Cada vez mais numerosos nos lares brasileiros, os animais de estimação ganharam lugar cativo nos estabelecimentos comerciais. Classificados como pet friendly, os locais onde os bichinhos são aceitos acompanham a tendência de um mundo mais amistoso, principalmente com o melhor amigo do homem, e aos poucos vão se rendendo a clientes de todos os tipos.
Em Belo Horizonte, há até mesmo espaços onde os pets não ficam restritos às coleiras ou confinados no colo do dono sem um agradinho sequer.
Sócio-proprietário do Protótipo Bar, em Santa Tereza (Leste de BH), Lucas Zacharias oferece até cerveja aos cães que aparecem por lá – caso de Ozzy, “filho” do sócio, Ângelo Gabriel. “Temos vasilhas de água e também a beer dog, uma bebida com sabor de carne”, comenta o empresário sobre o drink disponível no menu.
Pode entrar: BH tem opções de bares e restaurantes com 'mesa' para os pets
A PÃO DE LÓ - Sócios do Protótipo Bar, em Santa Tereza, Lucas Zacharias e Ângelo Gabriel oferecem espaço e até uma "cerveja" especial para os cães
Aberto há sete meses, o charmoso OOP Coffee, no coração da Savassi, também recebe os “filhos” caninos da clientela. A fotógrafa Ana Slika, de 33 anos, não deixa de levar o golden retriever Yamandu, de 7 anos, quando precisa fazer um trabalho externo ou quer apenas tomar um café. “Dou preferência a lugares onde ele pode ir junto”, enfatiza.
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INSEPARÁVEIS - Ana Slika costuma frequentar o OOP Coffee, onde pode levar o golden Yamandu; sócia-proprietária, Adriene Cobra (ao fundo) leva Whisky
Na Casa Amora, na mesma região, o almoço pode ser saboreado ao lado do animal de estimação. O estabelecimento reserva a varanda e uma mesa próxima à área externa para que os donos se acomodem com seus pets. Qualquer um. “Não fazemos objeção quanto a raça ou porte, e nunca tivemos reclamação”, comenta a dona do espaço, Patrícia Saggioro.
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COMPANHEIRO - Cristiano Orsi tem o hábito de levar Juca, de 3 anos, à Casa Amora, onde costuma almoçar durante a semana
Outro local que sempre recebe visitantes de quatro patas é o Pátio Savassi. Por lá, a bicharada é tratada como os demais clientes e tem até uma espécie de carrinho de bebê para os “papais” passearem com mais conforto. Cerca de 150 cães circulam por lá, mensalmente. Em função do tamanho e temperamento, algumas raças não são aceitas.
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COM CONFORTO - Cães que vão ao Pátio Savassi, como a vira-lata Angelita, da advogada Joana Costa, têm à disposição carrinhos especiais
Veja quais são: 
Rottweiler, fila brasileiro, bull terrier, doberman, dogo argentino, mastim napolitano, pastor belga, pastor alemão, pit bull e american staffordshire terrier.
'Locais-amigos' no Brasil
Desde 2009, o site colaborativo aquipode.com mapeia estabelecimentos do país receptivos a clientes, digamos, “diferentes”. Dentre as categorias estão gente muito grande, cadeirantes, para levar a bike e, claro, os pet friendly.
A idealizadora do projeto, Milena Hannud, conta que a ideia surgiu após a publicação da lei antifumo. “Pensei na dificuldade que os fumantes enfrentariam na hora de se divertir”. Com o tempo, surgiram demandas para outros clientes “fora do padrão”. Nessa categoria estão donos de animais de estimação.
Atualmente, são cerca de 800 estabelecimentos pet friendly no país todo. Mas o número pode ser ainda maior, já que o site é 100% colaborativo, abastecido pelos próprios usuários.
Em Minas, 18 hotéis, um bar, 13 cafés e sorveterias, dois restaurantes e dois shoppings foram mencionados no portal digital. Estão listados no site 218 cidades de 23 estados mais Distrito Federal.
Em 2015, a jornalista, fotógrafa e videomaker Cris Berger lançou na web o Guia Pet Friendly de Cris Berger. A plataforma é uma mão na roda para quem leva o bichinho para cima e para baixo.
“Em 2012, me dei conta de que o Cozumel estava ficando velhinho e comecei a contagem regressiva do meu tempo com ele. Não queria perder nem um minuto”.
Hotéis também se adaptam à necessidade da clientela 
Quem precisa dormir fora ou quer simplesmente passar um fim de semana diferente em um hotel de Belo Horizonte também não precisa mais se preocupar com o destino do pet ou deixá-lo sozinho em casa. Algumas redes da capital têm aceitado e recepcionado muito bem a família completa. 
De mudança para Recife, a estudante Maria Luiza Motta Silveira de Oliveira, de 22 anos, teve que passar cinco noites fora de casa e não tinha com quem deixar o pug Barack, de 3 anos. A solução foi levá-lo junto.
Eles se hospedaram no E Suítes Sion, na região Centro-Sul de BH. O estabelecimento é, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), um dos 25 hotéis da cidade onde animais de estimação são bem-vindos.
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HÓSPEDE CANINO - Barack passou cinco noites em um hotel com a dona dele, Maria Luiza, que estava de mudança para Recife
“Achei ótimo porque não precisei me preocupar com o local onde iria deixá-lo nem tive que levar aquele monte de coisas que são importantes quando a gente viaja com ele. Ainda assim, o Barack ficou super confortável”, comentou a estudante.
Assim como outros estabelecimentos do segmento, o hotel cobra uma taxa de R$ 50 por pet hospedado e oferece “mimos” como tapete higiênico e recipiente para água e ração.
Carteira de vacinação e um termo de responsabilidade assinado pelo dono são exigidos no check-in, segundo a gerente-geral do E Suítes, Isabela Marques.
Boas maneiras
De acordo com a ABIH-MG, não há leis específicas que tratam da permanência de animais em hotéis. Em todos, porém, a regra é clara quanto ao porte do bicho, que pode pesar, no máximo, 15 quilos para ficar hospedado.
Nas áreas comuns, como hall e elevadores, eles devem circular no colo ou em guias e ficam proibidos de acessar espaços onde são preparados e servidos alimentos.
As regras de boa convivência também preveem que animais menos sociáveis sejam deixados sozinhos no quarto o mínimo de tempo possível, evitando causar incômodo aos hóspedes.
Também é interessante que os funcionários do estabelecimento sejam avisados de que naquele quarto há um animal, evitando-se, assim, sustos ou mal entendidos.
Atenção à etiqueta
Passear com os pets em locais públicos e levá-los sem preocupação aos estabelecimentos frequentados pelos donos requer alguns cuidados que precisam ser seguidos à risca.
Normalmente, espaços pet friendly disponibilizam as áreas externas para receber os bichinhos. Isso acontece não porque outras pessoas podem se incomodar com a presença deles, mas porque há leis que proíbem entrada e permanência de animais em ambientes fechados, sobretudo onde são preparados ou servidos alimentos.
Em BH, uma lei e um decreto municipais tratam do assunto. Para não errar e evitar dor de cabeça na hora do lazer, fique atento: mantenha seu animal perto de você, cachorros devem ficar na coleira; leve uma sacolinha para recolher o cocô: deixar sujeira para trás é inaceitável; leve um recipiente pequeno para oferecer água ao bichinho e evite dar comida na mesa. Se o pet não for tão sociável, melhor deixá-lo em casa para não aborrecer o restante da clientela.