Paulo Tunhas escreve, no Observador,
sobre as presepadas socialistas em Portugal e sobre Darren Osborne, o
obscuro homem que atacou muçulmanos em "Londonistão". Isso pode ser
apenas o começo, tanto na Inglaterra quanto na Europa:
Quase ninguém falou,
em Portugal, de Darren Osborne, o homem de Londres. Percebe-se, é claro.
A tragédia dos incêndios ocupou as cabeças todas. A das pessoas comuns,
que se perguntaram e se vão continuar a perguntar como é que uma coisa
assim foi possível e como foi possível uma tal impreparação e
desorganização por parte do governo de António Costa. E a dos
oportunistas máximos, os apoiantes desse mesmo governo, que deram as
voltinhas todas, Maduros da nossa Venezuela lusitana, para preservar o
governo que lhes dá poder e satisfação de interesses.
O exercício do Bloco
de Esquerda, essa extraordinária entidade que o inenarrável Costa
abraçou para ser primeiro-ministro, foi exemplar. Mariana Mortágua, no
Jornal de Notícias, lembou-nos sobriamente que “a natureza é caprichosa e
cruel, sempre foi”. Tais predicados, vindos de quem vêm, surpreendem. A
natureza, que agora descobrimos ser dotada de intenções, costuma, na
boca de Mariana, ser indefesa vítima de uma longa série de criminosos,
sendo o actual máximo responsável do seu sofrimento o inevitável Donald
Trump. Hoje não: é cruel e caprichosa. E à sua crueldade e capricho,
como responder? Com tempo, diz ela, deixando passar o choque. “O tempo é
bom conselheiro, o choque não.” É preciso compreender, e compreender,
escreve transparentemente Mariana, não significa “encontrar culpados”.
O mentor político de
Mortágua, Francisco Louçã, fala, no Público, da “montanha russa das
alterações climáticas” e de Assunção Cristas. São os culpados
aparentemente designáveis da catástrofe. E dá-lhe para o
existencialismo, lamentando-se da condição humana: “Maldito Sísifo, nem
sequer conseguimos por uma vez voltar ao cimo da montanha para parecer
que se fez alguma coisa”. É bonito ver um espírito poderoso a reflectir.
Aos olhos de Catarina Martins, na Assembleia da República, a dita
“montanha russa”, que ela ignora por inteiro o que seja, também é
responsável. Ou ouvi mal ou Carlos César, o conhecido amigo da sua
família, defende tese idêntica, com idêntica ignorância. O “aquecimento
global” hoje em dia dá para tudo. Até para proteger o débil Costa. Uma
palavra? Vileza.
Mas voltemos a Darren
Osborne, o homem de Londres. Um homem de quarenta e sete anos, dizem os
amigos e a família, complexo e torturado, medicamente tratado por
problemas mentais, capaz de grande violência quando bebia demais, o que
lhe acontecia frequentemente. Depois do último atentado terrorista em
Londres desenvolveu um particular ódio em relação aos muçulmanos.
Bêbado, meteu-se numa carrinha, fez o trajecto de Cardiff a Londres e
dirigiu-se à capital do “Londonistão”, a mesquita de Finsbury Park,
cavalgando sobre o passeio, matando um homem e ferindo outros onze. “Vou
matar todos os muçulmanos – fiz a minha parte”, consta que gritou. A
mãe, ao saber da atrocidade (palavra dela), fez questão de dizer que o
crime não tinha defesa, mas que o filho não era um terrorista.
Provavelmente a mãe
tem razão. O terrorismo supõe sempre uma motivação ideológica, um corpo
de ideias que justifique o crime. Darren Osborne não possuía,
aparentemente, um corpo de ideias qualquer, apenas uma vontade
indiscriminada de vingança. Um crime de ódio? Sem dúvida. Mas isso não
chega para fazer dele o sinal de uma “islamofobia” em tudo simétrica do
terrorismo islâmico. Que haja gente assim, em Inglaterra ou noutro
qualquer lugar, é óbvio. Que haja pastagens onde o racismo cresça, é
certo e seguro. Mas nem em Inglaterra nem na maioria dos países europeus
esse é o clima geral. O que, dadas as circunstâncias, diz muito bem de
nós.
Resta que a
probabilidade de aparecer por aí um outro Darren Osborne, com um nome
que pode muito bem ser francês ou alemão, é imensa. Indivíduos
desiquilibrados, habitados pelo sentimento que o Estado deixou de os
proteger e que é necessário fazer justiça pelas próprias mãos,
aparecerão sem dúvida aqui e ali. Tudo conspira para que assim seja. Os
bons costumes políticos usam e abusam da litania “não nos dividirão”.
Mas o homem de Londres mostrou que essa divisão já está aí, como quase
fatalmente tinha de estar, e para muita gente Darren Osborne arrisca-se a
aparecer não como um pária mas como um herói. O terrorismo islâmico já
conseguiu isso, diga-se o que se disser.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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