Em Salvador, 27% da população manifesta sintomas da doença
Quem tem asma não pode esquecer: manter um
ambiente limpo, livre de poeira e mofo, controlar o emocional e fazer o
tratamento regular com o uso da medicação correta são meios de prevenir
as crises de falta de ar que ficam mais frequentes nessa época do ano.
Gisele se assustou quando voltou a ter crises depois de quatro anos (Foto: Marina Silva/CORREIO)
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Em
Salvador, 27% da população manifesta sintomas da doença segundo dados
do estudo International Study of Asthma and Allergies in Childhood
(Isaac), feito com crianças e adolescentes. No Brasil, a pesquisa Isaac
demonstrou que a doença tem alta prevalência e impacto em crianças e
adolescentes, e que deve ser encarada como problema de saúde pública.
A asma é responsável por 400 mil internações
hospitalares no país, segundo informações do Ministério da Saúde. A
doença é uma inflamação crônica e alérgica com componente genético, que
provoca dificuldades para respirar e a depender da gravidade pode
resultar em morte. “Com o período chuvoso, as mudanças de temperatura, a
exposição ao frio, à poeira e ao mofo desencadeiam os sintomas da
doença”, diz a pneumologista Tatiana Galvão.
É nesse período do ano que a universitária Gisele
Valverde, 20 anos, sente a piora das suas crises desde que ela foi
diagnosticada com a doença, aos 6 anos. “Na época do São João, por causa
da fumaça de fogueiras e da mudança do tempo que a asma já era
esperada. Sempre que começa esse período, já fico alerta: me agasalho,
procuro ficar distante de fumaça e de poeira e sempre carrego um
xarope expectorante de hortelã e um spray de mel com própolis para
aliviar a garganta. Ando munida para me prevenir”, conta.
Dificuldade de respirar, falta de ar, cansaço, peito
carregado, tosse seca e chiado são sensações que acompanharam Gisele
até os 16 anos, quando, misteriosamente, parou de ter crises. Em junho
do ano passado, no entanto, tomou um susto quando começou a passar mal e
a sentir os sintomas novamente. A crise levou mais de dez horas para
ser controlada. “Do nada, comecei a sentir o peito carregado e a tossir
seco. Tomei o própolis em xarope, mas nada resolvia. Aí entrei em
pânico. Só então ligaram para a emergência e me levaram para o
hospital”, lembra.
Tratamento A
asma não tem cura, mas é possível controlá-la e atenuar os desconfortos
cusados nos momentos de crise. “Para o tratamento, são utilizados
medicamentos inalatórios, prescritos a depender do grau da doença. Em
primeiro nível, são indicados corticoides de uso nasal, inalatório ou
oral”, diz a dra.Tatiana. Os broncodilatadores de curta duração, as
famosas bombinhas, são utilizados em período de emergência, durante
crises e dão alívio imediato.
Já para pacientes em estado grave, que precisam de
tratamento contínuo, são prescritos os broncodilatadores de longa
duração, combinados com corticoides, sendo usados de forma fixa, de uma
a duas vezes por dia. Existe, ainda, uma terceira opção de tratamento,
com a medicação anti-IgE, que, segundo a médica, é importante no combate
da asma grave com manifestação alérgica. O tratamento, de alto custo,
não está disponível no SUS.
Prevenção
A pneumologista afirma que, como a asma não cura, o melhor tratamento é mesmo a prevenção. “Hoje, o objetivo do tratamento é evitar a crise”, reafirma.
A pneumologista afirma que, como a asma não cura, o melhor tratamento é mesmo a prevenção. “Hoje, o objetivo do tratamento é evitar a crise”, reafirma.
Manter o quarto limpo, ficar longe de objetos que
acumulem poeira e mofo e não aspirar fumaça de cigarro, por exemplo, são
medidas preventivas essenciais para o paciente evitar sofrer com a
falta de ar.
Tatiana recomenda outros cuidados básicos, como
passar um pano úmido antes de varrer a casa, utilizar uma capa antiácaro
de algodão nos travesseiros e colchões e uso da vacina contra a gripe.
Receita seguida por Gisele, que mantém o quarto limpo e arejado, sem
tapete, almofadas ou quaisquer objetos que acumulem poeira.
Além desses cuidados, a pneumologista conta que
fazer uma atividade física regular, quando não se está em crise, como a
natação, e controlar o emocional ajudam. “Muitas vezes as minhas crises
tinham relação emocional, tanto que antes de receber a nota final da
escola, eu sempre ficava doente”, relata Gisele.
A pneumologista Tatiana ainda lembra que além do
componente genético, poeira, mofo, mudança climática, emocional,
alergias respiratórias, infecções, gripe, odores fortes e até o uso da
medicação aspirina são outros fatores que podem provocar a asma.
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