Só dá reclamação, insuflada também pelo elefante branco que é a ONU, mas
soluções ninguém aponta. Artigo de Ben Shapiro, editor de hirbak e
apresentador de programa na TV norte-americana, publicado pela Gazeta:
Em julho, Adam Grant, psicólogo da Wharton Business School, tuitou:
“Pautas políticas não são motivadas por problemas. Elas são motivadas
por soluções. Dizer o que está errado sem propor formas de solucionar [o
problema] nada mais é do que reclamar”.
Nesta semana, a reclamação esteve em alta.
As reclamações foram feitas sobretudo por menores entusiasmados, sob o
aplauso barulhento dos políticos democratas e da imprensa.
Greta Thunberg, ativista sueca de 16 anos, apareceu diante do comitê
climático da ONU para repreender os adultos usando termos catastróficos
geralmente reservados a filmes B de desastres: “Vocês roubaram meus
sonhos e minha infância com suas palavras vazias. (...) É o começo de
uma extinção em massa e vocês só falam em dinheiro e contos de fada de
crescimento econômico eterno. Como vocês ousam?”
Numa manifestação no fim de semana, um estudante disse: “Nosso futuro
corre perigo”. Outro estudante disse: “Seremos a última geração a
sobreviver”.
Claro que isso é uma bobagem. Não seremos a última geração a
sobreviver. O mundo continuará girando. Os danos das mudanças climáticas
são incertos – podem ser moderados e podem ser graves. Mas sugerir,
como fizeram os manifestantes, que o mundo acabará se não AGIRMOS! (sem
que nenhuma ação específica seja recomendada) é uma mentira factual.
Todo esse “ativismo” levou o ex-presidente Barack Obama a tuitar suas
palavras de sabedoria: “um problema definirá o futuro dos jovens de
hoje de uma forma dramática: as mudanças climáticas. Os milhões de
jovens que se organizaram e participaram da #Grevepeloclima exigem que
se tome uma atitude para proteger nosso planeta, e eles merecem isso”.
De que atitude ele está falando? E por que a esquerda quer tanto
estar por trás de crianças para apoiar sua causa, da mesma forma que
fizeram quanto ao controle de armas depois do massacre de Parkland, na
Flórida?
Talvez seja porque não esperamos que as crianças tenham as soluções.
Afinal, elas são crianças. Mas adultos que se escondem por trás de
crianças para evitar discussões difíceis que precisam ocorrer para que
se encontre soluções nada mais são do que covardes morais.
Ao mesmo tempo em que políticos de esquerda estão celebrando essas
crianças e elogiando-as pela espontaneidade, as Nações Unidas não estão
fazendo nada pelo problema das mudanças climáticas. Isso porque os
principais poluentes do planeta não estão no Ocidente. Os maiores
poluentes são a China e Índia. E, como relatou o New York Times, “apesar
das manifestações nas ruas, a China não prometeu tomar nenhuma atitude
para enfrentar as mudanças climáticas”.
Adolescentes ocidentais gritando diante das câmeras não convencerão o
presidente chinês Xi Jinping a diminuir as emissões de carbono e a
participar de uma tributação mundial sobre o carbono. Ora, os
adolescentes de Hong Kong que fecham os aeroportos não são capazes nem
de convencê-lo a não violar tratados internacionais.
O fato é que reclamar sem propor soluções é inútil – ao menos para
quem está interessado em resolver os problemas. É apenas autoindulgência
política, criada para tornar as soluções mais difíceis graças à união
da condenação moral à impraticabilidade política. Isso apenas deixa as
pessoas frustradas com o “sistema”, já que essa autoindulgência sugere,
equivocadamente, que na essência do problema está uma apatia cruel – uma
apatia direcionada às crianças — e não um sério impasse político. É
algo que divide, e não une, que polariza e não age.
Mas talvez este seja o objetivo, ao menos para os adultos que se
aproveitam de crianças para esconderem sua própria indisposição em
reconhecer a difícil realidade daqueles que buscam soluções.
Ben Shapiro é apresentador do "The Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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