BLOG ORLANDO TAMBOSI
Deneen ajudou a minar um caminho de resistência patriótica ao despotismo progressista justo quando este estava tomando uma direção preocupantemente iliberal. Nathan Schlueter para Public Discourse, com tradução para a Gazeta do Povo:
Por
muitas medidas, o livro de Patrick Deneen de 2018, “Por que o
Liberalismo Fracassou?” ( Editora Âyiné, 2020), foi um sucesso
surpreendente. Conquistou admiração de pensadores da esquerda e da
direita, de Barack Obama ao ranzinza integrista
da Harvard Law School [Adrian Vermeule, jurista convertido ao
catolicismo] e, quase que sozinho, colocou o pós-liberalismo como um
movimento no mapa.
A
popularidade do livro à direita foi motivo de surpresa e alarme.
Surpresa, porque Deneen havia feito o mesmo argumento na revista
ecumênica First Things em 2012 sem tanto alarde, e porque sua análise do
liberalismo não era nova. Alarme porque, apesar das críticas substanciais
às quais ele nunca respondeu completamente, Deneen redobrou seu ataque
aos princípios da fundação americana. Assim, ele ajudou a minar um
caminho de resistência patriótica ao despotismo progressista justo
quando este estava tomando uma direção preocupantemente iliberal.
Uma
segunda e mais ampla crítica a “Por que o Liberalismo Fracassou?” deu
foco ao remédio localista antipolítico de Deneen para as depredações do
liberalismo. Em sua crítica geralmente elogiosa, Adrian Vermeule chamou a
atenção de Deneen por afirmar que uma política pós-liberal deve “evitar
a tentação de substituir uma ideologia por outra. Política e comunidade
humana devem percolar de baixo para cima, da experiência e prática.”
Vermeule argumentou que uma política pós-liberal genuína requer “uma
teoria abrangente para vencer uma teoria abrangente” e que, ao invés de
recuar da política, ela deve buscar “ocupar os pontos mais altos do
Estado administrativo” e direcioná-lo para “novos fins, tornando-se o
grande instrumento para restaurar uma política substantiva do bem.”
Assim
como “Por que o Liberalismo Fracassou?” foi antecipado em um artigo de
"First Things", o livro mais recente de Deneen, “Mudança de Regime: Rumo
a um Futuro Pós-liberal” [sem edição no Brasil, tradução livre para
“Regime Change: Toward a Postliberal Future”], foi antecipado em uma
palestra para a First Things em 2019. O título da palestra, “Aristopopulismo:
Uma Proposta Política para os EUA”, insinuava a intenção de Deneen de
remediar a falha de “Por que o Liberalismo Fracassou?”, fornecendo uma
verdadeira alternativa pós-liberal ao liberalismo americano. Lá, Deneen
deixou claro que Vermeule o ajudou a se curar de seu localismo
antipolítico da “Opção Beneditina” [uma estratégia do comentarista
conservador Rod Dreher para os cristãos se isolarem da cultura secular] e
o convenceu a se tornar um defensor de um governo nacional enérgico.
“Acho que Adrian [Vermeule] ficará muito empolgado com minha palestra
esta noite”, ele disse. “Ele concluirá que eu finalmente me rendi, que
precisamos de uma afirmação Schmittiana e Maquiavélica do poder para
afirmar a vontade daqueles que devem ser os protagonistas do bem”.
Deneen descreveu sua proposta como uma “reafirmação da política”, usando
“meios Maquiavélicos para fins Aristotélicos” (uma expressão que ele
repete em seu livro). A inversão é chocante, embora não teria
surpreendido a Thomas More, que revelou a misteriosa ligação entre idealismo e cinismo em seu livro “Utopia”.
O Argumento Básico
A
tese básica do livro é esta: toda sociedade humana é necessariamente
composta dos “poucos” (os aristoi) e dos “muitos” (os populi), duas
classes com diferentes forças e fraquezas. (Deneen não explora a base
para essa afirmação.) A estratégia básica da política aristotélica
pré-liberal é promover uma mistura complementar dos poucos e dos muitos,
o “regime misto” ou “politeia” de Aristóteles, no qual cada classe
beneficia a outra e é impedida de explorar a outra. Daí o neologismo
“aristopopulismo” de Deneen, com seu trocadilho com aristoi e
Aristóteles.
