MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

'Paguei caro e temo não ter parto onde escolhi', diz cliente da Unimed de SP


Unimed Paulistana vai ter de transferir todos os 744 mil clientes.
Assustados, consumidores temem ficar sem cobertura médica.

Glauco Araújo e Carolina Dantas Do G1 São Paulo
Cliente da Unimed Paulistana, Kelly Oliveira está grávida de 32 semanas e espera fazer o parto no ProMatre (Foto: Glauco Araújo/G1)Cliente da Unimed Paulistana, Kelly Oliveira está grávida de 32 semanas e espera fazer o parto no ProMatre (Foto: Glauco Araújo/G1)
Grávida de 32 semanas, a instrumentadora cirúrgica Kelly Oliveira chorou ao saber que a Unimed Paulistana vai ter de transferir todos os seus mais de 744 mil clientes por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ela diz ter medo de não poder realizar o parto do seu primeiro filho na maternidade conveniada que escolheu. O drama de Kelly é o mesmo de outros clientes da empresa de planos de saúde que enfrenta há anos uma crise financeira.
 
Kelly está inconformada com a situação, pois tem uma gravidez de risco, que estabilizou nas últimas consultas. Ela pagava em torno de R$ 350 pelo plano Uniplan UP Ouro (empresarial), que lhe permitia passar pelo pré-natal e fazer o parto no ProMatre.
"Não tenho direito a atendimento na maternidade da qual escolhi e paguei mais caro pela cobertura. Se eu entrar em trabalho de parto hoje o hospital (Pro Matre) atende meu convênio, mas daqui um mês ninguém sabe", diz a futura mãe, de 30 anos. "Fiquei chorando metade do dia. Fiquei sabendo pelo meu namorado, que é advogado e soube do problema com o convênio", disse ela.
Kelly Oliveira mostra a carteirinha da Unimed Paulistana (Foto: Glauco Araújo/G1)Kelly Oliveira mostra a carteirinha da Unimed
Paulistana (Foto: Glauco Araújo/G1)
Ela passou por consulta com a ginecologista no dia 31 de agosto e acertou os detalhes para novos exames com 36 semanas, além de outra bateria de exames no próximo dia 20. "Liguei no 0800 e a atendente não soube informar quais clínicas, laboratórios e hospitais estão credenciados ou não. Ela me disse para ligar diariamente."
"Há duas semanas passei pelo ProMatre e perguntaram se eu tinha vindo do São Luiz. Já passaram três pacientes que vieram do São Luiz porque a Unimed não está mais atendendo lá", disse a instrumentadora.
"Fiquei chorando metade do dia. Fiquei sabendo pelo meu namorado, que é advogado e soube do problema com o convênio", disse ela.
"Há dois anos passamos pelo mesmo problema, quando tínhamos o convênio Golden Cross e faliram. Aí houve a migração para a Unimed Rio, mesmo morando em São Paulo", disse a gestante.
Ela disse que, dependendo de como ocorrer o parto, ela e o marido pretendem processar a Unimed. "Só pelo que estamos passando hoje já consideramos essa possibilidade. Tenho gravidez de risco e ainda estou passando por esse estresse na reta final para o parto", disse Kelly.
A caminho do parto
Cleusa Martins tem parto do quarto filho marcado para a noite desta quarta-feira em hospital da Unimed Paulistana (Foto: Glauco Araújo/G1)Cleusa Martins tem parto do quarto filho marcado para a noite desta quarta-feira em hospital da Unimed Paulistana (Foto: Glauco Araújo/G1)
A gestante Cleusa Martins, 42 anos, foi surpreendida com a notícia da transferência dos clientes da Unimed para outro convênio nesta quarta-feira (2). Ela está com parto marcado para 20h desta quartafeira (20), no Hospital Unimed Santa Helena, no Centro de São Paulo.
"Gente, fiquei surpresa com essa notícia. Soube aqui no hospital. Espero conseguir ter meu nenê direitinho", disse ela.
