
No Estado existem inovações que vão desde fabricação de stents - tubos para desobstrução de artérias - a equipamentos de reaproveitamento de água em canteiros de obras. Goiás não tem mais que 100 patentes, mas só a indústria já conseguiu 16 delas junto ao Instituto Nacional de Patente Industrial (Inpi).
Um dos exemplos é um equipamento, ainda em fase de testes, desenvolvido pela Toctao engenharia com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O dispositivo “de baixo custo” faz reaproveitamento de até 80% da água gerada em canteiros de obras.
A capacidade do aparelho, segundo a empresa, é de tratar até 200 litros de água, proveniente da limpeza de equipamentos, do banho dos colaboradores e da limpeza dos caminhões, a cada 25 minutos. “Nas obras nós temos chuveiros para os trabalhadores. Tem obras que são até 600 pessoas, agora imagine o consumo de água”, provoca a coordenadora de meio ambiente da empresa, Cinthia Martins.
Depois de tratada, a água pode ser utilizada para a preparação de argamassas, regar jardins, para limpar equipamentos e o canteiro de obras. Para se ter ideia do impacto da inovação, a construção civil é responsável pelo consumo de 16% de água. “A inovação representa também uma conscientização para os operários, nós vemos que eles entendem a importância de economizar água e levam isso para a vida deles, não só para o canteiro de obras”, destaca Cinthia.
Medicina
“A gente se perguntou: Por que o Brasil não poderia produzir isso?”. “Isso” são stents e a pergunta é do sócio-proprietário da Scitech, Melchíades da Cunha Neto. A empresa é fabricante de produtos médicos hospitalares minimamente invasivos de alta tecnologia, uma das poucas no mundo a trabalhar com equipamentos como os stents. “Nós procuramos ter um produto com preço competitivo e o nosso foco é ter produto de excelente qualidade que possa competir de igual para igual com os importados”, afirma.
O empresário explica que a empresa tem uma forte política de pesquisa e inovação que conta com parcerias com universidades e institutos para alcançar maior “valor agregado”.
Esses exemplos explicam o desempenho da indústria goiana quando o assunto é inovação. As duas últimas edições da Pesquisa de Inovação Tecnológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstraram que Goiás está à frente do País quando o assunto é novas práticas. Entre 2006 e 2008, aproximadamente 38% das indústrias goianas apresentou alguma inovação em produtos ou processos, mesmo índice do País. Na edição seguinte, que considerou o período de 2009 a 2011, o índice de Goiás saltou para 47%, já o nacional reduziu para 35%.
Brasil ainda não tem índice de inovação
O governo federal ainda trabalha para elaborar um indicador capaz de medir o resultado da inovação no Brasil. Em novembro do ano passado, pesquisadores, especialistas e técnicos da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e do IBGE estiveram reunidos, na sede da agência, para discutir alternativas. A coordenação da iniciativa está a cargo do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI).
O governo do Estado de Goiás lançou no último dia 2 de outubro o Programa Estadual de Inovação e Tecnologia - Inova Goiás. A iniciativa prevê investimentos de cerca de R$ 1 bilhão até 2018 em ações no setor privado e também no público.
Mito
Os especialistas ouvidos por O HOJE avaliam que grande parte dos empresários brasileiros enxerga a inovação como sendo o desenvolvimento de máquinas ou algo distante dos negócios e caro. Segundo eles, isso dificulta a criação de novas práticas que podem ser produtos, serviços, sistemas de atendimento, entre outros, como explica o especialista em gestão do conhecimento na inteligência e inovação do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), Marcelo Roncato. “A inovação tem a capacidade de aproximar aquilo que as pessoas precisam da empresa, fazer com que meu produto chegue ao meu cliente”, ressalta. (Deivid Souza)
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