Lula continua tão
boquirroto quanto no passado, quando, para infelicidade do país,
tornou-se o chefão do PT. Como diz editorial do Estadão, ele enxerga na
sua candidatura (vade retro!) a melhor maneira de escapar da prisão.
Permanece no palanque, menosprezando a inteligência e o discernimento
dos cidadãos:
A estratégia
lulopetista de sobrevivência está focada no quanto pior, melhor, que
visa a manter o Brasil paralisado e a crise econômica e social se
agravando. É uma lógica irresponsável e socialmente cruel, mas que
oferece aos salvadores da Pátria nostálgicos do poder – ou ameaçados
pela Justiça – o falacioso argumento de que é necessário lutar para que
“os trabalhadores continuem com os seus direitos”, como declarou Lula,
na quarta-feira passada, em entrevista a uma rádio da Paraíba. Na
entrevista, o ex-presidente até falou em conspiração, mas para levantar a
suspeita de que o governo norte-americano esteve por trás do
afastamento do PT do governo.
O chefão do PT, que
enxerga na sua candidatura à Presidência a melhor maneira de se livrar
da cadeia, está como sempre no palanque disposto a fazer pouco da
inteligência e do discernimento dos brasileiros. Em franca campanha,
sabe que eleições diretas serão realizadas, de acordo com a lei, em
outubro do ano que vem. Mas, para manter o discurso populista, continua
defendendo “Diretas Já”. Não será de estranhar, portanto, que, quando as
urnas se abrirem em outubro de 2018, proclamará tratar-se de conquista
sua. E insiste também no “Fora Temer”, para manter coerência com sua
própria história: com maior ou menor empenho, esteve por trás do “Fora
Sarney”, do “Fora Collor”, do “Fora Itamar” e do “Fora FHC”. Ou seja,
mesmo que outros sejam eleitos, só o PT tem legitimidade para governar o
País.
A quarta-feira
passada foi pródiga em oportunidades para o falastrão, que se proclama
“o homem mais honesto do País”, se comportar como se o Brasil não
tivesse passado pela experiência de tê-lo, e a sua pupila Dilma
Rousseff, na chefia do Executivo. Na entrevista à emissora paraibana,
Lula começou atacando o alvo preferencial do revanchismo petista, a quem
responsabiliza por todos os males que afligem os brasileiros: “Ninguém
quer mais o afastamento do Temer do que nós. Queremos a saída do Temer e
eleições diretas porque queremos fazer com que os trabalhadores
continuem com seus direitos”. Quer dizer: até a chegada de Lula ao
Planalto, os trabalhadores não tinham direitos. A partir de então o
Brasil tornou-se um campeão dos direitos civis, um verdadeiro
“protagonista internacional”: “Nenhum país conseguiu fazer o que o
Brasil fez em 12 anos. Acho que tinha interesse americano que o Brasil
não desse certo”. Aí vieram os “golpistas”, derrubaram Dilma e seguiu-se
o “governo ilegítimo” de Temer, que conspira contra os direitos dos
brasileiros e as eleições diretas.
Embora a estratégia
lulopetista de conquista e manutenção do poder tenha sido, desde sempre,
a de dividir o País em “nós” contra “eles” – uma reprodução tosca da
luta sindical da qual Lula copiou os fundamentos de sua ação política –,
o estadista de Garanhuns condenou na entrevista o clima de “ódio e
intolerância” que domina a política brasileira, atribuindo a
responsabilidade por isso, especialmente, a Michel Temer e Aécio Neves. E
acrescentou, em tom irônico, que ambos estão agora experimentando o
“próprio veneno”.
Na mesma
quarta-feira, ao falar em Brasília na solenidade oficial de posse da
senadora Gleisi Hoffmann (PR) na presidência nacional do PT, Lula partiu
para cima do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que “deve estar se
preparando para ser o próximo presidente da República como seguidor do
golpe, e não podemos achar que um golpista é melhor do que outro”. Logo,
se for o caso, “Fora Maia”. E emendou, como se as eleições diretas para
presidente tivessem sido abolidas: “A mudança que queremos é que o povo
brasileiro volte a ter o direito de escolher o seu presidente. Errando
ou acertando é o povo que tem o direito de tirar e colocar pessoas”.
É verdade. Errando ou
acertando, foi o povo quem elegeu Dilma Rousseff e seu vice, Michel
Temer, que agora é presidente porque os senadores e deputados nos quais o
povo votou livremente em 2014 cassaram o mandato da titular.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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