Lula perdeu a parte mais convincente do seu discurso político: a do
menino pobre e retirante que veio para a cidade e virou presidente da
República. Não pode mais contá-la. Venceu a miséria e tornou-se
multimilionário. Mas um detalhe é mortal para a sua biografia.
Construiu a sua fortuna de forma suspeita, criminosa, ilegal. Há meses e
pelos próximos anos este será o assunto. Encontraremos as piores
falcatruas na vida do menino pobre e retirante, que transformou-se num
coronel nordestino da pior espécie, suspeito de receber propina sobre
obras e produtos que causaram a pobreza do pobre brasileiro. Lula ficou
riquíssimo de forma suspeita. Não precisa mais "vencer adversidades".
Pode comprar "facilidades". O brasileiro pobre finalmente está
conhecendo o verdadeiro Lula. E a verdade está penetrando lentamente
pela pirâmide, chegando lá na base, pela imprensa e pelas redes sociais.
55% dos brasileiros já o rejeita. E ele ainda nem foi depor, quanto
mais foi preso, que é um risco cada vez maior. Acabou o pobrezinho do
Lula. Apareceu o Lula riquíssimo, da noite para o dia. Sua tese
preferida do pobre contra os ricos acabou. Ele é o rico, pobres somos
nós pagando o preço de uma recessão que ele produziu. O papel de vítima
não lhe cabe mais. Ele estava no comando e fez o que bem quis. Escolheu
encher os bolsos de meia dúzia de empresários, que encheram o bolso dos
seus apaniguados de propina. Até mesmo na Petrobras. Lula encontra-se
num beco sem saída. Não é à toa que agarra-se na CUT e no MST. É o que
lhe sobrou. E é o que vai enterrar o seu futuro.
(Revista Veja) Oito anos na Presidência da República fizeram de Lula um mito. Ele
escapou ileso do escândalo do mensalão, bateu recorde de popularidade,
consolidou o Brasil como um país de classe média e elegeu uma quase
desconhecida como sua sucessora. Os opositores reconheciam e temiam seu
poder de arregimentação das massas. O líder messiânico, o novo pai dos
pobres, o protagonista do primeiro governo popular da história do Brasil
encontra-se atualmente soterrado por uma montanha de fatos pesados o
bastante para fazer vergar qualquer biografia - até mesmo a de Lula.
Investigações sobre corrupção feitas pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público vão consistentemente chegando mais perto de Lula. Ele
próprio é foco direto de uma dessas apurações. Do seu círculo familiar
mais íntimo ao time vasto de correligionários, doadores de campanha e
amigos, o sistema Lula é formado predominantemente por suspeitos, presos
e sentenciados. Todos acusados de receber vantagens indevidas de
esquemas bilionários de corrupção oficial.
O mito está emparedado em verdades. Lula teme ser preso, vê perigo e
conspiradores em toda parte, até no Palácio do Planalto. Chegou
recentemente ao ex-presidente um raciocínio político dividido em duas
partes. A primeira dá conta de que sua derrocada pessoal aplacaria a
opinião pública, esse monstro obstinado, movido por excitação, fraqueza,
preconceito, intuição, notícias e redes sociais. A segunda parte é
consequência da primeira. Com a opinião pública satisfeita depois da
punição a Lula, haveria espaço para a criação de um ambiente mais
propício para Dilma Rousseff cumprir seu mandato até o fim. Nada de
novo. A política é feita desse material dúctil inadequado para moldar
alianças inquebrantáveis e fidelidades eternas.
Os sinais negativos para Lula estão por toda parte. Uma pesquisa do
Ibope a ser divulgada nesta semana mostrará que a maioria da população
brasileira condena a influência de Lula sobre Dilma. Some-se a isso o
contingente dos brasileiros que até comemorariam a prisão dele, e o
quadro fica francamente hostil ao ex-presidente.
O nome de Lula e os de
mais de uma dezena de pessoas próximas a ele são cada vez mais
frequentes em enredos de tráfico de influência, desvios de verbas
públicas e recebimento de propina. Delator do petrolão, o doleiro
Alberto Youssef disse que Lula e Dilma sabiam da existência do maior
esquema de corrupção da história do país.
Dono da construtora UTC, o
empresário Ricardo Pessoa declarou às autoridades que doou dinheiro
surrupiado da Petrobras à campanha de Lula à reeleição, em 2006. O
lobista Fernando Baiano afirmou que repassou 2 milhões de reais do
petrolão ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e tutor dos
negócios dos filhos do petista. Baiano contou aos procuradores que,
segundo Bumlai, a propina era para uma nora do ex-presidente. A relação
de nomes é conhecida, extensa e plural - dela faz parte até uma amiga
íntima de Lula. A novidade agora é que a lista foi reforçada por um novo
personagem. Não um personagem qualquer, mas Luís Cláudio da Silva, um
dos filhos do ex-presidente. O cerco está se fechando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário