Governo Dilma dá calote na OEA para transferir para a Unasur, dos bolivarianos…
Por Leonardo Courinho, na VEJA.com:
No governo petista, a diplomacia brasileira perdeu a sua relevância na defesa dos interesses nacionais e se transformou em uma peça de defesa da ideologia do partido que está no poder. Ano após ano, o Brasil foi ampliando o seu alinhamento com o chamado “bolivarianismo”, o populismo de esquerda inaugurado pelo falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e imitado em maior ou menor grau na Argentina, na Bolívia, no Equador e na Nicarágua. Esse alinhamento exige o gradual afastamento dos Estados Unidos, país que no discurso bolivariano é apontado como a causa de todos os males da região.
No governo petista, a diplomacia brasileira perdeu a sua relevância na defesa dos interesses nacionais e se transformou em uma peça de defesa da ideologia do partido que está no poder. Ano após ano, o Brasil foi ampliando o seu alinhamento com o chamado “bolivarianismo”, o populismo de esquerda inaugurado pelo falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e imitado em maior ou menor grau na Argentina, na Bolívia, no Equador e na Nicarágua. Esse alinhamento exige o gradual afastamento dos Estados Unidos, país que no discurso bolivariano é apontado como a causa de todos os males da região.
No ano
passado, o Brasil deu um passo drástico no esfriamento das relações com
os Estados Unidos, ao se recusar a pagar a sua contribuição obrigatória à
Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade que reúne as nações
das Américas do Sul, Central e do Norte. Dos 8,1 milhões de dólares
esperados, o Brasil depositou apenas 1 dólar, conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo em
janeiro passado. Para este ano, são previstas contribuições de 10
milhões de dólares, mas até o momento o Brasil não realizou nenhum
repasse para organização.
Acreditava-se
que o calote era resultado de um contingenciamento do orçamento do
Itamaraty. No entanto, a reportagem de VEJA fez uma análise das
transferências internacionais realizadas nos últimos anos e descobriu um
curiosa coincidência: no ano passado, o Brasil transferiu para União
das Nações Latino Americanas (Unasul) 16,24 milhões de reais – o
equivalente a mais de 6 milhões de dólares, considerando a cotação nas
datas dos pagamentos. O repasse para a Unasul foi mais que o dobro do
previsto no Orçamento da União aprovado pelo Congresso: 7,2 milhões de
reais. Em 2013, a contribuição brasileira para a Unasul, entidade
multilateral criada por Hugo Chávez, foi de apenas 344.000 reais. O
calote na OEA, portanto, é intencional. Não faltou dinheiro.
Simplesmente, a diplomacia petista optou por privilegiar a Unasul e
negligenciar a OEA.
Esse
processo começou em 2011, quando a Unasul foi criada com o intuito de
excluir os Estados Unidos, o Canadá e o México das discussões regionais.
Em abril daquele ano, a presidente Dilma Rousseff determinou que Ruy
Casaes, embaixador brasileiro na OEA, fosse chamado de volta a Brasília
em protesto contra a manifestação da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH) pedindo asuspensão das obras da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte. Desde então, o Brasil tem apenas um representante interino
na organização, Breno Dias Costa. Para o ex-embaixador do Panamá na OEA,
Guillermo Cochez, a entidade é vítima de um processo de esvaziamento
liderado pela Venezuela e do qual o Brasil faz parte. “É triste ver uma
potência regional como o Brasil deixar-se guiar por uma política externa
contrária aos valores democráticos”, diz Cochez.
No ano
passado, quando a então deputada Maria Corina Machado tentou levar para o
âmbito da OEA o debate sobre a violência contra manifestantes que
invadiram as ruas da Venezuela contra o regime chavista, o representante
brasileiro se uniu ao coro dos chavistas para desqualificar o
depoimento da venezuelana e para impedir que ele acontecesse em reunião
aberta. Breno Dias da Costa disse, na ocasião: “O objetivo desta reunião
não é transformá-la em um circo para o público externo, como alguns
representantes mostraram que querem fazer.” O episódio demonstrou que o
governo brasileiro não apenas não aceita ser criticado em questões de
direitos humanos, como toma as dores quando o mesmo acontece com a
Venezuela.
Para
governos que não gostam de críticas, a Unasul é o clube perfeito. Toda
vez que é chamada para “mediar” a crise política na Venezuela, a
organização dedica-se basicamente a endossar as acusações feitas pelo
presidente Nicolás Maduro à oposição e silencia sobre o fato de que há
presos políticos no país.
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