Ministério do Trabalho denunciou trabalho escravo de bolivianos em SP.
Investigação durou 3 meses e apontou jornadas excessivas na confecção.
Segundo a investigação, a dona da empresa na capital paulista era boliviana e pagava os funcionários por produção, com descontos indevidos. A apuração com denúncias de situações de trabalho escravo duraram três meses. As roupas, produzidas nas jornadas exaustivas constadas pelo MTE, eram enviados para outras duas empresas contratadas pelas lojas Renner.
"Nós estamos falando de trabalho absolutamente degradante, de trabalhador intoxicado, de trabalhador que não recebe salário. O salário dele é aprisionado, alguém recebe e vai dando aos poucos pra ele, de trabalhadores enganados, é caso criminoso, é caso muito grave", afirmou o superintendente regional do trabalho, Luiz Antonio Medeiros.
Só em 2014, a Superintendência Regional do Trabalho libertou 100 imigrantes em São Paulo, que trabalhavam em regime semelhante ao de escravidão. De todas as 14 operações feitas, esta última foi considerada a mais grave.
"Enquanto não acabar essa pulverização que permite com que grandes marcas, roupas conhecidas e queridas pelo público brasileiro sejam produzidas no fundo de quintal, aqui na periferia de São Paulo. Vão continuar infelizmente ocorrendo casos de submissão de nossos irmãos imigrantes à condição análoga de escravidão", disse o auditor-fiscal Luís Alexandre Faria.
Procurada pelo G1, a Renner informou que as situações de irregularidade apontadas pelo MTE são relacionadas a uma oficina contratada por dois fornecedores da empresa. "Todos os fornecedores da Companhia assinam contratos em que se comprometem a cumprir a legislação trabalhista vigente, bem como um Termo de Compromisso e Conduta Responsável que proíbe qualquer tipo de violação aos dispositivos legais", disse a Renner.
A empresa alegou ainda que foi informada sobre a fiscalização do MTE no dia 11 de novembro e, na mesma data, "notificou os fornecedores para regularização imediata da situação trabalhista dos empregados". A empresa afirma ainda que a oficina fiscalizada fica em São Paulo, e não possui unidades no Rio Grande do Sul.
Segundo a Renner, a oficina onde trabalhavam os empregados deu baixa em todas as carteiras de trabalho, pagou as verbas rescisórias e liberou o FGTS. Em seguida, foi descredenciada pelos dois fornecedores, que garantiram "a admissão destes trabalhadores em suas operações, com pagamento das indenizações trabalhistas fixadas pelo MTE". A empresa diz que "está revisando e aperfeiçoando o processo de auditoria e certificação de fornecedores".
MTE divulga fotos de situação precária em oficina que costurava para lojas (Foto: Reprodução TV Globo)
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