Samuel Costa/Hoje em Dia
CTNanotubos prepara novas aplicações e escala industrial
O coordenador Marcos Pimenta explica os nanotubos: "É uma espécie de boneca russa"

Cimentos super-resistentes, plásticos praticamente inquebráveis. Materiais que parecem sair de um filme de ficção científica estão sendo produzidos no Centro de Tecnologia em Nanotubos de Carbono (CTNanotubos), o primeiro do país, localizado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), na Pampulha.
 
Os superpoderes desses materiais são resultado da aplicação de nanotubos, partículas atômicas criadas em laboratório, que são formadas por uma espécie de túnel de carbono, 100 mil vezes mais fino do que um fio de cabelo.
 
Para produzir os nanotubos, o gás carbônico é colocado em um forno, onde são acrescidas substâncias catalizadoras. “Os nanotubos se formam sozinhos. É como se fossem fibras”, explica o coordenador do centro de tecnologia, Marcos Pimenta. E as aplicações desta substância microscópica são quase que ilimitadas, indo da construção civil à aviação.
 
Atualmente, o CTNanotubos produz cimentos e plásticos enriquecidos com os tubos de carbono. Os materiais, no entanto, não foram escolhidos aleatoriamente. Petrobras e Camargo Corrêa, a última por meio da InterCement, são os patrocinadores do projeto, que acaba de receber, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 36 milhões para construção da nova sede.
 
A ideia é reforçar o plástico utilizado pela estatal petrolífera na exploração de petróleo e melhorar a resistência dos cimentos da cimenteira. A produção é realizada em média escala, para uso experimental, o que deve mudar no curto prazo.
 
Em no máximo um ano e meio, de acordo com Pimenta, haverá produção comercial. “Para isso, além de produzirmos em quantidades maiores, devemos nos esforçar para baratear o produto”, afirma.
 
O preço do nanotubo de carbono varia de acordo com a dificuldade de produção. Existem mais simples, que custam US$ 100 por quilo, e outros mais elaborados, que podem sair por até US$ 1 milhão o quilo. Em Belo Horizonte, é fabricado o chamado nanotubo de múltiplas paredes (US$ 100/kg), que é como se fosse um tubo dentro do outro. “É uma espécie de boneca russa”, diz o coordenador.
 
Ele explica que o o CTNanotubos buscou uma sede fora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde nasceu, para ampliar a conexão entre o meio empresarial e o acadêmico, um desafio da economia atual. 
“Quando estávamos dentro da universidade, tínhamos a intenção de produzir para gerar informação. Hoje, nossa principal intenção é aumentar a aplicação dos nanotubos nos processos industriais”, comenta. Outras empresas já procuram o centro tecnológico para a formação de parcerias. As propostas têm sido analisadas.
 
 
Centro terá sede de R$ 36 milhões
 
Em pouco mais de um ano e meio, o Centro de Tecnologia em Nanotubos de Carbono (CTNanotubos) deve se instalar em um prédio de última geração, localizado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), na Pampulha. A transferência será possível graças a um investimento de R$ 36 milhões, realizado por BNDES, Petrobras e pela Camargo Corrêa, por meio da InterCement, no mês passado. Hoje, o centro funciona em caráter provisório em galpões anteriormente ocupados pela cavalaria da Polícia Militar (PM), no próprio BH-Tec.
 
O novo prédio terá quatro andares, com 2,5 mil metros de área construída. “As obras durarão 1 ano e meio após iniciadas. Esperamos que elas comecem em breve”, afirma o coordenador do centro de tecnologia, Marcos Pimenta. 
 
 
BHTec
 
O BH-Tec possui uma área de 8 mil metros quadrados. Destas, atualmente, 2,6 mil são de área locável, que sedia 16 empresas e dois centros tecnológicos. A intenção é que, no futuro, pelo menos 30 mil metros quadrados estejam disponíveis para aluguel. Pelo menos 100 empresas de tecnologia são esperadas no espaço.
 
A ampliação configura a segunda fase do parque, conforme explica o presidente do BH-Tec, Ronaldo Pena, que prepara uma nova proposta de licitação para ser lançada ao mercado. A primeira, realizada em dezembro do ano passado, fracassou.
 
Na próxima tentativa de fazer com que o projeto deslanche, a intenção é conseguir um parceiro privado para construir e operar os cinco prédios que irão compor a segunda etapa, mediante investimento previsto de R$ 465 milhões. No primeiro leilão, ganharia quem oferecesse o maior valor de outorga, com mínimo estipulado em R$ 1,7 milhão. Ficaria responsável pelo parque a empresa ou consórcio que pagasse, anualmente, o maior valor à associação que administra o BH-Tec, formada por Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), governo de Minas e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG).
 
Quando os prédios estivessem ocupados, no entanto, o valor mínimo poderia ser substituído por 2% do faturamento bruto do parque, valendo o que for mais alto.
 
A princípio, a forma de pagamento será mantida no edital. No entanto, deve haver uma redução no ônus ao investidor. Pena ressalta que 92 empresas já confirmaram interesse em se instalar no BH-Tec.
 
CTNanotubos prepara novas aplicações e escala industrial