Wesley Oliveira
Gazeta do Povo
Apesar do discurso do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa da “reconstrução” da democracia diante do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o líder petista e outras lideranças da sigla costumam dar apoio a ditadores de esquerda.
Também defendem com frequência a regulamentação da mídia – o que, para seus críticos, seria uma forma de controlar e impor restrições à imprensa e às redes sociais, principalmente porque é isso que costuma ser feito nas ditaduras defendidas pelo PT.
TUDO DE NOVO – Nos últimos dias, Lula e outros dirigentes do partido voltaram a enaltecer ditaduras de esquerda ou a minimizar críticas a regimes autoritários como os de Cuba, Nicarágua e China. E também defenderam a regulação da mídia.
Recentemente, por exemplo, a cúpula do partido chegou a publicar uma nota de saudação às eleições da Nicarágua, que deram a vitória ao ditador Daniel Ortega, no poder há 14 anos. O pleito, contestado por observadores e políticos internacionais, foi realizado sem a presença de opositores de Ortega, que foram presos.
A manifestação do PT acabou sendo criticada tanto por opositores, quanto por apoiadores do ex-presidente Lula. Com o reação negativa, a sigla excluiu a nota de seu site.
GLEISI DESCONVERSA – A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), alegou que o texto sobre as eleições na Nicarágua não havia sido submetido “à direção partidária”. Gleisi afirmou ainda que a posição do partido, sobre qualquer país, “é de defesa da autodeterminação dos povos contra interferência externa e respeito à democracia”.
Mas, em entrevista ao jornal espanhol El País, no fim de semana, Lula minimizou as críticas ao regime da Nicarágua. Ao ser questionado sobre qual seria o diagnóstico dele sobre o fato de as eleições na Nicarágua não terem sido reconhecidas pela comunidade internacional, ele respondeu que era contra a candidatura de Daniel Ortega, mas que a decisão de mantê-lo no poder é do povo.
“Posso ser contra, mas não posso interferir nas decisões de um povo”, disse o ex-presidente.
ORTEGA E MERKEL – Lula também comparou o ditador Ortega, eleito num processo criticado pela comunidade internacional, a líderes de países democráticos que chegaram ao poder em eleições limpas e sem contestações.
“Por que Angela Merkel [primeira-ministra da Alemanha] pode ficar 16 anos no poder, e Daniel Ortega não? Por que Margaret Thatcher [ex-primeira ministra britânica] pode ficar 12 anos no poder, e [Hugo] Chávez [ex-ditador falecido da Venezuela] não? Por que Felipe González [ex-primeiro ministro da Espanha] pôde ficar 14 anos no poder?”, questionou o petista.
Ao ser confrontado com o fato de que Ortega mandou prender seus opositores, ao contrário dos demais citados, à exceção de Chavez, Lula disse que não pode julgar o que aconteceu na Nicarágua. “Eu fui preso no Brasil. Não sei o que essas pessoas fizeram. Só sei que eu não fiz nada”.
MUITAS PRISÕES – A Nicarágua é apontada como uma ditadura de esquerda, sob o comando de Ortega, com supressão de direitos civis e políticos. Antes do pleito, o presidente nicaraguense mandou prender sete candidatos adversários e, pelo menos, 130 simpatizantes deles.
Na mesma entrevista ao jornal El País, Lula também minimizou os recentes protestos contra a ditadura socialista de Cuba. Durante as manifestações da oposição, o governo cubano chegou a retirar credenciais de profissionais da agência internacional de notícias EFE.
Ao ser questionado sobre a repressão policial às manifestações, o petista disse “que essas coisas acontecem no mundo inteiro”. “A polícia bate em muita gente, é violenta. É engraçado porque a gente reclama de uma decisão que evitou os protestos em Cuba, mas não reclama que os cubanos estavam preparados para dar a vacina e não tinham seringas, e os americanos não permitiam a entrada de seringas. Eu acho que as pessoas têm o direito de protestar, da mesma forma que no Brasil. Mas precisamos parar de condenar Cuba e condenar um pouco mais o bloqueio dos Estados Unidos”, disse Lula ao El País.
GUERRA FRIA – De acordo com Lula, o bloqueio comercial dos Estados Unidos a Cuba é uma “eterna Guerra Fria”. No mês de julho, Cuba registrou diversas manifestações contra o governo. Relatório da organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) informou a “estratégia brutal de repressão” implantada pelo regime após os protestos resultou em pelo menos 130 casos de detenções arbitrárias, maus-tratos e falsos julgamentos.
Por sua vez, a ex-presidente Dilma Rousseff disse que a China é “uma luz” contra a “decadência” do Ocidente. A declaração foi feira durante um debate para o lançamento do livro China, o Socialismo do Século 21, da Editora Boitempo.
“Não se pode deixar de admirar um país [a China] que sai do feudalismo, do mais brutal controle colonialista, para se tornar a segunda maior economia do mundo e a primeira em paridade de poder de compra. E tudo indica que, até o final da década, poderemos ver a China se transformar na maior economia do mundo”, prosseguiu Dilma, sem mencionar que a China é uma ditadura comunista de partido único.
(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)
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