MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 29 de setembro de 2019

PF investiga o Pros, partido que comprou helicóptero para seu presidente


Resultado de imagem para euripedes jr. e o helicoptero
Eurípedes Júnior usa o helicóptero para percorrer apenas 58 km
Alexandre de Paula
Correio Braziliense

Gastos milionários do Pros com candidatos a deputado distrital na campanha de 2018 são foco da mira da Polícia Federal, que abriu inquérito para investigar supostos desvios e superfaturamento cometidos pela sigla nas eleições do ano passado. A apuração tem como base o caso da concorrente a distrital Marizete Pereira. Ela é, conforme revelou o Correio em fevereiro, um dos 33 candidatos do partido que receberam juntos R$ 5,7 milhões em material gráfico, segundo as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Somados, eles conquistaram apenas 11,9 mil votos.
Muitos deles, como Marizete, negam ter recebido o recurso e acusam a direção da legenda de desviar os valores, oriundos dos fundos Partidários e Financiamento Especial de Campanha.
FARTURA TOTALO gasto médio da sigla com cada um dos 33 candidatos foi de R$ 172 mil. A fartura dos itens, custeados por recursos públicos, é tamanha que seria possível estampar por três vezes todos os 1,7 milhão de automóveis da capital federal com os 6 milhões de adesivos que a legenda diz ter confeccionado, em gráfica própria, para os concorrentes.
O inquérito policial foi aberto pouco tempo depois de o desembargador Telson Ferreira, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), expedir, em agosto, mandados de busca e apreensão para a sede do partido, no Lago Sul, e para a gráfica da legenda, em Planaltina de Goiás. O Ministério Público se manifestou, no processo, solicitando que o material apreendido fosse encaminhado para a PF. Os documentos que autorizaram a abertura do inquérito estão sob sigilo.
O Correio obteve, com exclusividade, cópia do termo do depoimento à PF do secretário nacional de Multiculturalismo e Igualdade Racial da legenda, Edmilson Boa Morte. Ele coordenou as campanhas do Pros no DF em 2018.
CULPA DO PRESIDENTEO secretário negou qualquer envolvimento direto com os desvios, mas confirmou o esquema e detalhou de que maneira as supostas irregularidades seriam cometidas pelo presidente do partido, Eurípedes Júnior.
Segundo o depoimento de Boa Morte, Eurípedes solicitava que a tiragem registrada no material de campanha fosse muito superior à que de fato era produzida. Além disso, ele confirmou, ao depor, que os produtos gráficos recebidos por Marizete Pereira e outros candidatos foram muito menores do que os declarados posteriormente nas prestações de contas.
Assim como Marizete, candidatos relatam ter sofrido coação para assinar a prestação de contas supostamente adulteradas. É o caso de Adriana Lourenço, 49 anos. Cega, ela relatou ter assinado a prestação de contas sem saber o conteúdo real.
VERSÃO DIGITAL Integrantes do Pros não disponibilizaram para a candidata cega a versão digital, que poderia ser ouvida por meio de recursos de acessibilidade, tampouco descreveram a íntegra da documentação. Ela teria recebido R$ 154 mil do partido em material gráfico. Teve 190 votos e nega ter gasto valores tão altos na campanha.
Também candidata, a datilógrafa Amazônica Brasil, 54 anos, alertou Adriana da possível adulteração. Ela, no entanto, diz ter assinado a prestação de contas por medo.
De acordo com o depoimento de Boa Morte, o esquema de desvios do Pros nas eleições do ano passado vai além do superfaturamento de material gráfico. Segundo ele, a sigla inflou valores repassados aos candidatos com cartões de crédito, usados sobretudo para bancar despesas de pessoal e de combustível. O número seria, conforme o secretário, muito mais alto do que o valor a que os candidatos, de fato, tiveram acesso.
ESQUEMA MAIOR Os cabos eleitorais seriam, segundo ele, a chave para um esquema de laranjas e desvios dos valores. Isso porque, na maioria dos recibos, constaria o nome e os dados de pessoas que jamais trabalharam nas campanhas de fato. Além disso, a maioria dos candidatos, diz o secretário, não teria usado os cartões para esse tipo de pagamento.
O ex-senador Hélio José, que concorreu a deputado federal pelo partido, está entre os intimados para depor pela Polícia Federal. Na prestação de contas dele, se destacam os gastos com pessoal.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a presidência do Pros afirmou que tem segurança acerca da lisura dos atos e de que todos procedimentos, mesmo com inovação, respeitaram as premissas legais. “Porém, o partido ainda não teve total acesso aos autos para responder mais detalhadamente”, diz o texto.
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