Por Folhapress
Aumentando o tom com relação à declaração conjunta amena divulgada após
a última reunião do Mercosul, no último dia 21, em Mendoza, o
presidente argentino, Mauricio Macri, disse nesta quinta (3) que a
Venezuela "deve ser suspensa definitivamente do Mercosul. É inaceitável o
que está ocorrendo neste país."
É a primeira declaração mais incisiva de um membro do bloco desde a
eleição da Assembleia Constituinte venezuelana, no último domingo (30).
"Como um país democrático, a Argentina tem a posição definida de que a
Venezuela deve ser suspensa do Mercosul", disse Macri no Twitter. "Vamos
retirar de Nicolás Maduro a Ordem do General San Martin, pela violação
sistemática de seu governo aos direitos humanos". Em Mendoza, tanto o
Brasil como a Argentina e o Paraguai quiseram um texto final da cúpula
que colocasse mais pressão contra Maduro.
O Uruguai, porém, foi contra, entre outros motivos porque o presidente
do país, o socialista Tabaré Vázquez, tem em seu Congresso uma maioria
de sua aliança, a Frente Ampla, que está a favor de uma solução
negociada e sem a aplicação de sanções ou de ações mais duras contra o
país caribenho.
Nesta quinta-feira (3), em Mar del Plata, Macri expressou preocupação
renovada após os eventos do fim de semana e chamou à ação os outros
países da região.
"Estamos alcançando um consenso em toda a América Latina e no mundo em
geral de condenar o governo venezuelano, acrescentou. "A vida dos
venezuelanos perdeu o valor. Deixou de ser uma democracia e os direitos
humanos estão sendo violados sistematicamente", disse.
Em Mendoza, havia ficado acertado que se daria início a um "período de
consultas" que começaria com um convite a Maduro e a representantes da
oposição venezuelana a irem ao Brasil -que exerce a presidência pro
tempore do bloco- para iniciar essas consultas. Até agora, isso não
aconteceu, colocando o Mercosul numa posição de espera diante do próximo
passo.
COLÔMBIA
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também criticou nesta
quinta-feira (3) a votação convocada pelo governo Maduro. Para ele, a
Constituinte é a culminação da "destruição da democracia na Venezuela".
Ele voltou a afirmar que Bogotá não irá reconhecer suas decisões.
Além da Colômbia e da Argentina, outros sete países anunciaram que não
reconhecerão a Assembleia Constituinte: Canadá, EUA, Costa Rica,
Guatemala, México, Panamá e Peru. Também rejeitaram a votação a Espanha e
o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis
Almagro.
O Itamaraty declarou que a eleição "viola o direito ao sufrágio
universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a
ruptura da ordem constitucional".
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