Recentemente, Mourão afirmou que uma parcela significativa da sociedade brasileira não se sente representada por Bolsonaro ou Lula. Reportagem de Wesley Oliveira para a Gazeta do Povo:
O
vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) tem mantido interlocuções com
lideranças da chamada terceira via na busca de se viabilizar
politicamente para as eleições de 2022. Com poucas chances de estar na
chapa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Mourão já
esteve reunido com líderes partidários próximos do ex-ministro e
ex-juiz Sérgio Moro e de empresários que buscam uma alternativa contra a
polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) na disputa do ano que vem.
Recentemente,
Mourão afirmou, durante uma palestra online, que uma parcela da
sociedade brasileira não se sente representada por Bolsonaro ou Lula. O
vice-presidente disse que um candidato que representasse a terceira via
poderia ajudar a apaziguar a polarização.
“Eu
acho que seria importante, para reduzir as tensões, que realmente
surgisse um candidato que tivesse condições de fazer com que a outra
parte da sociedade se sentisse representada, melhorando o nível do
debate no período eleitoral e favorecendo a diminuição dessa
polarização”, disse Mourão.
Como
a Gazeta do Povo mostrou, o ex-ministro Sergio Moro avalia a
possibilidade de ser candidato a presidente. E Mourão já admitiu que
poderia compor com o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, embora
tenha descartado publicamente a pretensão de ser vice na chapa.
“Balinha M&M [Moro e Mourão]? Zero chance, pura especulação”,
desconversou o vice de Bolsonaro.
Planos de Mourão envolvem Senado ou Câmara
Até
agora, os planos de Mourão seriam se candidatar ao Senado pelo Rio
Grande do Sul ou ainda tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Aliados
do vice-presidente se mostram empolgados com a recente pesquisa feita
com eleitores gaúchos pelo Instituto Orbis. Mourão aparece em segundo
lugar na disputa ao Senado, com 14,6%. O ex-governador José Ivo Sartori
aparece em primeiro, com 15,7%. Ambos estão empatados tecnicamente
dentro da margem de erro de 3,1% para mais ou para menos. No próximo
ano, cada estado elegerá apenas um senador.
Mas,
nesta semana, começou a circular a informação de que o vice-presidente
também pode se candidatar no Rio de Janeiro. Apesar de ser gaúcho de
nascimento, Mourão se mudou com os pais, ainda na infância, para o Rio.
Podemos passa a ser opção para Mourão caso Moro se filie ao partido
Filiado
ao PRTB, Mourão também já sinalizou que pode buscar outro partido para
se abrigar caso Bolsonaro venha a se filiar à legenda.
Nesse
caso, o Podemos passou a ser sondado pelo vice-presidente e uma
possível filiação de Sergio Moro, antiga pretensão do partido, poderia
encorajá-lo a trocar de legenda.
Mourão
chegou ao PRTB em 2018 depois de um convite do então presidente do
partido, Levi Fidelix, que morreu em abril deste ano. Depois disso,
aliados de Bolsonaro chegaram a procurar os filhos de Fidelix para
negociar a filiação do presidente na legenda. Contudo, o próprio Mourão
teria alertado a viúva de Fidelix, Aldineia Fidelix, que, com a chegada
dos bolsonaristas, a família perderia o controle da agremiação fundada
pelo patriarca da família há cerca de 30 anos.
Vice foi aconselhado a renunciar, mas vai ficar
De
acordo com os aliados de Hamilton Mourão, seus planos envolvem se
manter “independente” do governo, para chegar com maior "musculatura"
eleitoral na disputa do ano que vem. O vice tem sido instruído por
aliados a ampliar seu grupo político e se manter distante das crises do
Palácio do Planalto.
Mourão
chegou a ser aconselhado a renunciar ao cargo de vice-presidente. Mas
descartou publicamente essa possibilidade e afirmou que estará no
governo “até o fim”.
“Desde
2018 tenho viajado pelo Brasil e muitas pessoas falam que votaram na
chapa JB [Jair Bolsonaro]-Mourão por confiar em mim. Em respeito a essas
pessoas, e a mim mesmo, pois nunca abandonei uma missão. Não importam
as intercorrências, sigo neste governo até o fim”, publicou Mourão no
Twitter.
De
acordo com interlocutores do vice-presidente, a postagem na rede social
teve como objetivo passar duas mensagens a Bolsonaro. A primeira é que
os eleitores votaram na chapa por confiarem em Mourão, e não em
Bolsonaro. A outra é que ele nunca abandonou missões, um assunto caro
aos militares, já que Mourão é general da reserva. Também seria uma
alfinetada no presidente da República, pois Bolsonaro teve sua carreira
no Exército interrompida por indisciplina, que o levou a ser "convidado"
a passar para a reserva.
A
interlocutores, Mourão diz que sua renúncia abriria caminho para que um
processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro fosse aberto no
Congresso. Mas, para o vice-presidente, isso causaria desgastes
políticos ao país. Além disso, fora da vice-presidência, ele perderia
espaço para construir alianças para o seu projeto político.
Além
disso, para ser candidato em 2022 a outro cargo que não seja o de vice
de Bolsonaro, Mourão não precisa renunciar seis meses antes das eleições
– ao contrário do que prevê a legislação para a maioria dos ocupantes
de cargos no Executivo que não buscam a reeleição.
Mourão
recorre a um dispositivo da legislação eleitoral que permite ao
vice-presidente candidatar-se a outros cargos, preservando o seu
mandato, desde que não tenha substituído o presidente nos últimos seis
meses antes da eleição. Mourão poucas chances de que Bolsonaro precise
se afastar da Presidência, a não ser em casos de saúde. E ele pode
recorrer a um subterfúgio para não assumir o Planalto na ausência de
Bolsonaro: viajar ao exterior. Nesse caso, a Presidência seria ocupada
pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Mourão manterá distância de Bolsonaro, mas irá responder se for provocado
A
estratégia de Hamilton Mourão será manter-se distante das polêmicas do
governo e de Bolsonaro. O vice também afirmou a políticos próximos do
presidente que não pretende seguir em “quebra de braço” com o
presidente. No entanto, irá responder sempre que for "provocado".
Recentemente,
Bolsonaro disse que o vice “tem uma independência muito grande e, por
vezes, atrapalha”, e que ele é igual a um “cunhado” que “você tem que
aturar”.
Pouco
depois, Mourão repudiou a ideia de não aceitar que as eleições de 2022
sejam realizadas sem voto impresso; e contra-atacou Bolsonaro ao afirmar
que o Brasil “não é uma república de bananas”.
Recentemente,
o vice também criticou a escolha de Ciro Nogueira (PP-PI), feita por
Bolsonaro, para ser ministro da Casa Civil. Mourão disse que alguns
eleitores “podem se sentir um pouco confundidos”, pois na campanha de
2018 o presidente prometeu não se aliar ao Centrão – Ciro Nogueira é um
dos principais líderes desse grupo político.
Metodologia da pesquisa citada na matéria
O
Instituto Orbis ouviu 995 eleitores do Rio Grande do Sul no dia 2 de
agosto. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para
menos e o nível de confiança é de 95%.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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