Foto: Estadão
Jair Bolsonaro foi esfaqueado no dia 6 de setembro de 2018
Um dos mais lamentáveis episódios da política brasileira
completa um ano na próxima semana. De acordo com a coluna Estadão, quem
convive com Jair Bolsonaro diz que ele nunca mais foi o mesmo depois da
facada: o ataque desferido por Adélio Bispo naquele 6 de setembro deixou
marcas profundas no presidente e o receio permanente com a aproximação
de fãs e apoiadores em agendas previamente divulgadas, sempre uma
oportunidade para ataques planejados. O presidente mantém o ímpeto de se
misturar com o povo, mas, com frequência, ele mesmo se contém, diz um
auxiliar. Recentemente, Bolsonaro decidiu entrar na arena da Festa do
Peão de Barretos, interior de SP. Foram minutos de tensão da equipe de
segurança, afirma a publicação. No entorno de Jair Bolsonaro, quase
ninguém está convencido com a conclusão do inquérito da Polícia Federal
de que Adélio Bispo, com transtornos mentais, agiu sozinho. Os mais
próximos enxergam “muitos indícios” no sentido contrário. Um ano após a
tentativa de homicídio, o mundo da política ainda se pergunta: qual foi a
importância do episódio na vitória de Jair Bolsonaro? Não há consenso
se ele foi ou não determinante, mas é certo que teve grande peso.
“Bolsonaro saiu de 20% para 30% das intenções de voto nos sete dias após
a facada. Esse crescimento foi ainda maior entre os que responderam que
viram alguma notícia sobre o fato e o avaliaram como ‘inaceitável”’,
aponta Felipe Nunes, da Quaest Pesquisa e Consultoria. “Depois da
facada, a campanha negativa contra Bolsonaro cessa espontaneamente; os
43 segundos de programa eleitoral dele se transformam em 24 horas de
cobertura e o fã-clube do candidato ganha conteúdo emocional para
multiplicá-lo nas redes”, completa Nunes. Carlos Mello, cientista
político, diz que a eleição de Bolsonaro se deu por conjunção de
fatores: “A facada teve importância ao vitimizar o candidato que pôde,
desde então, se agarrar à teoria conspiratória. Mas não creio que o
episódio foi determinante para a vitória dele”.
Estadão
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