MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 21 de abril de 2020

Paulo Guedes otimista: "Vamos de novo surpreender o mundo".


Em entrevista, o ministro da Economia mostra que não vai abrir mão da responsabilidade fiscal em nome da paranoia pandêmica. E que, por isso, é o homem certo para cuidar do país. Reportagem da Revista Oeste:


“Vai dar tudo certo!” Foi assim que o ministro da Economia, Paulo Guedes, começou uma live de duas horas no canal do banco de investimentos BTG Pactual no YouTube ontem, segunda-feira 20, um dia antes de Brasília, cidade de onde falava, completar 60 anos.

“Tenho enorme confiança na capacidade da democracia brasileira”, continuou, antes de relembrar a situação crítica em que encontrou a pasta no começo de 2019. Depois de 14 anos de desmazelos populistas do PT, que deixou uma herança de recessão, inflação acima da meta e juros elevados, Guedes acredita que o governo Bolsonaro teve um bom primeiro ano, com aperfeiçoamento institucional.

Com isso, mesmo sob dúvidas, foi possível entregar logo de cara a tão esperada e necessária Reforma da Previdência. Para Guedes, apesar de não ter saído como ele queria, proporcionou como resultado uma economia aos cofres públicos de R$ 1 trilhão.

“O presidente é um democrata, se vê uma passeata com uma bandeira do Brasil ele entra, grita. Somos liberais-conservadores, que merecemos, temos o direito de seguir com o mandato, mas o presidente é resiliente e tem muita gente nos ajudando, inclusive muita gente que aparentemente está brigando”, confessa Guedes.

Durante a entrevista, o ministro focou principalmente quatro temas: o isolamento social; a eficácia das medidas do governo para mitigar a crise do coronavírus; o plano para recuperação da atividade econômica; e a retomada do processo de reformas estruturais, juntamente com os custos do impacto fiscal da crise sobre elas.

Isolamento social

“O isolamento social tem nosso total apoio”, declarou o ministro. “Mas há duas dimensões críticas. A primeira é a da saúde e a segunda é a da economia, em que é preciso manter o máximo de teletrabalho, fornecimento de energia — enfim, atividades econômicas que permitam que as pessoas possam continuar a comer e a viver no mínimo de normalidade. Nunca houve descaso com a saúde, mas não pode haver desconsideração de nenhum dos lados.”

Eficácia das medidas do governo para mitigar a crise do coronavírus

“Desenhamos o Cadastro Único em alta velocidade para ajudar a quem nunca precisou do governo, mas agora precisa”, comentou o ministro.

Ele enumerou cada uma das medidas aplicadas pelo governo e fez questão de frisar a preocupação do presidente Jair Bolsonaro com aqueles a quem chamou de “invisíveis” — trabalhadores informais que, não fosse o recurso emergencial de R$ 600, não teriam como sobreviver durante a pandemia. “O que pediu o presidente? Preservar vidas e empregos. ‘Temos que trabalhar as duas ondas [vidas e empregos], temos que preservar os sinais vitais da economia, como um urso hibernando, não pode virar uma Grande Depressão’”, lembrou o ministro.

Guedes também apontou a importância de proteger as pequenas empresas com a MP 936, que trata da manutenção de emprego e renda, e de não permitir que sindicatos se envolvam nas negociações feitas sob a medida. “Se você faz a empresa procurar o sindicato antes de negociar com o trabalhador, ela demite”, defendeu.

Plano de ação para retomada da atividade econômica

O ministro afirma que o governo federal desenha uma saída em “V” para o país. Isso porque o Brasil, ao contrário dos demais países, passava por um momento de crescimento sustentável, com reformas estruturais em andamento, quando a pandemia desembarcou por aqui.

“Vamos de novo surpreender o mundo.”

Paulo Guedes diz que não quer vender sonhos, mas que a tentativa tem de ser sair da crise já de novo no crescimento, contrariando previsões como a do FMI, que espera uma queda no PIB brasileiro de 5,3% para este ano. “Se tentarmos duramente, poderemos sair em U. Se não tentarmos nada, poderemos ficar no L mesmo”, expõe, referindo-se à curva de crescimento da economia.

Para ele, a covid-19 é a variável desconcertante, tudo é muito incerto. “O que se dizia lá fora é que um terço do colapso seria causado pela quebra das cadeias globais de comércio, e o restante, autoinfligido, com as pessoas parando de trabalhar por causa da crise”, pontuou o ministro, que então comentou que, apesar de termos perdido receitas em turismo e em serviços, passamos a ganhar em agronegócios e exportações, principalmente para a China.

Segundo Guedes, o novo ministro da Saúde já está estudando uma saída planejada do isolamento. Além disso, o ministro anunciou que um microcrédito de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões deverá ser facilitado a pequenas e médias empresas para que voltem a funcionar e um consórcio de bancos privados está sendo formado para proteger cadeias produtivas.

Retomada do processo de reformas e como arcar com os custos do impacto fiscal da crise

“Tudo o que os governadores pediram ao presidente foi dado. É injusto dizer que o presidente negou o que quer que seja”, apontou o ministro antes de contabilizar um parrudo pacote que, no total, já chega a R$ 88 bilhões entre transferência de fundos, repasses e rolagens de dívida.

“Teve um governador do Nordeste que chegou a comentar que o ICMS podia cair 59% que a rolagem da dívida já cobria a crise. Duas semanas depois, voltam pedindo R$ 220 bilhões no cálculo do Mansueto. Isso não é republicano! Não vamos transformar uma crise de saúde em uma farra eleitoral, uma crise fiscal perpétua.”

Guedes afirma, no entanto, que o governo não fechou as portas ao diálogo com os governadores em nenhum momento, ao contrário do que muitos vêm tentando mostrar.

“Não cruzo o rio da irresponsabilidade fiscal.”

“Todos os níveis da federação devem se comprometer a não dar aumento salarial ao funcionalismo neste ano e no ano que vem; essa é a contrapartida que o Senado tem a responsabilidade de pedir”, afirmou o ministro.

Ele disse que poderia exigir que os servidores públicos tivessem uma redução de jornada e de vencimentos de 30%, já que estão todos em casa, mas que isso causaria perda no poder de compra de todos, o que não é o que deseja no momento. Para o ministro, o congelamento de salários do funcionalismo público é a terceira torre a destruir para que o Brasil continue a crescer. A primeira foi a queda dos juros, a segunda foi a Reforma da Previdência e, agora, chegou a vez do funcionalismo, que, de acordo com ele, chegou a ter aumentos de até 50% nos últimos dois anos e pode ficar o mesmo período sem o acréscimo.

Indagado, ao final da entrevista, sobre uma possível Reforma Tributária, o ministro foi enfático:
“Não queremos aumentar os impostos. Acreditamos que o Brasil tem impostos demais, é um cipoal, é um manicômio tributário! O Brasil é hostil aos empreendedores, é hostil à criação de empregos. Inclusive, não desisti de atacar o problema de impostos sobre a folha de pagamento”.
Paulo Guedes também disse que pode empurrar a dívida bruta para cima e continuar a estratégia que deu certo no ano passado, com a desalavancagem de bancos públicos e vendas de reservas para diminuir o endividamento do país. E avisou que no segundo semestre já quer retomar a segunda onda de privatizações para sair melhor do lado de lá da crise do que entrou.
 
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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