BLG ORLANDO TAMBOSI
Estas criaturinhas transtornadas são os fundilhos de uma hierarquia. Quem manda nas criaturinhas permanece protegido de maçadas, e não devo ser o único a achar que isso é uma vergonha. A crônica de Alberto Gonçalves para o Observador:
Já
mal é notícia. Ontem de madrugada, com a ajuda de quadrilhas amigas e
indistinguíveis, a quadrilha da Climáximo vandalizou a fachada da câmara
municipal de Lisboa, onde pintou repetidamente a palavra “genocida”,
além de pendurar um farrapo com a inscrição “Palestina livre”. Sabemos
que se trata da quadrilha da Climáximo porque os protagonistas destes
números circenses são sempre os mesmos e porque a própria organização
criminosa divulgou e assumiu o acto nas “redes sociais”. Aí, os
criminosos explicam que não podem “consentir com instituições que
celebram um regime de apartheid, apoiando este genocídio”.
Isto
levanta diversas questões. Uma: a que título é que a Climáximo, que
alegadamente se dedica ao clima, se consome com um conflito político e
bélico em que o clima não é tido nem achado? Duas: porque é que a
Climáximo se preocupa selectivamente com o Médio Oriente e não, por
exemplo, com o drama dos uigures na China, o massacre de não-árabes no
Sudão e a desgraça dos venezuelanos na Venezuela? Três: o que leva a
Climáximo a acusar de “apartheid” um dos raros países da região que não o
pratica? Quatro: com que lata é que a Climáximo descreve o genocídio de
uma população que cresce exponencial e consistentemente? Cinco: o que
motiva as acusações específicas da Climáximo à autarquia da capital e
não, sei lá, à junta de freguesia de Cebolais de Cima, em Castelo
Branco? Seis: a que pretexto a Climáximo se esquece de protestar a
pobreza que aqui alastra, o aumento de infelizes a dormir na soleira dos
prédios, as filas de velhos ao relento nos centros de saúde de um SNS
em ruínas?
Tantas
perguntas, e a resposta é só uma, é óbvia e prende-se com as razões da
impunidade da Climáximo, que possui dirigentes identificados e se
encontra claramente vinculada a um partido, de cujo projecto político
são, digamos, o braço armado – em parvo, acrescentaria se os atentados
cometidos não roçassem o puro terrorismo. É verdade que alguns dos moços
e moças que estragam propriedade alheia ou perturbam a circulação
automóvel já foram condenados a multas irrisórias, e que três irão
talvez a julgamento. Mas estas criaturinhas transtornadas são os
fundilhos de uma hierarquia, pequenos fanáticos ao serviço de quem
manda. Quem manda nas criaturinhas permanece protegido de maçadas, e não
devo ser o único a achar que isso é uma vergonha.
Convém
lembrar que Charles Manson não esteve presente nos homicídios
baptizados com o seu nome. E, numa escala menor de ilicitudes, suponho
que a justiça não toleraria que eu convencesse meia dúzia de
“activistas” de boa cepa a remodelar à marretada uma sede do Bloco de
Esquerda. Porém, à dra. Mortágua e ao sr. João Camargo, chefe da
Climáximo e genro do dr. Louçã (dois delitos de gravidade comparável),
não acontece nada. E não se prevê que venha a acontecer. O que é
previsível, e o que a Climáximo e o BE desejam que aconteça, é uma
tragédia.
Numa
manhã da semana passada, a quadrilha da Climáximo sentou-se numa
estrada lisboeta para impedir a circulação do trânsito. Os vídeos e as
fotografias correram por aí. A parte cómica é a imagem em que três
“activistas” seguram uma faixa onde se lê: “A crise climática é um
genocídio”. Para eles, tudo, do “aquecimento global” a Gaza, passando
pelos maus resultados do Barreirense, é “genocídio”. Seria fácil
explicar as insuficiências lexicais dos moços e moças pela escassa
assiduidade escolar (uma das “extensões” da Climáximo intitula-se
rigorosamente Greve Climática Estudantil, o que sugere que transformaram
a gazeta numa actividade a tempo inteiro).
Sucede
que a hipérbole tonta e a mentira escancarada são ingredientes
indispensáveis aos movimentos totalitários, que se alimentam da
radicalização do, digamos, “pensamento”. Os “argumentos” destas seitas
têm de ser assim básicos, infantis, primários, quase animalescos. As
seitas regurgitam slogans da exacta maneira com que os orangotangos
gritam para avisar os semelhantes que vai chover. A diferença é que em
geral os orangotangos acertam. As seitas do calibre da Climáximo falham
com impecável consistência, aliás na medida em que nunca pretenderam
estar certas. A retórica é tão primitiva que parece estatística e
biologicamente impossível existirem pessoas a acreditar nela.
O
facto, insisto, é que essas pessoas existem. E trazem para a rua os
ensinamentos de “guerrilha” aprendidos em “workshops” leccionados por
oportunistas desprovidos de escrúpulos. Quando atacam edifícios ou
políticos, a reacção é débil ou nula. Quando, porém, afectam a rotina de
membros menos ociosos da sociedade, a história complica-se. As
filmagens do bloqueio do Túnel do Marquês mostraram igualmente os
“activistas” a serem arrastados como os pesos mortos que na realidade
são. Enquanto arrastava um dos trambolhos, um condutor informou-os com
pedagógica lucidez: “Vão-se fod…, que há quem trabalhe”. A paciência não
é elástica. Um dia, alguém a perderá de vez e a “causa”, que não é a
“climática” nem a “palestiniana” e sim a ambição dos seus mentores,
arranjará um mártir.
É
por esse dia que a Climáximo espera, a fim de melhor “legitimar” a
própria violência. Um mártir, leia-se um garoto com perturbações
evidentes morto ou ferido às mãos de um cidadão exausto, garantiria dois
meses de banzé noticioso e anos de cadeia ao cidadão. E uma vida de
sucessos públicos para os responsáveis pela Climáximo, que celebrariam à
solta a sua culpa sem castigo. Depois não se queixem. Eu posso
queixar-me: para usar um termo horrendo, jamais “normalizei” essa gente.
Postado há 2 days ago por Orlando Tambosi
Nenhum comentário:
Postar um comentário