BLOG ORLANDO TAMBOSI
Para crescer, escreve Digo Mainardi em sua coluna publicada pela Crusoé, a Terceira Via tem de remover o entulho do PSDB:
Sergio Moro deu o primeiro passo para se tornar presidente da República.
Até
quarta-feira, havia uns quarenta candidatos da Terceira Via. Agora só
sobrou um, que tem tudo para se tornar o candidato da Segunda Via,
considerando que Jair Bolsonaro deve fugir da disputa em meados do ano
que vem, escrachado por seu casamento com Valdemar Costa Neto, Arthur
Lira e Ciro Nogueira.
O discurso de Sergio Moro na festa do Podemos dissolveu os ataques de lulistas e bolsonaristas. De quebra, dissolveu também as prévias do PSDB.
Não importa a escolha dos tucanos: a questão já nem existe mais. Isso é
bom. A Terceira Via, para ter alguma chance em 2022, precisa erradicar o
PSDB. Doze horas antes do discurso de Sergio Moro, de fato, Aécio Neves
garantiu às consortes de Jair Bolsonaro os votos necessários para
aprovar a PEC do Calote, achincalhando o único trunfo tucano que ainda
resistia: a responsabilidade fiscal.
Não
há figura mais repulsiva que Aécio Neves. Só Jair Bolsonaro. Só Lula.
Só Arthur Lira. Só Gilmar Mendes. A lista é longa, mas o fato é que a
Terceira Via, para crescer, tem de remover o entulho do PSDB, e foi isso
que Sergio Moro fez: o marreco esfrangalhou os tucanos.
Mas
ele fez mais do que isso: mostrou que, a partir de agora, seu empenho
vai ser falar sobre o futuro, conversando com um monte de gente, em
todos os cantos do Brasil, a fim de construir um plano para o país. O
sucesso de sua empreitada vai depender da qualidade desse plano – e das
pessoas que se dispuserem a participar dele. Sem isso, aliás, nem faz
sentido se candidatar.
“Muitos me aconselharam a não falar sobre corrupção, mas isso é impossível”, disse Sergio Moro,
no finzinho de seu discurso. “Combater a corrupção não é um projeto de
vingança ou de punição. É um projeto de justiça na forma da lei.”
Esse
é o melhor caminho: dizer o que precisa ser dito, e não o que é mais
conveniente. Quem o aconselhou a ignorar o tema da corrupção temia que
ele perdesse o apoio de políticos apavorados com sua candidatura. Mas é
ótimo que os políticos nunca se sintam plenamente à vontade com ele:
tanto agora, durante a campanha eleitoral, quanto mais tarde, durante
seu governo. O Brasil sempre foi refém do gangsterismo mais rasteiro,
que perpetuou nosso atraso e nossa pobreza. A única saída para isso,
como cantou o marreco, é um projeto de justiça na forma da lei.
O primeiro passo foi dado. Faltam outros trinta e nove.
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