O marido Walter Silva Santos, espera que a mulher consiga ter o filho como planejado. "Era só o que faltava! Tudo planejado direitinho e agora ficar sem convênio?", disse ele.
O G1 acompanhou a chegada de Cleusa ao hospital até ser atendida na recepção. "Por enquanto pediram para subir, mas só com um acompanhante. Só não quero ter meu filho aqui [recepção]", disse ela. Este é o quarto filho dela.
Fernanda Cardoso tem três filhos e usa muito o convênio médico da Unimed Paulistana (Foto: Carolina Dantas/G1)Fernanda Cardoso tem três filhos e usa muito o
convênio médico da Unimed Paulistana
(Foto: Carolina Dantas/G1)
Plano para três filhos
Fernanda Cardoso ficou sabendo que a Unimed Paulistana estava com problemas porque notou que algumas clínicas e pontos para exames não estavam mais credenciadas para o plano. "É ridículo. Dia 1º de outubro tenho outra consulta e não sei como vai ser. Eles não mandam um email dizendo como está a situação".
Ela é mãe de três filhos - de dois meses, dois anos e oito anos. Todos usam o plano. "O bebê precisa de acompanhamento. Até perguntei pro médico quais outros convênios ele aceita, mas a outra opção é mais cara", disse.
Daiane da Silva Cavalcanti, de 31 anos, mudou de plano depois que a filha de dois meses nasceu. "Desde então, não consegui marcar nenhuma consulta para a bebê. E tentei quatro vezes. Se eles sabiam que tava falindo, porque aceitaram meu plano?", questiona. Ela estava no Hospital da Unimed na tarde desta quarta-feira, mas desistiu por causa da demora. "Eles dizem que a primeira consulta não tem médico. E mandam eu marcar em setembro para conseguir, talvez, em outubro".
'Notícia desagradável'
Orlando e Marilia de Melo estão assustados com a possibilidade de ficar sem cobertura médica (Foto: Glauco Araújo/G1)Orlando e Marilia de Melo estão assustados com a possibilidade de ficar sem cobertura médica (Foto: Glauco Araújo/G1)
O casal Orlando de Mello, 80 anos, e Marília Lúcia de Mello, 75 anos, está assustado com a remota possibilidade de ficarem sem cobertura médica. "Na nossa idade receber uma notícia dessa é bem desagradável. Não podemos ficar sem convênio", disse ela.
O marido disse que ainda não recebeu qualquer comunicado sobre o convênio diretamente da Unimed. " não tivemos qualquer informação oficial. Só no balcão, agora, que nós falaram para esperar 30 dias para saberem para qual convênio iremos."
Orlando, preocupado com a saúde do casal, disse ao G1 que já vai começar a pesquisar outros planos. "Somos conveniados da Unimed há 15 anos. Sempre fomos bem atendidos. A Unimed sempre cuidou bem de nós em termos hospitalares, já não dizer financeiramente. Pagamos todos os meses R$ 1,9 mil de convênio para ficarmos nesta situação desagradável e sem saber se teremos o serviço", disse ele.

Íntegra da nota da Unimed Paulistana
"A Unimed Paulistana informa que, por deliberação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sua carteira de beneficiários foi colocada em alienação compulsória; o que significa que a operadora terá um prazo para transferir o atendimento de seus clientes para outros planos de saúde.

Durante esse período fica suspensa a comercialização de novos planos ou produtos da operadora Unimed Paulistana. Ressaltamos que o Sistema Unimed – considerado a maior rede de assistência médica do Brasil, composta por 351 cooperativas, 110 mil médicos e 113 hospitais – está trabalhando ativamente para dar completo apoio ao atendimento dos mais de 740 mil clientes da Unimed Paulistana, dentro das normas estabelecidas pela ANS.

A empresa já está comunicando clientes, corretoras e cooperativas sobre a decisão da ANS e informando que o atendimento à carteira em vigor continua normalizado."

