Na semana passada, a UFSB promoveu o Seminário VER-SUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde), em Porto Seguro. Estudantes e professores da universidade passaram o dia com profissionais da Secretaria de Saúde do município debatendo os próximos passos para uma cooperação entre ensino universitário e o serviço público de saúde.
Com mais de 250 participantes presentes, Naomar de Almeida Filho, reitor da UFSB, abriu o seminário falando da necessidade de encarar a “de-formação clínica” que hoje acontece em grande parte das universidades brasileiras no ensino da área de saúde. Em sua palestra, ele expôs dados mostrando as dificuldades de formação universitária em saúde para o SUS. “As ideias, valores e princípios dos que chegam à universidade são muito diferentes dos daqueles que se formam”, criticou ele. Também presente na abertura, a secretária de Saúde de Porto Seguro, Edna Alves, disse: “No momento em que eles veem não só a parte científica, mas também o cotidiano desse serviço, não tenho dúvida de que nós teremos profissionais muito mais bem formados”.
Uma das mesas redondas do evento foi organizada pelo médico Leonardo Guedes, que é supervisor do programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, em Porto Seguro. Ele e outros seis médicos do programa – dois deles argentinos – deram seus depoimentos sobre o trabalho em saúde da família no município. Em diversos momentos, o evento também abordou os desafios atuais para o SUS, em um cenário de restrição de orçamento, com o ajuste fiscal, e possível ascensão da visão tradicional de saúde pública, mais centrada no tratamento médico e menos na saúde coletiva.
O que é o VER-SUS
Em 2016, o curso de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFSB, em seus três campi, iniciou convênios com as secretarias de Saúde dos municípios de Porto Seguro, Itabuna e Teixeira de Freitas, por meio do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-GraduaSUS), do Ministério da Saúde. O seminário realizado na semana passada se articula com esse esforço, ao propiciar um momento de balanço dos trabalhos realizados até agora no PET.
Os estudantes de graduação, que participam do programa, expuseram os resultados dos trabalhos de diagnóstico realizados até agora, na primeira fase do PET. A partir do início de 2017, o programa entra em sua fase de intervenção, em que os grupos realizarão projetos conjuntos com as secretarias de Saúde, a fim de colaborar para o aperfeiçoamento do serviço público em nível local.
Aluna do BI Saúde em Porto Seguro, Ana Lara Lima da Silva foi uma das estudantes que apresentaram o trabalho do PET ao público. Ela conta que a oportunidade de entrar em contato direto com o SUS por meio do PET Saúde tem feito diferença em sua formação: “Sempre que você está num meio acadêmico, tudo soa melhor. Quando você está em campo, em contato direto com os agentes de saúde, os moradores, é completamente diferente”. Ela ainda afirma: “Existe um abismo entre a forma como a população mais vulnerável vê a saúde e o que nós estudamos na universidade”.
O agente comunitário de saúde Fabrício Silva dos Santos, que atua no Parque Ecológico, área onde a equipe de Ana Lara atuou nos últimos meses, diz que muitos profissionais não têm a sensibilidade de conhecer as pessoas e seus contextos e fala que o programa trouxe esperança para a comunidade.
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