáveis de recuperação”, explicou a psicóloga Deise Carvalho. Ainda segundo ela, a família e o Estado são as maiores responsáveis pela situação atual: “É preciso olhar para toda a família como um sistema que está doente e lhes oferecer tratamentos que englobem as necessidades físicas, matérias, sociais e emocionais. O Estado vem oferecendo apenas um paliativo perante a dimensão do problema.”

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