Íntegra da nota da Unimed Brasil
"A Unimed do Brasil – cooperativa que representa o maior sistema cooperativista de trabalho médico do mundo e a maior rede de assistência médica do Brasil – confirma que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou nesta quarta-feira (2/9) a alienação compulsória da carteira de beneficiários da operadora Unimed Paulistana. Isto significa que a operadora, pertencente ao Sistema Unimed, terá 30 dias corridos para transferir o atendimento de seus clientes para outros planos de saúde.

Neste período, o Sistema Unimed - composto por 110 mil médicos e 113 hospitais próprios - está trabalhando prioritariamente para manter o atendimento aos beneficiários da Unimed Paulistana, por meio de alinhamento constante com a ANS, e comunicará seus beneficiários sobre a ocorrência de novas definições.

A cooperativa esclarece que tal determinação foi instituída única e exclusivamente para a Unimed Paulistana, devido ao cenário econômico-financeiro vivenciado pela operadora, que possui gestão administrativa autônoma e independente, garantida pela Lei nº 5.764/1971. Esta medida não se estende para as demais 350 cooperativas que compõem o Sistema Unimed. Portanto, não atinge clientes de outras operadoras Unimed.

Para esclarecimento ao público, cada Unimed possui gestão autônoma e independente, o que não as impede de trabalhar a intercooperação na busca de um mesmo objetivo: prezar pela saúde e qualidade de vida no atendimento aos seus beneficiários. A adesão livre e voluntária, gestão democrática pelos cooperados, participação econômica nos resultados da cooperativa, educação, formação e informação e envolvimento com a comunidade completam os sete princípios cooperativistas que regem o Sistema Unimed"


Íntegra da nota da ANS
"A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou nesta quarta-feira (02/09) a alienação compulsória da carteira de beneficiários da operadora Unimed Paulistana. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), por meio da Resolução Operacional nº 1.891, com a finalidade de garantir a assistência aos consumidores.
A situação da operadora vem sendo acompanhada pela Agência que, desde 2009, instaurou quatro regimes especiais de direção fiscal (acompanhamento presencial feito por agente nomeado pela ANS em decorrência de anormalidades econômico-financeiras graves) e dois regimes de direção técnica (acompanhamento presencial feito por agente nomeado pela ANS em decorrência de anormalidades assistenciais e administrativas graves).
Como a operadora não conseguiu sanear os problemas, a ANS determinou que a Unimed Paulistana deve negociar a transferência da totalidade de sua carteira de beneficiários no prazo de 30 dias corridos após o recebimento da intimação. A interessada deverá possuir situação econômico-financeira adequada e manter as condições dos contratos sem prejuízos aos consumidores.
Caso não realize a alienação nesse prazo, a ANS fará uma oferta pública para que operadoras interessadas ofereçam propostas de novos contratos aos beneficiários da Unimed Paulistana.
É importante ressaltar que a operadora continua tendo obrigação de manter a assistência aos seus beneficiários até que a transferência para outra operadora seja finalizada. Os beneficiários devem manter o pagamento de seus boletos para garantir o direito à migração para uma nova operadora.
De acordo com dados de julho/2015, a Unimed Paulistana possui aproximadamente 744 mil beneficiários, em sua maior parte residente no município de São Paulo, e dos quais 78% estão em planos coletivos (empresariais e por adesão).
Em caso de dúvidas ou denúncias, os beneficiários podem entrar em contato pelo Disque ANS (0800 701 9656), pela Central de Atendimento no portal da Agência (www.ans.gov.br) ou pessoalmente, nos Núcleos da ANS presentes em 12 cidades. "
No estado de São Paulo, são dois endereços:
Núcleo da ANS em São Paulo: Av. Bela Cintra, nº 986 - 9º andar - Edifício Rachid Saliba - Bairro Jardim Paulista - São Paulo/SP.
Núcleo da ANS em Ribeirão Preto: Av. Presidente Vargas, nº 2121 - 2º Andar - Sala 203 - Edifício Times Square - Ribeirão Preto/SP.

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