Folha
A construtora Camargo Corrêa firmou sexta-feira um acordo de leniência com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e vai colaborar com as investigações da Operação Lava Jato que avançam sobre o setor elétrico. Funcionários e ex-funcionários da Camargo Corrêa também participam do acordo – entre eles, o ex-presidente Dalton dos Santos Avancini, que também se tornou delator na Lava Jato.
Dalton afirmou, em depoimento durante as investigações, que a Camargo e outras empreiteiras pagaram propina para garantir contratos em Angra 3 e na usina hidrelétrica de Belo Monte. Disse, também, ter pago R$ 10 milhões em propina ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi ministro de Minas e Energia até 2014. O ministro nega.
Pelo acordo de leniência, os investigados confessam sua participação, fornecem informações e apresentam documentos que comprovem as investigações do alegado cartel nas obras da usina Angra 3, da Eletronuclear.
PRÁTICA DE CARTEL
A empreiteira já vinha negociando esse acordo, exclusivo para a prática de cartel e que foi assinado em conjunto com o Ministério Público Federal do Paraná, há aproximadamente quatro meses.
As empreiteiras apontadas como participantes do cartel na Eletronuclear são Andrade Gutierrez, Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE (Empresa Brasileira de Engenharia), Technit, UTC, além da própria Camargo Corrêa. Pelo menos vinte e dois funcionários e ex-funcionários teriam participado do esquema, segundo as investigações.
As investigações apontam que o presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, recebeu R$ 4,5 milhões em propina.
“Pode parecer um valor pequeno, mas é um primeiro passo da investigação na área de energia”, disse, na terça, o delegado Igor Romário de Paula. Othon nega. Em depoimento, disse que o valor refere-se a traduções efetuadas por sua filha e serviços do genro.
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