Deu na Folha
Os partidos do chamado “centrão” discutem a aprovação de uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, afirmou Paulinho da Força, deputado federal pelo Solidariedade e ligado à Força Sindical. “[Uma economia de] R$ 800 bilhões, como ele [Bolsonaro] falou, garante de cara [a reeleição do presidente]. Nos últimos três anos de mandato ele teria R$ 240 bilhões para gastar, ou seja, garantiu a reeleição”, afirmou, nesta quarta-feira (1º).
Paulinho deu a declaração no Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo, durante ato do 1º de Maio. Segundo ele, é preciso desidratar a economia com a reforma para algo em torno de R$ 500 bilhões.
NINGUÉM QUER – “Com esse discurso, tenho certeza que a gente traz todo mundo do centrão, porque ninguém quer a reeleição do Bolsonaro”, disse Paulinho.
Para ele, não há força suficiente para derrotar a reforma. “Se não temos força para parar, a rua nos dá força de negociação para fazer uma reforma justa, que garanta direitos e combata privilégios.”
O deputado disse também que trabalha para ganhar tempo na tramitação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Previdência. “Quanto mais tempo a gente ganhar, mais gente fica contra”, afirmou.
MUITAS CRÍTICAS – Falando do palco, políticos de diversos partidos de esquerda criticaram a reforma da Previdência, projetos de privatização do governo, o fim da política de aumento real do salário mínimo e a proposta de carteira verde e amarela.
Candidato do PT derrotado por Bolsonaro na corrida presidencial, Fernando Haddad disse que o momento é de unidade “contra os desmandos desse governo”. Para ele, não há diferença entre as medidas que Michel Temer tentou adotar e as propostas de Bolsonaro. “É a mesma agenda econômica”, disse.
Guilherme Boulos, da Frente Povo Sem Medo, afirmou que é um escândalo a liberação pelo governo de R$ 40 milhões em emendas aos deputados que votarem a favor da reforma. A iniciativa foi relevada pela Folha.
REFORMA DE RICO – “Era para fazer reforma tributária para rico pagar imposto, não para atacar o aposentado” afirmou Boulos, dizendo ainda que o ato desta quarta-feira é um “exemplo de unidade” para a construção da greve geral de 14 de junho. Segundo a organização, a ideia é que serviços como de trens, metrô e ônibus paralisem na data.
A Prefeitura de São Paulo foi copatrocinadora do ato, mas o prefeito Bruno Covas (PSDB) não deve comparecer, segundo a assessoria de imprensa da CUT.
Pela primeira vez na história, as principais centrais do país celebram a data em ato unificado. As entidades organizam uma greve programada para 14 de junho.
CONTRA A GREVE – A UGT, segunda maior central, porém, não apoia a paralisação. “Sou contra a greve geral, sou a favor do diálogo, por isso fui falar com o Bolsonaro. Acho que greve é um instrumento constitucional, mas só deve ser utilizada quando o diálogo for exaurido”, disse Ricardo Patah, presidente da central.
O encontro, realizado na última segunda-feira (29), foi noticiado pela coluna Painel S.A. O sindicalista foi pedir equilíbrio ao presidente no que ele chama de um movimento para extinguir os sindicatos por parte do governo.
As centrais se uniram também por questões financeiras. O fim do imposto sindical, determinado pela reforma trabalhista de Michel Temer, em 2017, e uma Medida Provisória deste ano alterando o pagamento da contribuição sindical comprometeram o caixa das entidades.
Paulinho da Força disse que trabalha para deixar caducar a MP 873 de Bolsonaro, que proibiu o desconto em folha da contribuição sindical. Uma medida provisória tem 120 dias para virar lei, se não perde a validade. Segundo o deputado, restam 58 dias para que isso aconteça e ainda não foi instalada comissão especial para analisar o texto.
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