Resultado eleitoral foi pior ainda do que o prognosticado e deixam a 'rainha' e seu fiel peão com mãos amarradas num momento de crise brava. Vilma Gryzinski:
Alberto Fernández tem sempre a última palavra no sensível relacionamento com Cristina Kirchner, sua patrona.
“Sim, senhora”.
Foi
assim quando as prévias eleitorais apontaram para um resultado
desastroso na eleição de ontem. Depois de dizer que não trocaria o
ministério, tal como havia ordenado sua vice, o presidente mordeu o
bigodão e trocou o ministério.
O
que poderia fazer, desafiar toda a ala peronista que segue Cristina
como se ela fosse a rainha de Alice no País das Maravilhas?
A
Argentina, tristemente, se transformou no País dos Infortúnios, mas
pelo menos uma coisa boa aconteceu: a frente peronista não tem mais
maioria no Senado, que Cristina presidia e no qual havia montado seu
quartel-general para mudar estruturalmente o judiciário e livrar a ela e
ao filho, Maximo Kirchner, de todos os processos por lavagem de
dinheiro, corrupção e correlato.
Para dar uma ideia da pancada, os peronistas não serão maioria no Senado pela primeira vez em 38 anos.
O
governo da Frente de Todos também ficou mais parecido com uma Frente de
Poucos nas províncias, equivalentes aos estados brasileiros: perdeu
Buenos Aires, a joia da coroa, e mais treze delas.
A
derrota governista é particularmente dolorosa porque incluiu os maiores
cinco centros do país: a província de Buenos, a Cidade Autônoma de
Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Mendoza. Ou seja, os grandes cinturões
periféricos onde o peronismo é historicamente forte foram para a
oposição.
Na
Câmara dos Deputados, o Juntos Pela Mudança, tão desmoralizado depois
da derrota de Mauricio Macri na tentativa de reeleição presidencial,
ficou com 41,89% dos votos. A Frente de Todos, com 33%.
Um
detalhe especial: Alicia Kirchner, irmã do presidente Néstor e cunhada
de Cristina, perdeu o feudo da família em Santa Cruz. E perdeu feio,
ficando em terceiro lugar. É a primeira vez em trinta anos que não tem
um Kirchner governando Santa Cruz.
É uma pancada histórica.
Assim
que o resultado, amplamente previsto, saiu, Fernández anunciou que
lançará um novo “plano econômico plurianual”. Claro, também propôs um
acordo nacional, que poderia até ser uma esperança em país sem o
currículo argentino.
Deus
proteja os argentinos, que já estão com o dólar a 200 pesos, 40% de
inflação até agora e outras 40% da população na pobreza, um aumento
catastrófico.
Os
mais cínicos até poderiam brincar que, com Alberto Fernández torcendo o
bigodão na Casa Rosada e Cristina Kirchner com a pontas do cabelão
aparadas no Senado, o país tem menos chances de fazer besteiras.
Infelizmente, não é assim que funciona.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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