O
projeto político moderno do “liberalismo” (isso inclui liberalismo
clássico, progressismo e Marxismo [por causa de como a palavra “liberal”
mudou de significado nos EUA]) coloca os muitos contra os poucos em
nome do “progresso transformador”. Seja qual for a sua forma, o
liberalismo é intrinsecamente disruptivo e oposicional, e sempre existe à
revelia dos muitos.
O
remédio “pós-liberal” para este estado de coisas é o que Deneen chama
de “Conservadorismo do Bem Comum”, que ele descreve como uma
“redescoberta e atualização da antiga tradição da ‘constituição mista’”.
Para este fim, Deneen pede “uma nova elite... dedicada à promoção e
construção de uma sociedade que ajude os cidadãos comuns a alcançar
vidas frutíferas.” O resultado é um regime que é “economicamente de
esquerda e socialmente conservador”.
Por
razões diferentes, tanto conservadores quanto liberais se perguntarão
se tal fusão de tradicionalismo e esquerdismo econômico é coerente,
sustentável ou desejável. Crédito dele, Deneen frequentemente modera
seus argumentos o suficiente (e no momento certo) para evitar alvos
fáceis, mas seu projeto geral de assumir o controle do Estado
administrativo para fins econômicos de esquerda e conservadores sociais é
claro. Se os conservadores que simpatizam com sua crítica anterior
terão a coragem de engolir tanto sua pílula vermelha quanto a azul, é
outra questão.
Progressismo
De forma característica, Deneen ignora os elementos aristocráticos clássicos na
Fundação Americana. Como Publius [pseudônimo de James Madison] escreve
no Ensaio Federalista 57, “O objetivo de toda constituição política é,
ou deveria ser, primeiro obter para governantes homens que possuam a
maior sabedoria para discernir e a maior virtude para buscar o bem comum
da sociedade.” E, na prática, Deneen omite o adendo: “E em segundo
lugar, tomar as precauções mais eficazes para mantê-los virtuosos
enquanto continuam a manter o cargo que lhes foi confiado.” Esses dois
princípios são a chave para entender o objetivo do desenho
constitucional dos fundadores americanos: proporcionar um bom governo e
prevenir um mau governo. Estranhamente para um livro com o título
“Mudança de Regime”, Deneen fica em grande parte em silêncio sobre
instituições políticas. Em vez disso, ele se concentra em crenças e
ações individuais.
Deneen
faz uma crítica implacável ao progressismo. Baseando-se em uma ampla
gama de literatura, incluindo James Burnham, Christopher Lasch, Michael
Lind, Charles Murray e Tim Carney, ele detalha como uma elite gerencial
privilegiada, homogênea, não-local e credenciada, alavancou seu tremendo
poder político e financeiro para atacar as práticas e crenças que são
condições comprovadas para o florescimento humano, como religião,
tradição, lealdade e matrimônio biológico intacto. Como resultado, a
classe trabalhadora é “muito mais propensa a exibir várias níveis de
patologias sociais” e desvantagens como “divórcio, solteirice,
nascimento fora do casamento, crime, vício, desemprego e subemprego,
falência, malhas sociais em desintegração, e declínio da religiosidade e
formação moral” do que as elites. “As pessoas nessas classes”, observa
Deneen, “experimentaram a primeira queda na expectativa média de vida de
qualquer geração americana, uma consequência dessas escolhas agora cada
vez mais descritas como ‘mortes por desespero’.”
A
elite progressista opera sob um “véu de autoengano” que às vezes parece
pura hipocrisia. A narração devastadora que Deneen faz das mobilizações
políticas e corporativas progressistas contra a Lei de Restauração da
Liberdade Religiosa de Indiana em 2015, e especialmente contra a pequena
pizzaria de propriedade familiar, Memories Pizza, ainda é chocante de
ler. Alegando ser defensoras da igualdade, as elites progressistas
desprezam e temem a classe trabalhadora, as “massas incultas”, a “cesta
de deploráveis” de Hillary Clinton, que, segundo Barack Obama, “se
apegam às armas ou à religião.”
