Cai o apoio das redes à
greve, que agora "parece estar sendo sequestrada por grupos políticos,
tanto da direita quanto da esquerda". Artigo de Merval Pereira, via
jornal O Globo:
As pesquisas já
começam a registrar uma queda no apoio da população à assim chamada
greve dos caminhoneiros, que teve uma participação clara das grandes
transportadoras, e agora parece estar sendo sequestrada por grupos
políticos, tanto da direita quanto da esquerda.
O presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes,
disse que pessoas “que querem derrubar o governo” continuam a greve, não
os caminhoneiros, com “ameaças de forma violenta”. A Polícia Federal
também está investigando agentes políticos infiltrados entre os
grevistas, que já deveriam ter voltado ao trabalho depois que o governo
atendeu todas as reivindicações da classe e mais as dos patrões.
A Medida Provisória
832 que cria a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de
Cargas estabelece a tabela mínima para o frete, que será definida por
representantes das cooperativas de transporte de cargas e dos sindicatos
de empresas e de transportadores autônomos. Para a fixação dos preços
mínimos serão considerados os custos do óleo diesel e dos pedágios.
A MP 831 define que a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) contratará transporte
rodoviário de cargas, com dispensa do procedimento licitatório, para até
30% da demanda anual de frete da empresa. Essa medida favorece mais as
grandes transportadoras do que os caminhoneiros autônomos.Aos pequenos
sobram os carretos sem grandes distâncias e, principalmente, não
participam das grandes operações tipo Conab dizem especialistas que são
meros coadjuvantes.
Assim como a
desoneração das folhas de pagamento, pois autônomo não tem empregados.
Na verdade, o que teria que aumentar é o frete, dizem os especialistas,
pois como a oferta de caminhões está maior, devido aos incentivos
concedidos nos governos Lula e Dilma para a compra de caminhões, há uma
natural tendência de baixa do valor dos fretes.
Não há controle de
preços no frete. O que os transportadores querem é uma proteção oficial
para manter seus lucros. Se o preço for estabelecido pelo governo, a
qualidade, a pontualidade, o serviço em si não precisarão melhorar.
Os petroleiros
liderados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical
do PT, procuram aproveitar o vácuo da greve dos caminhoneiros que está
terminando para politizar a situação com uma greve marcada para o
feriadão que se avizinha.
O fato é que se dizia
que se Lula fosse preso, o país pararia. O próprio ex-presidente, no
discurso de despedida no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, orientou que
as paralisações de estradas com pneus queimados continuassem, assim
como invasões pelo MST e MTST.
Não aconteceu nada de
mais importante além do acampamento em frente à sede da Polícia Federal
em Curitiba, já desmobilizado para alegria dos vizinhos, que não serão
mais acordados com um “bom dia” gritado pelo megafone. E talvez até
mesmo Lula esteja aliviado.
Durante a greve dos
caminhoneiros, que realmente pararam o país, não houve um “Lula Livre”
sequer entre os grevistas. Ao contrário, houve, mesmo minoritários,
apelos por intervenção militar. À medida que as demandas estão sendo
atendidas, a possibilidade de aproveitamento político do movimento vai
caindo, e fica mais fácil verificar quem está se aproveitando da
situação de fragilidade do governo para fazer ação política.
O governo ficou mais
abalado em sua credibilidade do que já estava, é verdade, e errou feio,
do início ao fim,mas, a pouco mais de quatro meses da eleição, e como
não estamos no parlamentarismo, não tem sentido pedir a renúncia do
presidente e eleições antecipadas. Da mesma maneira que não cabia a
campanha de eleições já quando Dilma caiu e Lula ainda estava livre.
Puro oportunismo político.
A não ser que se
queira instalar o caos político no país. Nesse caso, a extrema direita e
a extrema esquerda estão unidas, com o mesmo objetivo, a tomada do
poder, evidentemente com motivos diferentes.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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