Diversas pesquisas citadas em detalhes no livro apontam que filhos de
casais gays têm maior abstenção escolar e pior desempenho no estudo,
aponta o professor Walter R. Schumm. Texto de Gabriel de Arruda Castro
para a Gazeta do Povo:
Poucas vezes a
opinião pública americana mudou tão rapidamente sobre um assunto tão
relevante. Em uma década, a defesa do casamento gay passou de anátema a
posição dominante na cultura nacional. A reviravolta, imposta sobretudo
por decisões judiciais em todos os níveis, foi acelerada por uma série
de pesquisas acadêmicas que pareciam apontar para um consenso:
acadêmicos garantiam que não havia um estudo sequer comprovando qualquer
malefício para crianças adotadas por um casal gay.
Mas para Walter R. Schumm esse consenso não existe.
Doutor em estudos da
família e professor da Universidade do Estado do Kansas há 40 anos, ele
acaba de lançar um livro em que revisa minuciosamente os estudos que os
próprios defensores do casamento e da adoção gay usam para sustentar sua
posição. A obra “Same-Sex Parenting Research: A Critical Assessment”,
ainda não traduzida para o português, chega a ser entediante pela forma
como o autor enfileira citações de artigos acadêmicos. Durante dez anos,
ele localizou cerca de 400 estudos que tratam do tema. Leu um a um. A
conclusão foi a de que, em alguns quesitos, o consenso propalado pelas
alas mais engajadas da academia era falso.
Dentre os problemas
listados por Schumm e acobertados por boa parte dos pesquisadores estão
amostras pequenas demais, ausência de um grupo de controle, o viés de
desejabilidade (as pessoas respondem o que acham que os outros querem
ouvir) e o viés de seleção (como, por exemplo, a seleção de voluntários
entre os militantes da causa LGBT, não na população geral).
Mesmo eliminando estudos que não tinham rigor estatístico, o professor encontrou dados que contrariam a tese majoritária.
De início, um dos
números que a obra questiona é o de que existiriam entre 3 e 28 milhões
de crianças vivendo com pais homossexuais. Ele demonstra que o total
real, com base nas estimativas mais confiáveis, está entre 200 mil e 400
mil. Isso, afirma o pesquisador, comprova que os grupos ativistas
inflaram os números para aumentar a pressão por uma mudança nas
políticas públicas.
Drogas e desempenho escolar
O livro também
demonstra que, para as crianças, as consequências de serem criadas por
pais homossexuais não são insignificantes, ao contrário do que diz o
propalado consenso. Por exemplo: todos os seis estudos tratavam da
relação entre os pais do mesmo sexo e o uso de drogas e álcool tiveram
resultados preocupantes. A análise mais consistente, feito pelos
pesquisadores Nanette Gartrell, Henny Bos e Naomi Goldberg, mostrou que a
taxa de consumo de drogas era de 21% entre filhos de casais
heterossexuais, contra 60% dos jovens criados por casais do mesmo sexo.
No aspecto
educacional, a criação por uma família tradicional também parece ter
efeito. Diversas pesquisas citadas em detalhes no livro apontam que
filhos de casais gays têm maior abstenção escolar e pior desempenho no
estudo.
Além disso, uma
pesquisa conduzida por Theodora Sirota concluiu que filhas de pais
homossexuais têm onze vezes mais chances de se tornarem lésbicas em
comparação com as filhas de pais heterossexuais. Outra pesquisa
conduzida por Ronit Zweig encontrou uma diferença ainda maior: o índice
de jovens homossexuais era de 1,9% entre os filhos de casais
tradicionais e de 25% para os criados por casais gays.
“Estou desapontado
que tantos tribunais americanos tenham sido enganados para aceitar como
válidas pesquisas que eram enviesadas e incompletas. (…) Numerosos
estudos que seriam inconvenientes com a hipótese de que não há diferença
[entre pais homossexuais e heterossexuais] foram menosprezados ou
ignorados”, afirma Schumm na obra.
Verdade conveniente
O livro não é
taxativo ao apontar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo tem
efeitos negativos permanentes e inevitáveis. Mas lança suspeitas de que a
academia se aliou a políticos e juízes para fabricar uma verdade
conveniente a serviço da causa gay.
Schumm só vai até
onde os dados permitem. Ele concorda não haver indícios de que a criação
por pais do mesmo sexo aumente o risco de transtornos mentais na
criança. Ao analisar a relação entre homossexualidade e abuso sexual,
por exemplo, diz que não é possível concluir que essa população é mais
propensa a cometer abusos. Ele questiona, entretanto, a razão de não
haver estudos sobre o tema.
No cômputo geral, o
ceticismo de Schumm sobre a profusão de estudos usados como munição para
os militantes LGBT é saudável porque se baseia no apreço a uma ciência
rigorosa, estatisticamente bem fundamentada.
Em 2016, o escritor e
ativista LGBT Nathaniel Frank proclamou: “O debate científico sobre as
políticas de parentalidade gay está encerrado e o tratamento igualitário
venceu”. A obra de Schumm mostra que Frank pode ter comemorado cedo
demais.
O próprio Schumm,
entretanto, não acredita que o cenário legal seja alterado: “Minha maior
esperança não é de que o casamento entre pessoas do mesmo sexo seja
declarado ilegal, ou de que a adoção por casais do mesmo sexo seja
banida (no fim das contas, novas leis são raramente revertidas ou
anuladas), mas de que talvez algumas pessoas aqui e acolá serão
desafiadas a pensar com mais cuidado sobre a pesquisa científica em
áreas de controvérsia política", conclui o autor.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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