A situação
do condenado continuará a mesma até o final das eleições, dizem
ministros do STF ouvidos pelo Globo. Também não há chance de vingar a
tentativa de obter prisão domiciliar para Lula:
Em
agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) volta a funcionar depois de um
mês de recesso. A esperança dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva é que o plenário liberte o petista e autorize sua
candidatura. O tribunal deve julgar o pedido, feito ao apagar das luzes
de junho. Mas, na avaliação de ministros do Tribunal, não deve haver
votos suficientes para alterar a condição atual do petista. Também não
haveria muita chance de vingar o pedido de prisão domiciliar ao
ex-presidente.
Para
ministros do STF, a situação do ex-presidente permanecerá a mesma até o
desfecho das eleições porque a Corte não quer ser um fator de
instabilidade política nem ser acusada de interferir no processo
eleitoral. Soltar Lula em agosto, a dois meses do pleito, seria uma
forma de provocar reviravolta no quadro político brasileiro, avaliam os
magistrados.
As
brigas internas na defesa de Lula também influenciaram negativamente a
avaliação dos ministros da Corte sobre o ex-presidente. O escritório de
Cristiano Zanin, contratado pelo petista desde o início do processo
penal, e o escritório do ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence, que
chegou ao caso depois, entraram em conflito. Pertence pediu ao STF a
prisão domiciliar de Lula, mas o escritório de Zanin não tinha sido
consultado sobre esse assunto e discordou da medida publicamente.
Pertence se irritou e chegou a anunciar a saída da defesa de Lula, o que
ainda não ocorreu.
Para os
magistrados, o episódio deixou no ar um clima de que o pedido de
liberdade não tinha legitimidade, uma vez que os próprios advogados
discordavam entre si. Pertence foi ministro do STF e tem bom trânsito
entre os atuais integrantes da Corte. Quando atuava no caso, conversava
com frequência com o relator do processo, o ministro Edson Fachin.
Prestes a assumir a presidência do STF, em meados de setembro, o
ministro Dias Toffoli também não tem intenção de pautar novo julgamento
sobre o início da execução da pena para condenados em segunda instância. O temor na Corte é o mesmo: contaminar o processo eleitoral. Afinal, falar do tema às vésperas da eleição é falar de Lula.
Outra
possibilidade de Lula ser libertado é por uma liminar do Superior
Tribunal de Justiça (STJ). Lá, o relator da Lava-Jato é o ministro Felix
Fischer – que, até agora, tem negado todas as apelações da defesa do
petista. Se nada de novo acontecer, ele deve continuar agindo da mesma
forma. Portanto, o placar 6 a 5 contra Lula cravado no julgamento de
outro habeas corpus em abril tem tudo para se repetir no plenário do STF
em agosto.
Ministros
do STF não descartam, porém, que o processo sobre prisão de condenados
em segunda instância e novo pedido de liberdade de Lula seja julgado
novamente depois de outubro. Sem a pressão do processo eleitoral, a
Corte ficaria mais à vontade de tratar do assunto, sem chamar tanto a
atenção para si.
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