Do lulopetismo, só
restou a corrupção - por ele institucionalizada - e a consolidação do
patrimonialismo. A história julgará Lula e Dilma - sem piedade. Sobre os
erros das gestões petistas, segue editorial do jornal O Globo:
O PT sempre
propagandeou com insistência os avanços sociais em seu período de poder.
A ponto de, no discurso oficial, apagar o passado, como se nada
houvesse sido conquistado neste campo antes de janeiro de 2003, quando
Lula tomou posse para o primeiro mandato.
Nenhuma palavra,
nenhum linha sequer foi dita e escrita em pronunciamentos e documentos
petistas sobre a participação do PSDB no lançamento de programas sociais
baseados em contrapartidas dos beneficiários (manter filhos na escola,
visitar regularmente postos de saúde). Vem daí a origem do Bolsa
Família.
O primeiro governo
Lula consolidou diversos programas, ampliou-os, e ainda teve o bom senso
de manter a política econômica de FH. Com isso, estabilizou a economia,
ao conter a crise deflagrada pela desconfiança gerada na própria
ascensão de Lula na campanha de 2002, e assim garantiu as condições
macroeconômicas para continuar com uma ativa política de combate à
pobreza.
O Bolsa Família
revelou-se eficiente cabo eleitoral lulopetista nas regiões pobres,
reforçando a imagem cultivada pelo partido de “defensor dos pobres”. Mas
a equivocada mudança de eixo na política econômica, mais visível a
partir do segundo mandato de Lula, sob influência da ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, dilapidaria esse patrimônio político do
partido, ao jogar o país na mais profunda recessão da sua história,
cujas principais vítimas são mais de 12 milhões de desempregados. O PT,
de “pai dos pobres”, passou a gerar pobreza, numa trapaça da História.
Cálculos feitos pelo
diretor da FGV Social, Marcelo Neri, com base na Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2015, divulgada pelo IBGE na
semana passada, deu números a este dramático retrocesso.
A recessão do ano
passado, de 3,8%, devolveu de volta à pobreza 3,6 milhões de pessoas.
Até então, desde 2004 a parcela de pobres na população vinha encolhendo a
uma média anual de 10%. E 2004 é o ano em que se confirma a retomada de
expansão da economia e o Brasil começa a se beneficiar da onda mundial
de crescimento sincronizado, em especial da expansão da China.
Os governos petistas
passaram a usufruir daqueles bons tempos como se não houvesse amanhã.
Havia, e os erros cometidos pela “desenvolvimentista” Dilma na reação
aos efeitos da crise mundial agravada pelo estouro da bolha financeira e
imobiliária nos Estados Unidos, em 2008/2009, empurraram a economia
para o chão e deram fôlego à inflação, de volta aos dois dígitos.
Esses 3,6 milhões
despachados para estratos sociais mais baixos elevaram a pobreza em
19,33%, e a miséria, condição para a qual foram 2,7 milhões, expandiu-se
em 23,4%, abrangendo 2,9% da população.
Os números são
drásticos e tudo ainda deve piorar, porque este ano, 2016, ainda será de
recessão na faixa dos 3%. Vale lembrar que os erros cometidos, por
voluntarismo ideológico — resumidos no atropelamento da Lei de
Responsabilidade Fiscal —, foram justificados pela suposta proteção aos
pobres. Uma lição da tragédia é que sem equilíbrio macroeconômico nada
de positivo é possível fazer. Muito menos ajudar os pobres. Resulta no
contrário.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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