Liberalismo Clássico
Embora
o ataque de Deneen ao progressismo seja devastador, sua caricatura
ideológica do liberalismo clássico, especialmente em sua forma
americana, cada vez mais parece performática em vez de substancial.
Deneen e seu pequeno círculo de amigos pós-liberais criaram uma
indústria lucrativa atacando seus possíveis aliados com argumentos de
fabricação de espantalho.
Com
muita frequência, os alvos conservadores do ataque ideológico dos
pós-liberais permitiram-se ser arrastados para debates semânticos com
pós-liberais sobre o significado da palavra “liberalismo” em vez de se
envolverem em uma discussão concreta dos requisitos para o bem comum. O
que aconteceria se abandonássemos essa palavra carregada, “liberalismo”,
da conversa e nos voltássemos para especificidades? Suspeito que grande
parte da magia pós-liberal de Deneen desapareceria.
Na
visão de Deneen, os conservadores americanos são na verdade
individualistas liberais que privilegiam a liberdade sobre o bem comum. A
certa altura, ele põe o alvo em Ryan Anderson e Robert George, a quem
chama de “liberais de direita”, por deixar “intacto o princípio básico
de que o bem deve ser uma questão de preocupação cívica privada ou
subpolítica”. No entanto, se Deneen pudesse superar sua reação alérgica à
palavra “liberalismo”, ele teria notado no ensaio que cita que Anderson
e George especificamente repudiam o “liberalismo neutralista” e
recorrem à “tradição moral aristotélico-tomista” para defender uma
teoria política “perfeccionista” dedicada ao bem comum e ao
florescimento humano.
O
objetivo do liberalismo clássico é forjar um vínculo natural entre
status e serviço real aos outros, eliminando privilégios e barreiras
aristocráticas e feudais arbitrárias e injustas, e promover e proteger
informações que só podem emergir de baixo para cima, através de
organizações espontâneas e em grande parte autorreguladas como língua,
mercados e investigação científica.
Mais
uma vez, Deneen acusa os liberais clássicos de buscarem “promover uma
nova elite que avançaria o progresso econômico” através da “destruição
criativa” do costume e da tradição local. Esta é uma descrição
tendenciosa. O objetivo do liberalismo clássico é forjar um vínculo
natural entre status e serviço real aos outros, eliminando privilégios e
barreiras aristocráticas e feudais arbitrárias e injustas, e promover e
proteger informações que só podem emergir de baixo para cima, através
de organizações espontâneas e em grande parte autorreguladas como
língua, mercados e investigação científica. F. A. Hayek, um alvo
frequente dos pós-liberais, está expressando a visão do liberalismo
clássico quando escreve:
“Provavelmente
nunca existiu uma genuína crença na liberdade, e certamente nunca houve
uma tentativa bem-sucedida de operar uma sociedade livre, sem uma
genuína reverência por instituições estabelecidas, por costumes e
hábitos e ‘todas aquelas seguranças para a liberdade que surgem da
regulação de longevas prescrições e modos antigos’. Por mais paradoxal
que pareça, é provavelmente verdade que uma sociedade livre e
bem-sucedida sempre será, em grande medida, uma sociedade vinculada à
tradição.”
O
liberalismo clássico dos fundadores americanos é muito mais simpático
ao projeto pós-liberal de Deneen do que ele sabe. Mas há tensões
notáveis entre eles. Aqui considerarei três: o Estado administrativo, o
livre mercado e a relação entre religião e política.
O Estado Administrativo
Deneen
escreve eloquentemente contra o sistema educacional e social que
sustenta o Estado administrativo, incluindo universidades de pesquisa
altamente subsidiadas que fornecem os “especialistas” credenciados,
especializados e supostamente não partidários para o governo
progressista. (Curiosamente, ele pede um aumento no financiamento
público para as mesmas instituições de ensino.) Ele também critica a uso
progressista do Estado administrativo como arma para promover o
individualismo expressivo e o identitarismo. Mas ele não diz nada sobre o
próprio governo administrativo, o arranjo institucional que emprega
vários milhões de burocratas não eleitos e em grande parte imunes à
responsabilidade para gerar um número impressionante de normas caras e enfraquecedoras que tocam quase todos os domínios da vida humana.
