Por Márla Camilo
Todos nós queremos nos sentir amados e acolhidos, mas nem todos administram esses sentimentos de maneira saudável. Muitos adultos, hoje em dia, têm uma carência afetiva derivada, normalmente, de traumas da infância, abandonos ou demais contextos mais rigorosos de criação, o que, quando desamparado por uma estrutura emocional desde cedo, aumentam esse vazio interno. Nos homens, essa falta de acolhimento costuma ser mais complexa de ser aceita e cuidada, desencadeando compulsões que podem ser evitadas através de um maior carinho e olhar profundo sobre suas causas e origens.
Segundo um estudo conduzido pela Fepo Psicólogos, 84,6% dos brasileiros já demonstraram algum nível de carência excessiva em um relacionamento. As causas deste sentimento, segundo o próprio psicólogo Carl Jung, se iniciam na infância, quando, pelo não acolhimento emocional apropriado, deixam de ter a base interna segura e crucial para o desenvolvimento de nossas personalidades.
Os efeitos dessa ferida são claramente vistos e intensificados ao longo do crescimento, causando dependência emocional, necessidade de aceitação, medo de rejeição, dificuldade em dizer o que realmente quer, necessidade constante de agradar, sentimento de culpa e vergonha, e perda do prazer de viver, perdendo a capacidade de desfrutar pequenos momentos da vida e detalhes que são a parte mágica da nossa existência.
A carência emocional e seus impactos são vistos em todos nós, mas, nos homens, acaba sendo mais complexa de lidar e contornar, muito devido aos estigmas sociais do “homem forte” que suprime suas emoções, acreditando que qualquer demonstração de vulnerabilidade é sinônimo de fraqueza. E, ao reprimir essa dor, costumam desenvolver obsessões na intenção de suprimir esse vazio e evitar ter de olhar para essa causa, incluindo hábitos não saudáveis como o trabalho excessivo, compulsão sexual, baixa libido, consumo demasiado de álcool ou, até mesmo, religiosas.
Lidar com as emoções não é fácil. Precisamos senti-las e se permitir a isso, seja chorando ou ficando triste. Se colocar nessa vulnerabilidade, contudo, é sinal de fraqueza para muitos homens, assim como a decisão de buscar ajuda – algo que, nas relações, pode prejudicar, até mesmo, a comunicação ao parceiro de que ele não está bem, criando desarmonias que desestabilizam o casal.
Para se libertar dessa carência, é preciso se olhar com mais carinho, e ter coragem para enfrentar essa dor. Reconhecer que é algo que existe, mas que não te define. Acolher esse sentimento dentro de cada um, se amparar, e ver que não há problemas em estar carente, criando estrutura saudável de rede de apoio para se nutrir, de forma segura, de pessoas coerentes com seus valores, entendendo que todos nós temos esses momentos de fragilidade, e isso não significa que somos fracos, mas que faz parte do ser humano o ato de sentir.
Quando carentes, muitos buscam por algo maior em termos de reconhecimento ou valorização, acreditando que se sentirão melhores. Mas, no fundo, só querem ser acolhidos, ter relacionamentos saudáveis e se sentirem amparados – tema também delicado que precisa ser zelado, a fim de evitar relacionamentos movidos pela fragilidade e explorada pelo parceiro, através de discursos críticos sobre o outro a fim de moldá-los ao perfil e jeitos que querem.
O amor, contudo, é quando nos sentimos felizes apenas pelo fato da outra pessoa existir, sem querer ajustá-la ou fazer que aceite seu jeito. Se questione quem está do seu lado, cuide de sua carência, e se permita sentir essas emoções para curar suas feridas. Isso faz parte da nossa existência, se não, seríamos desumanos conosco, não nos olhando com amorosidade e nos colocando em situações não saudáveis.
Márla Camilo é terapeuta integrativa, colunista, escritora e mentora especializada em desenvolver homens que desejam se tornar conscientes e atingir seu máximo potencial.
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