por
Vitor Sorano - iG São Paulo
Publicada TRIBUNA DA BAHIA
Carlos Costa, diretor da Telexfree no Brasil
A Telexfree, acusada de ser a maior pirâmide financeira do Brasil pelo
Ministério Público do Acre, está sob investigação na República Dominicana. No
Peru, uma autoridade de supervisão financeira emitiu um alerta informando que a
empresa não tem autorização para captar recursos.
As atividades da Telexfree são alvo, há cerca de um mês, da Divisão de Delitos Tecnológicos da Procuradoria Geral da República Dominicana – equivalente ao Ministério Público Federal do Brasil. A suspeita é a mesma que atinge a empresa no Brasil: pirâmide financeira.
“Essa foi a inquietude que chegou até aqui”, afirma o procurador John Henry Reynoso Ramírez, responsável pelo caso, em entrevista ao iG. “Estamos fazendo as investigações: de onde vêm? O que produzem? O que vendem?”
O número de pessoas que entraram no negócio — chamados de divulgadores – ainda é desconhecido, mas o analista financeiro e sócio-diretor da Betametrix, Alejandro Fernandez, fala em "dezenas de milhares de pessoas" Ele lembra que o salário mínimo dominicano equivale a aproximadamente US$ 120 – ou menos da metade da adesão mais barata à Telexfree.
"Mas quando a empresa começa a pagar, recebem US$ 120 por semana", comenta Fernandez, que foi ameaçado por acusar a empresa de ser uma pirâmide financeira.
Para o analista, o alto desemprego entre jovens – em 2012 estava 32% dos 19 a 24 anos, segundo Escritório Nacional de Estatísticas dominicano – combinado com alto acesso à internet tornaram a sociedade dominicana um terreno fértil para o desenvolvimento da empresa.
"E a gente é muito incrédula", conta Fernandez, que foi ameaçado por um divulgador.
Os advogados da Telexfree não comentaram.
EUA, Brasil e mundo
Fundada no estado americano de Massachusetts em 2002, onde é detida pelo brasileiro Carlos Wanzeler e pelo americano James Merrill, a Telexfree chegou ao Brasil formalmente em 2010, quando os sócios da empresa americana abriram a Ympactus Comercial em Vitória, juntamente com Carlos Costa.
Depois de atrair, no País, cerca de 1 milhão de pessoas – que pagaram de US$ 289 a a US$ 1.375 em taxas de adesão com a promessa de lucrar na revenda de pacotes de VoIP (serviço que pode ser usado de graça) e colocação de anúncios na internet –, a Ympactus teve suas contas e atividades bloqueadas em junho, sob suspeita de ser uma pirâmide financeira. A decisão foi dada pela juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Civel de Rio Branco (Acre).
O valor captado é desconhecido, mas Thaís determinou o congelamento de até R$ 6 bilhões nas contas da empresa e dos sócios. Logo após a determinação, eles tentaram transferir R$ 101 milhões para outras empresas do grupo, sem sucesso.
Os representantes da Telexfree negam irregularidades, e afirmam que faturamento da empresa vem da venda de pacotes de telefonia VoIP por meio de marketing multinível. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), porém, diz que o VoIP da Telexfree é clandestino.
O bloqueio da Ympactus no Brasil tornou mais evidentes as atividades da Telexfree no exterior. E, possivelmente, elas continuam a ocorrrer por meio da Telexfree INC, com sede em Massachusetts, e da Telexfree LLC, fundada em Nevada em julho de 2012 por Wanzeler, Costa e Merrill.
Investigações
Segundo Reynoso, o procurador dominicano, os dados obtidos até agora não permitem saber se há a participação de brasileiros no sucesso da Telexfree na República Dominicana. Por isso, ainda não houve nenhuma comunicação com autoridades brasileiras.
“Mas temos um convênio e uma boa colaboração. Certamente, se houver brasileiro [esse canal de intercâmbio será acionado].”
Fotos divulgadas em setembro por um divulgador da Telexfree na República Dominicana mostram Wanzeler e Sanderley Rodrigues – considerado um dos maiores líderes da Telexfree nos Estados Unidos – num evento do negócio em Santo Domingo, capital dominicana. Rodrigues também teria visitado o país em 14 de dezembro, segundo outra imagem.
"Ele [Sanderley] esteve aqui faz uma semana", disse o divulgador que publicou as fotos, sem saber que falava com a reportagem.
A PGR, entretanto, aguarda uma denúncia de algum integrante da Telexfree que tenha sido prejudicado – exigência, segundo Reynoso, para que uma ação possa ser instaurada contra a empresa. “Nós temos que investigar [enquanto isso]. Temos de garantir a tranquilidade da sociedade”.
Peru
No Peru, a Superintendência de Bancos, Seguros e Administradores de Fundos e Pensões emitiu no último dia 12 uma nota informando que a Telexfree “não está autorizada a captar dinheiro público.” A instituição solicitou que a população denuncie as atividades irregulares à Polícia e ao Ministério Público.
