Foto: Yves Herman/Reuters
A União Europeia quer "manter e aprofundar" a "parceria estratégica" com o Brasil.
A União Europeia quer “manter e aprofundar” a “parceria
estratégica” com o Brasil. Numa carta enviada ao presidente eleito Jair
Bolsonaro, o bloco insiste ainda em relembrar o novo mandatário que a
cooperação entre Bruxelas e Brasília também inclui temas como direitos
humanos e meio ambiente, assuntos que têm o potencial de criar certo
desconforto para a futura diplomacia local. “Em nome da União Europeia,
parabenizamos pela sua eleição como presidente da República Federativa
do Brasil”, diz o texto assinado pelo presidente da UE, Donald Tusk, e
pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. “A UE e o
Brasil têm uma parceria estratégica de longa data, o que ajudou a
desenvolver uma ampla cooperação em assuntos bilaterais e multilaterais
de interesse comum, como no comércio, ciência e tecnologia, sociedade da
informação, defesa e segurança, proteção ambiental e direitos humanos”,
disseram os líderes europeus. Ao longo de sua campanha, Bolsonaro
insinuou que poderia rever a participação em acordos de meio ambiente e
criticou a defesa dos direitos humanos. “Estamos prontos para continuar e
fortalecer essa parceria durante sua presidência para o benefício de
nossos cidadãos, incluindo no contexto das negociações em curso entre o
Mercosul e UE”, apontaram. A insistência em tocar no assunto comercial
não ocorre por acaso. O Estado apurou que existe uma preocupação real da
UE de que, uma vez no comando, Bolsonaro opte por dar preferências ao
eixo de comércio com os EUA. Em entrevista à Band, o presidente eleito
afirmou que ‘Países podem comprar no Brasil, mas não comprar o Brasil’.
Nesta semana, uma reunião está marcada para ocorrer em Bruxelas na
esperança de tentar um último esforço para um acordo entre os dois
blocos, antes do final do atual governo brasileiro. A transição no
Brasil é um fator que pode prejudicar o andamento do processo. Mas,
ainda assim, os negociadores tentam costurar um entendimento para
“engessar” a política externa de Bolsonaro com a UE e manter um acesso
privilegiado para produtos europeus. Nesta segunda-feira, 5, governo do
Egito adiou, sem previsão de nova data, uma visita oficial que o
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os
dias 8 e 11 próximos. No período, ocorreria também um encontro entre
representantes do setor privado dos dois países. Vinte empresários
brasileiros já se encontram no país e precisarão retornar sem que sejam
realizadas as rodadas de negócios. Oficialmente, o governo egípcio
informou que o adiamento “sine die” foi necessário por causa de
compromissos inadiáveis das altas autoridades do país. Aloysio ia
encontrar-se com seu contraparte, o ministro Sameh Shoukry, e o
presidente, Abdel Fattah el-Sisi. Nos bastidores, porém, sabe-se que a
verdadeira causa foi o anúncio, por Bolsonaro, da decisão de mudar a
embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida
significa um alinhamento do País com Israel e o abandono de uma posição
de equilíbrio mantida por décadas pela diplomacia brasileira. Os países
árabes, quinto destino das exportações brasileiras, apoiam a Palestina e
deixaram clara sua discordância com a medida.
Estadão Conteúdo
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