Se
há um caso para a “mudança de regime”, certamente é o desmonte do
Estado administrativo. Em vez de derrubar espantalhos libertários, seria
refrescante ver Deneen e outros pós-liberais tratarem dos sérios
argumentos em “Economia Política Robusta” [trad. livre, “Robust
Political Economy”] de Michael Pennington (comparando estratégias de
“voz” e “saída” para alcançar o bem comum) ou do magistral “Direito,
Legislação e Liberdade” (Avis Rara, 2023) de Hayek (comparando cosmos e
táxis como estratégias de organização social) ou mesmo (ou
especialmente!) na defesa matizada do mercado livre e da liberdade
econômica dentro de uma “autêntica ‘ecologia humana’”, bem como em seu
alerta contra “o Estado de assistência social”, na encíclica “Centesimus
Annus”, do Papa João Paulo II.
Em
vez disso, o grito de Deneen por “mudança de regime” chega com uma
lamúria. Em vez de defender uma alternativa genuinamente tocquevilliana
ao Estado administrativo que esmaga a alma, ele escreve em sua
Introdução que “as formas políticas existentes podem permanecer no
lugar, desde que um ethos fundamentalmente diferente informe essas
instituições”, e que “embora [pareça] superficialmente a mesma ordem
política, a substituição do domínio de uma elite progressista por um
regime ordenado para o bem comum através de uma ‘constituição mista’
constituirá uma genuína mudança de regime”. Em vez de pedir a devolução
do poder nacional aos estados e às instituições intermediárias, Deneen
propõe aumentar o tamanho do Congresso para mil membros e tornar
obrigatório o serviço nacional. É realmente essa a alternativa radical
que os jovens conservadores pós-liberais seguidores de Deneen estão
procurando?
O Mercado Livre
Uma
segunda diferença relacionada entre Deneen e o conservadorismo
americano diz respeito à economia. Segundo Deneen, os primeiros liberais
clássicos “acreditavam especialmente que o progresso econômico através
de um mercado cada vez mais livre e expansivo poderia alimentar uma
ordem social e política transformadora na qual a prosperidade sempre
superaria as insatisfações econômicas”. “Era considerado um artigo de
fé”, continua Deneen, “que a desigualdade e as insatisfações resultantes
geradas pelo novo sistema econômico capitalista seriam compensadas por
uma ‘maré crescente’ de prosperidade.”
É
duvidoso que qualquer liberal clássico tenha aderido aos “artigos de
fé” de Deneen, mas é verdade que o mercado livre inaugurado pelo
liberalismo clássico aspirava, e conseguiu, melhorar enormemente as
condições materiais dos seres humanos, incluindo a classe trabalhadora.
Como resume um recente artigo do Wall Street Journal sobre alguns dos
dados:
“Entre
1870 e 1900... os salários reais dos empregados não agrícolas
aumentaram 53%, e os produtos básicos da vida, como comida, roupas e
teto, tornaram-se mais abundantes e muito mais baratos. Os preços dos
alimentos despencaram 174%, e o custo de têxteis, combustível e móveis
domésticos caiu 70%, 65% e 70%, respectivamente. A taxa de analfabetismo
caiu 46% e a expectativa de vida aumentou 12,5%. A mortalidade infantil
diminuiu 17%.”
Deneen não tem nada de bom a dizer sobre isso.
