Devanir Silva
Comemorado
em 24 de janeiro, o Dia Nacional do Aposentado vai além de uma
homenagem aos que contribuíram ao longo de suas vidas para o
desenvolvimento do Brasil; é um momento para refletirmos sobre os
desafios e conquistas das novas gerações. Planejar a aposentadoria vai
muito além de contribuir para o sistema previdenciário. Envolve aprender
a poupar, investir com sabedoria e adotar hábitos financeiros que
proporcionem maior autonomia no futuro.
A
geração atual tem o privilégio de acessar ferramentas modernas, como
serviços financeiros digitalizados e informações instantâneas, recursos
que facilitam o processo de construção de uma vida mais estável e
segura. No entanto, essas facilidades também trazem a responsabilidade
de usá-las para garantir um futuro financeiramente saudável.
Uma
pesquisa da Goldman Sachs Asset Management, que entrevistou mais de 5
mil pessoas de diferentes gerações, traz percepções relevantes sobre
como cada faixa etária encara o planejamento para a aposentadoria. A
Geração Z, por exemplo, se destaca pelo planejamento financeiro precoce,
com uma poupança média de US$ 29 mil. Desses, 68% estão confiantes de
que estão no caminho certo. No entanto, embora 44% desejem se aposentar
antes dos 60 anos, os desafios econômicos e a crescente expectativa de
vida podem dificultar a realização desse objetivo. Por outro lado, 45%
da Geração X admite estar em débito com as economias para a
aposentadoria. Já os Millennials enfrentam desafios financeiros
significativos que comprometem sua capacidade de poupar, como dívidas
estudantis, cartões de crédito, custos com cuidados infantis, aquisição
de imóveis e apoio a familiares idosos. Essas responsabilidades
acumuladas tornam o objetivo de construir uma poupança previdenciária
robusta mais distante.
Embora
os desafios financeiros ao longo da vida sejam inevitáveis, o
planejamento e a poupança antecipados são essenciais. Somente dessa
forma as gerações futuras poderão garantir maior estabilidade e
segurança durante a aposentadoria, mesmo diante das adversidades.
O
direito à aposentadoria no Brasil remonta à assinatura da Lei Eloy
Chaves, em 1923, que criou as caixas de aposentadorias e pensões para os
empregados das estradas de ferro. Esse marco histórico pavimentou o
caminho para a Previdência Social no país, garantindo dignidade aos
trabalhadores após uma vida de dedicação.
Vale
ressaltar que, até o início do século passado, a aposentadoria sequer
existia no Brasil. Aqueles que encerravam suas trajetórias
profissionais, mesmo após anos de contribuição para a sociedade, não
tinham nenhuma garantia de renda. A criação desse direito foi uma
verdadeira revolução social. No entanto, mais de um século depois, o
tema ainda apresenta desafios significativos.
Hoje,
grande parte dos aposentados no Brasil enfrenta dificuldades
financeiras. Uma pesquisa da Serasa revelou que seis em cada dez
brasileiros precisam continuar trabalhando após se aposentarem para
complementar a renda. Além disso, 62% recorrem a créditos ou empréstimos
para cobrir despesas essenciais, como alimentação, saúde e
medicamentos. Esses dados evidenciam que, embora a aposentadoria seja um
direito fundamental, ela ainda está longe de garantir uma vida digna e
tranquila para todos.
Por
outro lado, o regime fechado de previdência complementar destaca-se
como uma alternativa relevante. Com um patrimônio acumulado superior a
R$ 1,3 trilhão e benefícios anuais que ultrapassam R$ 100 bilhões, esse
modelo não só assegura estabilidade financeira a seus participantes e
suas famílias, mas também desempenha um papel importante na economia do
país, representando 11,6% do PIB. Esses dados reforçam a importância de
iniciativas que incentivem a adesão a sistemas de poupança de longo
prazo.
As
lições dos aposentados de hoje mostram a relevância do planejamento
financeiro e da educação previdenciária como ferramentas para enfrentar
os desafios do envelhecimento com maior tranquilidade. É fundamental que
as novas gerações compreendam que a construção de um futuro mais seguro
e estável depende de decisões tomadas desde cedo, garantindo que a
longevidade seja vivida com dignidade e qualidade de vida.
Devanir Silva é diretor-presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar - Abrapp
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