Folha
O resultado da eleição extra no Estado do Amazonas é o primeiro alerta real, pesquisas à parte, sobre o estado de ânimo do eleitorado: o público não está gostando nada dos políticos que tem à disposição. Números que comprovam o alerta vermelho: 43% dos votantes preferiram não votar em ninguém, se contabilizadas a abstenção, os votos nulos e os brancos. Consequência: o segundo turno, concebido para permitir a instalação de um governante com maioria clara, produziu um governador (no caso, Amazonino Mendes, do PDT) com apenas 33% dos votos possíveis.
O ex-governador, de volta ao cargo, teve 775 mil votos em um eleitorado de 2,337 milhões.
EM SEGUNDO LUGAR – Só os que fugiram das urnas, preferindo a abstenção, foram 595 mil, mais do que os votos dados a Eduardo Braga (PMDB), o adversário de Amazonino, que ficou com 531 mil votos.
É claro que não dá para extrapolar o resultado do Amazonas para o conjunto do Brasil. É apenas um primeiro sinal. Até porque, quando se fala tanto em nomes novos para a política, eis que o Estado teve que decidir entre duas figuras antigas, típicas representantes do que há de mais velho na deformada política brasileira.
É bom levar em conta que, na eleição presidencial de 2014, já ocorrera um “não” maciço aos dois finalistas, Dilma Rousseff e Aécio Neves: 30 milhões de eleitores não se deram ao trabalho de comparecer às urnas (21%) do total. Com votos branco e nulos, o total do “não” aos candidatos chegou a quase 28%.
SEM MAIORIA – Consequência inescapável: como no Amazonas agora, na eleição presidencial de 2014, a vencedora, em vez da maioria nítida que o segundo turno deveria proporcionar, ficou com apenas 38% do eleitorado (54,5 milhões em 141,8 milhões).
É óbvio que o fracasso da gestão Rousseff mais a sucessão de escândalos que estourou a partir de 2014 só podeM ter levado ao desencanto/irritação do eleitorado.
O Amazonas é uma primeira e pequena amostra desse estado d’alma. Resta saber se o mundo político tomará nota dele. Se você quer saber, eu duvido.
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