Editorial do Jornal Agora (02.02.17)
Domingos Matos, 02/02/2017 | 08:06
O TROMBONE
Para
que serve a Amurc, a nossa versão regional de uma associação de
municípios? No estatuto tem algo mais ou menos assim: a Amurc é uma
Associação sem fins lucrativos e sem vínculo partidário, com a missão de
fortalecer o municipalismo, tornando-o democrático e inovador,
contribuindo, assim, para a eficiência da gestão pública municipal.
Palavras-chave: municipalismo, força, gestão, democracia e inovação.
A
Amurc existe há 32 anos, período em que apresentou momentos de alta e
de baixa. Mais de baixa do que de alta. Possivelmente nunca tenha sido
de fato compreendida pelo seu público-alvo – os municípios da região
circunscrita – e, mais grave, parece não ter a compreensão sequer dos
municípios que representa, dos que são de fato associados. Prova disso é
a dificuldade para receber dos associados a mensalidade com que paga as
contas.
O
modelo associativista está para ser descoberto pelos gestores
regionais, o que reflete também em todos os setores da atividade
econômica e social desse canto da Bahia. Então, o novo presidente,
eleito na terça-feira (31) por aclamação, o prefeito de Itacaré Antônio
Damasceno, o simpático Antônio de Anízio, tem como missão primeira
seduzir seus pares, inculcar-lhes a necessidade e a garantia, se não de
sucesso, mas de ser o melhor caminho para, que é o modelo de
desenvolvimento baseado no associativismo.
E,
claro, não terá como fazer isso, senão por meio de ações. Trabalho.
Pode começar com uma série de discussões a respeito do destino da
região, para onde queremos ir, como queremos ir e por que precisamos ir.
Os grandes temas estão aí: barragem do rio Colônia, novo aeroporto
internacional, Porto Sul, duplicação da Ilhéus-Itabuna, crise hídrica
nos municípios, recuperação de nascentes, reorganização dos espaços
produtivos.
Mas,
a Amurc que o novo presidente está assumindo vem com um brinde
espetacular: uma universidade federal novinha em folha já implantada na
sua circunscrição. Sim, a nossa UFSB tem mentes capacitadas para tirar a
região do atoleiro e, mais que isso, direcioná-la ao eldorado do
desenvolvimento sustentável. Está lá, ávida por convênios, na
expectativa pelo start.
Uma
contrapartida necessária: os dois maiores municípios da região, que
mais se beneficiarão dela no primeiro momento, precisam aceitá-la –
parece incrível, mas Ilhéus e Itabuna ainda não se deram conta do que é
ter um instrumento desse porte, a lhes assessorar em parcerias
institucionais... Pode ser também uma missão do novo presidente tratar
desse pormenor: “reconheçam a UFSB!”
O
presidente da Amurc tem, então, a nobre missão de despertar a
consciência associativista nos municípios que representa, assumir o
protagonismo de falar em nome do bloco, após discussões aprofundadas dos
temas e trazer para junto de si – e também levar os municípios para
junto dela – a Universidade Federal do Sul da Bahia.
A
seara é grande. Poucos são os obreiros. Mas o trabalho precisa ser
feito. No momento em que o país afunda, talvez descubramos que fomos
privilegiados por ter ao nosso lado instrumentos como a nova
universidade. É começo de mandato para novos e antigos gestores, o que
nos parece o timing perfeito para uma mudança de mentalidade.
Em
tempo: tudo o que se disse da UFSB aplica-se, ainda com maior
gravidade, pelo tempo em que está entre nós, à nossa Uesc. Refaçamos o
apelo: “gestores, reconheçam as nossas universidades!”.
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