Um
bebê de cinco meses morreu de insuficiência respiratória na manhã desta
terça-feira, 30, em Feira de Santana (a 109 km de Salvador) após sua
mãe não conseguir vaga em uma Unidade de Tratamento Intensivo. Ainda na
noite do último domingo, a mãe de Camili Santos Batista foi orientada no
Pronto-Socorro 24 Horas do bairro do Tomba a dar a ela remédios para
rinite, tosse alérgica e asma. Após receber as medicações, o bebê
dormiu. Na segunda, 29, às 20h, tomou segunda dose e, por volta das
23h30, passou mal e foi levada ao hospital da Unimed. Naquela unidade, a
criança ficou internada até as 11h30 desta terça. Naquele hospital, a
família foi orientada a transferir a paciente para uma unidade de
referência e com UTI pediátrica devido à gravidade de seu estado.
Contudo, foi difícil achar uma vaga em UTI e o bebê morreu após sofrer
quatro paradas cardíacas.
Ao
ser informada de que não havia leitos disponíveis, inclusive na rede
pública, a família se desesperou. Os familiares acusam a Unimed de não
providenciar transferência para um hospital privado com UTI pediátrica.
A tia, Elisa Miranda, disse: "Pagamos o plano de saúde e o mínimo que
deveriam fazer era providenciar um hospital conveniado para minha
sobrinha. Ela ficou numa sala comum. Não sabíamos que este hospital não
tem UTI. Queremos uma reparação porque a Unimed tinha obrigação de
providenciar a transferência dela para um hospital particular com UTI
pediátrica. Eles disseram que não acharam vaga em nenhum hospital, nem
em Salvador. Um absurdo a criança morrer por falta de vaga". Segundo a
família, a criança foi internada por volta da meia-noite de
segunda-feira e até as 11h30 desta terça não se conseguiu sua
transferência, mesmo sendo um caso grave. "A médica do posto médico
receitou um remédio. A mãe deu a ela em casa, mas o remédio foi para o
pulmão. Daí em diante, foi só sofrimento. Eu não quero indenização, não
quero nada. O que eu queria era a vida da minha neta", afirmou o avô
Elísio Gomes dos Santos. O diagnóstico era de uma broncoaspiração grave,
segundo a mãe da criança, Elisane Gomes dos Santos, de 28 anos. "Mas,
depois de quatro paradas respiratórias, onze horas de espera, já era
tarde. Minha bebê morreu", lamentou a mãe. Segundo a Unimed, ocorreu
insuficiência respiratória grave. A assessoria de comunicação da Unimed
explicou que a criança deu entrada no hospital em estado grave e recebeu
total assistência, mas a unidade não tem UTI. Além disso, o serviço
social da instituição tentou vaga em todos os hospitais das redes
pública e privada, até na capital, mas não encontrou. De acordo com o
setor, foi feito todo o procedimento para a solicitação da transferência
para um hospital público, mas sem sucesso. Ainda segundo a assessoria
da Unimed, o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira, é referência,
mas não tinha vaga. O HEC foi procurado pelo serviço social da Unimed,
mas estava com a capacidade plena, segundo informou a assessoria de
comunicação da unidade de saúde. "São duas alas com UTIs pediátricas e
estão todas ocupadas. São dez leitos para regulação e dez para pacientes
crônicos. Ainda temos crianças na fila de espera. É referência em
pediatria, mas não temos vagas. O plano de saúde da família deveria
procurar hospitais conveniados, como os de Salvador", disse Paula
Macedo, da assessoria. A assessoria da Secretaria da Saúde do Estado da
Bahia informou que não poderia regular uma paciente da rede particular
para a pública. E que a criança estava internada num hospital particular
e com plano de saúde com cobertura. O procedimento seria o serviço
social da Unimed solicitar a transferência para a rede pública. Assim, a
criança entraria na regulação. "Enquanto aguardava regulação, o plano
de saúde deveria providenciar a transferência para um hospital da rede
particular", finalizou o órgão. (A Tarde)
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