MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Temer desdenha do bom senso diariamente


| por Luiz Fernando Lima*
O governo Michel Temer continua dando motivos para a sociedade odiá-lo. Não é aquele ódio que provoca reações maciças, como podem ser vistas nas vazias avenidas em dia de manifestações e como podem ser ouvidas no silêncio ensurdecedor das varandas privadas de panelaços.
O presidente peemedebista é extemporâneo. Vive numa excrecência palacial sem nenhuma interseção com a realidade objetiva das pessoas. Mas ele não precisa se preocupar com as inúmeras variáveis que afetam aqueles que buscam voto nas urnas. As declarações, ações e métodos demonstram o quão distante ficou o ente político que comanda a nação daqueles que pagam a fatura diária para sobreviver.
O aumento da alíquota do combustível somado ao corte de R$ 5 bilhões no orçamento são apenas mais dois itens na lista que desafia a passividade do brasileiro. Nos últimos dois meses, para manter a coleira na base aliada, Temer derramou literalmente uma fortuna através de emendas. É um tipo de compra de voto explícita. Dinheiro bom, limpo, via orçamento não contingenciado, portanto, legal!
Mas voltemos ao aumento do combustível antes de seguir para outro lugar. Até porque a voracidade dos conglomerados de postos de gasolina é conhecida do cidadão. Seguir adiante em qualquer aspecto ficou ainda mais caro, muito caro, em Salvador a gasolina chegou a R$ 4,22.
Para uma classe média majoritariamente indignada com a ex-presidente deposta, Dilma Rousseff, é uma lição e tanto. Além de pagar juros exorbitantes em financiamento de carros, tem que pagar o seguro (não é recomendado tirar o carro da concessionária sem um seguro), além disso, paga caro num IPVA para transitar em avenidas remendadas com tapa-buracos ineficazes e agora, minutos depois do anúncio de aumento do imposto, paga mais pelo combustível muitas vezes adulterado, de péssima qualidade e misturado com etanol.
Mas isso não é razão para indignar-se, não é mesmo.  O que desafia a nossa capacidade de pensar é uma declaração que beira à insanidade: a população vai entender, diz o presidente do alto do púlpito cercado de gente que ri com o canto da boca e abastece os carros funcionais por meio de verbas indenizatórias em postos de combustível de amigos.
Mas o aumento da alíquota e o corte “seletivo” no orçamento não impactam apenas na sociedade. Temer, com mais este ato, manda recado para dois entes poderosíssimos: os políticos que o apoiam e o Mercado.
Subvertendo a lógica, como tem sido praxe deste governo, comecemos pelo Mercado, em caixa alta. Aos detentores de poder econômico o presidente peemedebista e seu staff dão o recado: a conta da crise econômica provocada pelo caos político gerado lá atrás não será paga por eles. Será paga pelo cidadão brasileiro que desconhece a burocracia, não acredita na política e pouco sabe sobre as possibilidades reais de como mudar o rumo das coisas.
Aos políticos da base, principalmente aqueles que pretendem chegar ao Poder, entre os quais se destacam representantes do PSDB, DEM e do próprio PMDB, Temer, em busca de sobrevivência, envia um torpedo demonstrando que o “desgaste” da popularidade será absorvido por ele que não terá outro destino político após a saída da presidência que não o ostracismo regado a muito mais do que R$ 9 milhões em previdência privada.
Com um índice de aprovação beirando os inflados 7%, o percentual real é certamente menor, Temer não se preocupa em fazer o oposto de todo político que quer sobreviver na política. Ora, só se toma medidas impopulares em começo de governo ou quando se tem “gordura” de bem-querer para queimar.
Não é o caso do ocupante do Palácio do Jaburu. Ele demonstra de forma clara que vai administrar o “remédio amargo” sem controlar a dosagem, pois os únicos que poderiam tirá-lo de lá são servidores do mesmo senhor Mercado e tendo pretensões políticas futuras é melhor deixar outro alguém se melar.
Outro dado interessante neste cenário é que embora pareça pura e simples perversidade, não é esta a leitura que estes atores fazem. O que fazem é na crença de que ajudando a Casa Grande a se manter erguida no cume da montanha, se ajuda também a senzala ou os habitantes dela.
E a classe média que paga caro para se manter “próxima” à elite paga conta e denuncia aqueles que “escaldados” buscam sair da fossa. É a classe que cumpre o papel de “capitão mato” açoitando quem está abaixo e se autoflagelando em cheque especial e financiamentos.
* Luiz Fernando Lima é editor do site BNews

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