Folha
“Sempre soube que Eliseu Padilha representava a figura política de Michel Temer”. Assim começa o item 2.5 do depoimento de Cláudio Melo Filho à Lava Jato. Nele o lobista descreve a relação de “extrema proximidade” entre o chefe da Casa Civil e o presidente da República. Diante dos procuradores, Melo Filho contou o que sabia sobre o ministro, apelidado de “Primo” nas planilhas da Odebrecht.
“Pelo que pude perceber ao longo dos anos, a pessoa mais destacada desse grupo para falar com agentes privados e centralizar as arrecadações financeiras é Eliseu Padilha”, disse.
“Atua como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome. […] Concentra as arrecadações financeiras desse núcleo político do PMDB para posteriores repasses internos”, explicou.
Na noite de 28 de maio de 2014, Padilha abriu a porta do Palácio do Jaburu para Melo Filho e Marcelo Odebrecht. “Como Michel Temer ainda não tinha chegado, ficamos conversando amenidades”, contou o lobista. Quando o chefe entrou na sala, o encontro se tornou mais objetivo: “Temer solicitou, direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as campanhas do PMDB”.
O martelo foi batido em R$ 10 milhões. Segundo o delator, Padilha determinou que parte da bolada fosse entregue em dinheiro vivo no escritório do advogado José Yunes.
O relato produziu a primeira baixa em dezembro, quando Yunes deixou o cargo de assessor especial do Planalto. Às vésperas do Carnaval, ele admitiu ter recebido um “pacote” do doleiro Lúcio Funaro e culpou o braço direito do presidente. “Fui mula do Padilha”, desabafou.
O chefe da Casa Civil se licenciou na sexta-feira, alegando motivos de saúde, que eram verdadeiros.
Com ministros sendo abatidos como moscas, o governo Temer começa a lembrar o governo Dilma em sua fase terminal. Depois da mula e do preposto, talvez esteja se aproximando a hora do chefe.
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