MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

É preciso lembrar e homenagear Paulinelli, o criador das riquezas do nosso cerrado


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Paulinelli criou a Embrapa e revolucionou o agronegócio
Hildeberto Aleluia
Blog Aleluia e Cia
Poucos brasileiros sabem quem é ele. Mas este senhor de 80 anos é respeitado no mundo inteiro. Foi capa da revista Time com 35 anos de idade e até hoje viaja pelo mundo, da China à Patagônia, de Tóquio a Nova York, convidado que é para palestras nas mais respeitadas universidades do globo e nos mais competitivos centros de negócios. Anda por aí falando sobre seu invento, repassando conhecimentos e satisfazendo a curiosidade cientifica sobre a alta produtividade da agricultura brasileira, principalmente no cerrado. Visionário, desenvolveu técnicas numa época em que o conhecimento não desfrutava dos imensos recursos tecnológicos de hoje.
Por onde passa é saudado com reverência e respeito. O mundo tecnológico lhe credita uma façanha que no Brasil só é conhecida pelo setor agrícola: o aproveitamento do cerrado brasileiro para a produção agropecuária.
Paulinelli descobriu os caminhos para fertilizá-las através de calagem e fosfatagem. Hoje, o cerrado brasileiro distingue-se por uma produção de riqueza extraordinária, aplicação de alta tecnologia e produtividade sem comparação no mundo moderno quando se trata de produção de grãos irrigados.
SEM IGUAL NO MUNDO – Nem mesmo os grandes produtores mundiais, detentores das tecnologias inovadoras para o campo, como Estados Unidos, Austrália e Canadá conseguem se igualar à produtividade do cerrado brasileiro, especialmente no oeste da Bahia. Para o cerrado acorrem americanos, ingleses, neozelandeses, canadenses, japoneses e brasileiros audaciosos e trabalhadores. Juntos, são responsáveis por cerca de 50% cento do PIB agrícola (grãos) do Brasil. E todos, uníssonos, têm de agradecer a um homem: o mineiro que um dia foi ministro da Agricultura e vislumbrou que esta epopeia seria possível.
Alysson Paulinelli é nascido em Bambuí (10/06/1936) e foi ministro da agricultura (1974-1979). Oriundo da Faculdade de Agronomia de Lavras, atual Universidade Federal de Lavras, interior de Minas Gerais, foi um menino pobre, estudou com dificuldade e para terminar seus estudos dava aula na própria faculdade com 22 anos de idade. Seu pai era agrônomo e pequeno sitiante, portanto era de classe média baixa, como se classificava na época. Mas o filho destacou-se e virou Secretário de Agricultura do Governo de Minas Gerais no comecinho dos anos 70.
UM BENFEITOR – Paulinelli está para o agronegócio brasileiro como estiveram os americanos o Graham Bell (telefone), Thomas Edison (lâmpada elétrica), Henry Ford (linha de montagem) e o italiano Marconi (rádio) para seus países.
Estes senhores passaram para a história não só porque contribuíram com seus inventos para o desenvolvimento da humanidade, mais também porque viveram o suficiente para impulsionarem suas criações e explorarem comercialmente o que foi inventado. É certo que viraram grandes capitães de indústria.
No caso do Paulinelli pode-se considerar uma história maior, mais brilhante e mais gloriosa. Seu invento foi distribuído gratuitamente e hoje serve a milhões de brasileiros, no campo. O produto gerado é exportado para o mundo inteiro gerando divisas para o país, receita e tecnologia para o agronegócio.
FIGURA EXPONENCIAL – A esse mineiro baixinho, de olhos atentos e brilhantes, devemos essa infinita realidade de desenvolvimento e produtividade agropecuária do país. Do ponto de vista cientifico ele é o brasileiro mais importante de sua época. Em 1971, do século passado, foi escolhido Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais. Lá criou o Projeto Jaíba, hoje um centro de produção e exportação de produtos agrícolas onde antes não havia nada além da fome, da inanição, da ociosidade e terras inaproveitáveis. Ali Paulineli descobriu o cerrado. Descobriu, estudou, se encantou e desenvolveu.
Nas palavras de seu braço direito em todos esses anos, o admirável economista mineiro Nuno Casassanta, “a calagem, aplicação de calcário, já era conhecida, mas era olhada com desconfiança pelos produtores para recuperar os solos de cerrado. O Paulinelli, com ideias arrojadas e uma invejável disposição de trabalho e capacidade de convencimento, conseguiu articular programas que mostraram sua viabilidade. Começou com os projetos integrados em que o Estado de Minas Gerais entrava com assistência técnica, financiamento via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, mecanização agrícola, armazéns e estímulos à montagem de usinas fabricantes de calcário.
COOPERATIVAS – Diante do sucesso buscou-se escala através da participação de cooperativas que fizeram uma colonização moderna em amplas áreas do cerrado mineiro. Essa iniciativa levou à criação do PoloCentro, o programa de desenvolvimento que estabeleceu as bases da revolução agrícola.
Casassanta recorda-se também da revolução no setor cafeeiro: “No meio de uma enorme crise e num ambiente de erradicação, trabalhou o Paulineli pela renovação dos cafezais em novas bases tecnológicas. O Estado de Minas Gerais desde então produz 50% por cento do café brasileiro. E o reflorestamento? A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) criada por ele já no governo federal, no seu nascedouro recebeu uma formidável dose de apoio que significou o maior programa de treinamento já executado no país. Aplicava-se um bilhão de dólares por ano nisso. Para muitos uma loucura. Mas deu certo e a Embrapa hoje é orgulho brasileiro, continental, científico. A instituição é uma academia de alto nível sem padrão de comparação. O Brasil é sucesso na agropecuária graças ao conhecimento e a crença dos produtores na ciência que juntos se criou”, finaliza.
UMA GRANDE EQUIPE – Paulinelli formou uma equipe de excelência, composta por economistas, agrônomos, administradores, professores e técnicos que o acompanharam em toda a sua brilhante carreira. Entre estes estava Paulo Afonso Romano, seu vice-ministro que negociou, implantou e dirigiu a Campo, uma binacional agrícola Brasil-Japão, empresa pioneira com capital internacional destinado exclusivamente à exploração do cerrado, Antônio Lício que por sua excepcional formação integrou outros governos e ainda hoje é um grande consultor internacional, Francisco Reynaldo Amorim de Barros, oriundo da Fundação Getúlio Vargas, e mais Alceu Sanches, Eduardo Campelo, Raul Vale, Eliseu Alves, Lourenço Vieira da Silva, José Carlos Pedreira de Freitas, Eustáquio Costa, Paulo Cota, Silvestre Gorgulho, Joaquim Campelo , Alex Gonçalves dos Santos, Sá Martins e muitos outros. Paulinelli foi também presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e deputado federal, inclusive constituinte. Um nome a ser lembrado e reverenciado.
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