Aos 30 anos de idade fui contratado para fazer um diagnóstico do setor, analisando umas 30 empresas pesqueiras que tínhamos na época, e fiz uma curiosa constatação.
Todos os demais setores da economia brasileira obtinham entre 20 a 30% de seu capital de giro de crédito de fornecedores.
Que davam 120 a 150 dias de crédito aos seus clientes.
Era por isso que os impostos também tinham prazos de 120 a 150 dias para pagar, para respeitar o fluxo de caixa da produção.
Acontece que o Setor de Pesca era o único que não tinha fornecedor.
“O Rei Netuno não dá prazo de crédito”, dizia eu nesse estudo.
Por isso nossos pescadores eram obrigados a vender sua produção à vista para grandes atacadistas, que se aproveitavam dessa falta de capital de giro.
Por isso esse setor permanece estagnado até hoje, vivendo de subsídios e mais subsídios, criaram até um Ministério da Pesca para administrá-los.
Triste desse país é o total desconhecimento de como nossas empresas funcionam, não por parte do nosso governo e nossos intelectuais, mas da população em geral.
Achamos que é a “taxa de juro” ou “investimento em infraestrutura” que move a economia, as peculiaridades de cada setor é “detalhe microeconômico”.
Estudos Setoriais sequer existem porque os que fazíamos não eram lidos.
Nem os funcionários desses setores queriam saber melhor quais as perspectivas futuras do setor em que trabalhavam.
No Brasil aceita-se emprego sem estudar previamente o setor no qual se pretende devotar, digamos, 10 anos da nossa vida.
Nem sequer analisam os demonstrativos financeiros das empresas onde irão trabalhar.
Estão mais interessados “nos meus direitos” e o salário inicial ofertado, e não nas perspectivas futuras da empresa ou do setor.
Depois reclamam porque estão estagnados profissionalmente, em empresas e setores que têm problemas que jamais lhes permitirão desenvolver e crescer.
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