MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 27 de junho de 2017

É preciso entender que os açougueiros são bem melhores do que os empreiteiros


Resultado de imagem para joesley e temer charges
Reprodução do site Metropoles
Carlos Newton
A recente pesquisa Datafolha trouxe algumas revelações interessantes. Uma delas mostra que 64% dos entrevistados declararam que a Procuradoria-Geral da República agiu equivocadamente ao fechar o acordo de delação premiada com os irmãos Batista, Joesley e Wesley. A reportagem da Folha não transcreveu exatamente a pergunta feita na levantamento, apenas deu a conclusão, nos seguintes termos: “O acordo de colaboração premiada que a Procuradoria-Geral da República fechou com os donos da JBS, ao prever multa, mas não a prisão dos delatores, foi mal recebido por 64% da população”.
Nem mesmo no site da Datafolha é possível achar a pergunta, mas ficou claro que esses 64% preferem que os irmãos Batistas sejam presos, ao invés de apenas pagarem multas de R$ 110 milhões cada um.
FALTOU EXPLICAR – Na divulgação da pesquisa, não fica claro se os entrevistados do Datafolha receberam a informação de que os irmãos Batista vão pagar também R$ 10,3 bilhões em acordo de leniência.
De todo modo, cabem reflexões sobre essa delação premiada, pois o acordo causou tanta polêmica que chegou até ao Supremo, mas a maioria de seus integrantes (7 a 0) já decidiu pela validade do procedimento, faltando apenas os votos de quatro ministros.
Mesmo com a decisão do STF, ainda há controvérsias se ocorreu um acordo justo ou se houve privilégios aos irmãos Batista.
EXISTEM DIFERENÇAS – Para encaminhar o importante assunto, é preciso destacar que há muitas diferenças entre a postura dos empreiteiros e o comportamento do açougueiros – como os irmãos Batistas são apelidados de forma altamente depreciativa.
Quando se faz um acordo de delação, leva-se em conta a forma com que foi conduzido. No caso dos empreiteiros, eles rapinaram as estatais, os governo federal, a grande maioria das administrações estaduais e as principais prefeituras. E todos eles negaram as denúncias, tentaram destruir provas e se disseram inocentes – todos, sem exceção. Até que foram presos, não conseguiram comprar o Judiciário e por fim resolveram delatar
Os ditos açougueiros, porém, compareceram espontaneamente, declararam-se culpados. Ao invés de destruir as provas, decidiram apresentá-las às autoridades. E fizeram a delação antes mesmo de serem oficialmente investigados.
OUTRA DIFERENÇA – Os empreiteiros cometeram atos frequentes e repetitivos de corrupção, graves crimes em série, recebendo pagamentos indevidos e dilapidando as contas públicas, com reflexos negativos nos serviços prestados aos brasileiros, especialmente a quem depende dos sistemas públicos de saúde e educação.
Quanto aos açougueiros, eles não cometeram nenhum desses crimes. O que fizeram foi subornar políticos para obter empréstimos do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e usaram o dinheiro na criação de um império transnacional que fez as exportações do país crescerem em plena crise econômica.
Depois do escândalo da gravação, Temer decidiu retaliar os irmãos Batista e mandou fazer uma varredura nos três bancos. Ficou sabendo que todas as operações são empréstimos, terão de ser pagos. Na ânsia de destruir a JBS,  Temer então acionou a Comissão de Valores Mobiliários, que é uma autarquia, e a Receita Federal.
O QUE EXISTE – Não há empresário bilionário a ser santificado, o capitalismo não inclui benesses nem caridades. O que existe de concreto contra a JBS são as dívidas. Em março de 2017, era a segunda maior devedora da Dívida Ativa da União, com débito de R$ 2,34 bilhões, segundo a Procuradoria da Fazenda. Mas acontece que empresa tem R$ 1,5 bilhão a receber do governo, em créditos tributários e está discutindo na Justiça, não há ilegalidade.
Se não podem ser santificados, empresários também não devem ser satanizados, como Temer vem fazendo, ao chamar Joesley Batista de “bandido notório”, esquecido de que fazia questão de recebê-lo em palácio, na calada da noite.
Para limpar sua emporcalhada imagem, Temer agora tenta demolir o único grupo brasileiro de importância mundial, que garante a sobrevivência de milhares de médios e pequenos empresários rurais, cooperativas e agricultores. Desse jeito, fica parecendo que Temer é muito mais bandido do que Joesley.

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