O alerta inclui também a WCM777, outra empresa que se apresenta como atuante no marketing multinível e teve as atividades bloqueadas pela Comissão de Valores Mobiliários de Massachusetts no mês passado.
As atividades da Telexfree são alvo, há cerca de um mês, da Divisão de Delitos Tecnológicos da Procuradoria Geral da República Dominicana – equivalente ao Ministério Público Federal do Brasil. A suspeita é a mesma que atinge a empresa no Brasil: pirâmide financeira.
“Essa foi a inquietude que chegou até aqui”, afirma o procurador John Henry Reynoso Ramírez, responsável pelo caso, em entrevista ao iG. “Estamos fazendo as investigações: de onde vêm? O que produzem? O que vendem?”
O número de pessoas que entraram no negócio — chamados de divulgadores – ainda é desconhecido, mas o analista financeiro e sócio-diretor da Betametrix, Alejandro Fernandez, fala em "dezenas de milhares de pessoas" Ele lembra que o salário mínimo dominicano equivale a aproximadamente US$ 120 – ou menos da metade da adesão mais barata à Telexfree.
"Mas quando a empresa começa a pagar, recebem US$ 120 por semana", comenta Fernandez, que foi ameaçado por acusar a empresa de ser uma pirâmide financeira.
Para o analista, o alto desemprego entre jovens – em 2012 estava 32% dos 19 a 24 anos, segundo Escritório Nacional de Estatísticas dominicano – combinado com alto acesso à internet tornaram a sociedade dominicana um terreno fértil para o desenvolvimento da empresa.
"E a gente é muito incrédula", conta Fernandez, que foi ameaçado por um divulgador.
Os advogados da Telexfree não comentaram.
EUA, Brasil e mundo
Fundada no estado americano de Massachusetts em 2002, onde é detida pelo brasileiro Carlos Wanzeler e pelo americano James Merrill, a Telexfree chegou ao Brasil formalmente em 2010, quando os sócios da empresa americana abriram a Ympactus Comercial em Vitória, juntamente com Carlos Costa.
Depois de atrair, no País, cerca de 1 milhão de pessoas – que pagaram de US$ 289 a a US$ 1.375 em taxas de adesão com a promessa de lucrar na revenda de pacotes de VoIP (serviço que pode ser usado de graça) e colocação de anúncios na internet –, a Ympactus teve suas contas e atividades bloqueadas em junho, sob suspeita de ser uma pirâmide financeira. A decisão foi dada pela juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Civel de Rio Branco (Acre).
O valor captado é desconhecido, mas Thaís determinou o congelamento de até R$ 6 bilhões nas contas da empresa e dos sócios. Logo após a determinação, eles tentaram transferir R$ 101 milhões para outras empresas do grupo, sem sucesso.
Os representantes da Telexfree negam irregularidades, e afirmam que faturamento da empresa vem da venda de pacotes de telefonia VoIP por meio de marketing multinível. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), porém, diz que o VoIP da Telexfree é clandestino.
O bloqueio da Ympactus no Brasil tornou mais evidentes as atividades da Telexfree no exterior. E, possivelmente, elas continuam a ocorrrer por meio da Telexfree INC, com sede em Massachusetts, e da Telexfree LLC, fundada em Nevada em julho de 2012 por Wanzeler, Costa e Merrill.
Investigações
Segundo Reynoso, o procurador dominicano, os dados obtidos até agora não permitem saber se há a participação de brasileiros no sucesso da Telexfree na República Dominicana. Por isso, ainda não houve nenhuma comunicação com autoridades brasileiras.
“Mas temos um convênio e uma boa colaboração. Certamente, se houver brasileiro [esse canal de intercâmbio será acionado].”
Fotos divulgadas em setembro por um divulgador da Telexfree na República Dominicana mostram Wanzeler e Sanderley Rodrigues – considerado um dos maiores líderes da Telexfree nos Estados Unidos – num evento do negócio em Santo Domingo, capital dominicana. Rodrigues também teria visitado o país em 14 de dezembro, segundo outra imagem.
"Ele [Sanderley] esteve aqui faz uma semana", disse o divulgador que publicou as fotos, sem saber que falava com a reportagem.
A PGR, entretanto, aguarda uma denúncia de algum integrante da Telexfree que tenha sido prejudicado – exigência, segundo Reynoso, para que uma ação possa ser instaurada contra a empresa. “Nós temos que investigar [enquanto isso]. Temos de garantir a tranquilidade da sociedade”.
Peru
No Peru, a Superintendência de Bancos, Seguros e Administradores de Fundos e Pensões emitiu no último dia 12 uma nota informando que a Telexfree “não está autorizada a captar dinheiro público.” A instituição solicitou que a população denuncie as atividades irregulares à Polícia e ao Ministério Público.
O alerta inclui também a WCM777, outra empresa que se apresenta como atuante no marketing multinível e teve as atividades bloqueadas pela Comissão de Valores Mobiliários de Massachusetts no mês passado.
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