Projeto que propõe mudanças na Previdência foi aprovado na quarta (29).
Houve confronto durante a votação e mais de 200 pessoas ficaram feridas.
Bomba
atirada pela polícia explode ao lado de um manifestante durante ação da
polícia para dispersar o protesto em Curitiba (PR) (Foto: Daniel
Castellano/Agência Gazeta do Povo)
Os professores da rede estadual de ensino do Paraná, que estão em greve
desde sábado (25), devem definir o rumo da paralisação em uma reunião
marcada para as 9h desta quinta-feira (30). A greve foi motivada pelo
projeto do governo estadual de mudar a forma de custear a
ParanaPrevidência, o regime da Previdência Social dos servidores do
estado. Nesta quarta (29), o texto foi aprovado em segundo turno e em
redação final. Agora segue para sanção do governador Beto Richa (PSDB).Um protesto em frente à Assembleia Legislativa terminou em confronto durante a votação do projeto. Segundo a Prefeitura de Curitiba, 213 pessoas ficaram feridas, em mais de duas horas em conflito, com uso de bombas e tiros de balas de borracha. Um cachorro da polícia mordeu um cinegrafista.
A Secretaria de Segurança Pública afirma que 20 policiais também ficaram machucados. Sete pessoas foram presas, segundo balanço divulgado pela Polícia Civil.
O sindicato dos professores diz que havia 25 mil manifestantes no local. A polícia fala em 5 mil. Desde o início da sessão no Plenário, que começou por volta das 15h, o clima foi tenso no Centro Cívico de Curitiba. No meio da tarde, a polícia recebeu ordem para avançar sobre os manifestantes, que haviam tentado ultrapassar a barreira humana feita pelos PMs para acompanhar a sessão de votação na Assembleia.
Mais de 200 pessoas ficaram feridas em Curitiba
(Foto: Giuliano Gomes / PRPRESS)
O projeto aprovado em sessão extraordinária na quarta segue agora para
sanção do governador Beto Richa (PSDB). Foram 31 votos favoráveis e 20
contrários, mesmo número de votos da primeira votação. Veja abaixo o que muda com a aprovação do projeto. (Foto: Giuliano Gomes / PRPRESS)
Esta é a segunda paralisação dos professores desde o início do ano letivo, que começou com atraso de 29 dias. Mais de 950 mil estudantes estão matriculados na rede estadual e estão sem aula desde segunda-feira (27).
Confronto
Os professores foram impedidos de entrar na Assembleia já na segunda-feira (27), quando o projeto foi votado em primeiro turno.
Resguardada pelo mandado proibitório, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná blindou o Plenário durante o fim de semana, posicionando policiais em todo o entorno. O presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), defendeu a proibição afirmando que o patrimônio público não poderia ser lesado.
A manifestação ganhou força quando muitos ônibus com servidores do interior chegaram ao Centro Cívico de Curitiba, no começo de terça-feira (28). Com mais pessoas e ânimos aflorados com o passar do dia, o primeiro confronto surgiu, na madrugada da terça, quando dois caminhões de som do sindicato dos professores foram rebocados e retirados da frente da Assembleia.
O pior embate entre manifestantes e policias, no entanto, foi nesta quarta-feira. Dos cerca de 200 feridos, 63 foram encaminhados para hospitais. Os primeiros atendimentos foram realizados na sede da Prefeitura Municipal, que também fica na região do Centro Cívico.
Um repórter cinematográfico da TV Bandeirantes de Curitiba, Luiz Carlos de Jesus, foi atacado por um cão pit bull da Polícia Militar, durante os protestos de quarta. Assista ao vídeo.
A administração estadual enfrenta problemas de caixa, e a estimativa é que essas mudanças vão representar uma economia de R$ 125 milhões por mês.
Com a aprovação do projeto pelos deputados, 33.556 beneficiários com 73 anos ou mais serão transferidos do Fundo Financeiro para o Previdenciário.
O Fundo Financeiro é bancado pelo governo estadual. Já o Previdenciário é composto por contribuições dos servidores estaduais. Com essa mudança da origem do custeio, a administração economizaria mensalmente os referidos R$ 125 milhões.
O governo afirma que serão preservadas todas as garantias dos funcionários públicos e que os cálculos atuais realizados pelos técnicos garantem a solvência do sistema por 29 anos.
Mas os servidores alegam que a mudança comprometeria a saúde financeira da ParanaPrevidência, ou seja, faria que, com o tempo, a instituição tivesse mais a pagar do que a receber.
O projeto do governo estadual prevê que o Fundo Previdenciário terá ainda o aporte de R$ 1 bilhão a partir de 2021, com o reinício de repasse ao Estado dos royalties da usina de Itaipu, que garantiria a solvência do sistema por pelo menos 29 anos.
Em fevereiro, o governo estadual retirou um projeto apresentado na Assembleia e fez modificações antes de submetê-lo novamente à votação.
Policiais sem diárias
A Associação de Praças do Estado do Paraná (Apras) afirmou que policiais militares de Maringá, que foram para Curitiba reforçar o policiamento ao redor da Assembleia Legislativa, precisaram sair do hotel onde estavam hospedados porque a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) não pagou as diárias até terça-feira (28).
Manifestantes e Tropa de Choque entraram em confronto (Foto: Giuliano Gomes/Agência PRPRESS)
Policiais
que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná
(Alep) entram em confronto com manifestantes em Curitiba (Foto: Paulo
Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Mulher
corre de paredão da Tropa de Choque durante repressão do protesto de
professores em Curitiba (PR) (Foto: Daniel Castellano/Agência Gazeta do
Povo)
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