É
também verdade que o mercado livre transformou a sociedade, para o bem e
para o mal. Deneen foca exclusivamente no mal. Ele não mostra nenhuma
sensibilidade para a complexidade dos problemas, nenhuma das percepções e
nuances que são as fontes da grandeza de Tocqueville e um principal
tema de reflexão e argumento conservador. Ele defende de forma brusca
“limites econômicos, proteção de indústrias nacionais, maiores proteções
para os trabalhadores, prevenção mais robusta e até mesmo
desmantelamento de concentrações monopolísticas de poder econômico”, sem
qualquer menção aos riscos bem conhecidos e resultados previsíveis
dessas políticas, incluindo custos de oportunidade perdidos, busca de
renda [rent seeking], captura, dependência, efeitos de expulsão, falha
do governo, e mais. Ele reconhece que essas políticas minarão o
crescimento econômico, mas parece considerar isso uma virtude. Deneen
faz frequentes apelos a Edmund Burke, mas deixa de mencionar que Burke
era um forte defensor da liberdade econômica e teria ficado horrorizado
com as propostas econômicas de Deneen.
Vindo
da confortável poltrona de instituições acadêmicas de elite financiadas
por corporações onde Deneen passou toda a sua carreira profissional,
isso é difícil de aceitar. [Ele é professor de ciência política na
Universidade de Notre Dame desde 2012 e ex-professor nas universidades
de Princeton e Georgetown.] Há uma conversa importante a ser tida sobre
moralidade e mercados, especialmente à luz do capitalismo woke
[lacrador, identitário], mas será necessário remover as viseiras
ideológicas.
Religião e Política
Finalmente,
os leitores vão querer saber do quanto Deneen se aproximou do
integrismo de seus amigos católicos pós-liberais que acreditam que a
autoridade temporal (ou seja, a autoridade política) deve estar sujeita à
autoridade espiritual (ou seja, o Papa). O último capítulo de seu livro
tem o título provocante “Rumo à Integração”. É, em sua maior parte, uma
reflexão ponderada sobre forças desintegradoras prejudiciais dentro da
sociedade moderna e um chamado para virtudes como humildade, esperança e
memória, e práticas culturais que sustentam a unidade, cooperação e
comunidade.
Mas
na última seção deste último capítulo ele se volta para a religião.
Estranhamente, ele configura esta seção com uma crítica ao
“conservadorismo nacional”, alertando corretamente que “os conservadores
devem ter cuidado ao simplesmente ocupar o espaço recentemente
desocupado pelos progressistas [globalistas] e concluir que isso é,
portanto, inerentemente conservador.” É um tanto surpreendente, então,
que na seção seguinte ele ataque “a ‘separação’ mais fatal e
fundamental: a chamada ‘separação entre Igreja e Estado’ [laicidade]”.
Mas o que segue é vago e confuso.
Primeiro,
Deneen apresenta uma falsa dicotomia ao enquadrar a questão como um
debate entre defensores liberais da liberdade e defensores pós-liberais
do bem comum. A maioria dos conservadores americanos acredita tanto na
liberdade religiosa quanto no bem comum. E, de fato, Deneen não diz nada
sobre restringir a liberdade religiosa. Até agora, ele não seguiu seu
amigo Vermeule por esse caminho.
Além
disso, quando ele chega à substância do bem comum, ele fala em termos
de “as condições para o gozo dos bens da vida humana” (ênfase minha), ao
invés de em termos da realização substantiva desses bens. Mas é
exatamente assim que John Finnis, Robert George, Ryan Anderson e, de
fato, o Catecismo da Igreja Católica descrevem o bem comum político.
Finalmente,
a visão genérica de religião e política que Deneen promove é
praticamente a mesma visão que os conservadores têm insistido por
décadas que é a visão americana constitucional tradicional e apropriada.
No
final, Deneen merece elogios por seguir sua crítica ao liberalismo com
uma alternativa pós-liberal. Mas suspeito que muitos dos admiradores
conservadores de Deneen se encontrarão procurando por outro — certamente
muito diferente — pós-liberalismo. Quem sabe? Talvez, para a surpresa
deles, eles se encontrarão em casa no conservadorismo do bem comum
americano que estava aqui o tempo todo, esperando ser recuperado,
desenvolvido e defendido.
Nathan
Schlueter é professor de Filosofia e Religião no Hillsdale College. Ele
é autor de vários livros e artigos, bem como do popular curso online
“Introdução à Filosofia Ocidental” (trad. livre).
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi
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