Casarões, hotéis e antigas sedes de órgãos públicos estão degradados.
Impasse entre Município, Estado e Governo Federal é um dos desafios.
Majestoso Hotel Cassina precisa ser reconstruído do zero (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)Um dos prédios em ruínas mais lembrado é o Hotel Cassina, um dos espaços mais frequentados por empresários da época da borracha. Situado na Rua Bernardo Ramos, no Centro Histórico de Manaus, o local também funcionou como a hospedagem Cabaré Chinelo. Atualmente, o manauense consegue identificar o casarão apenas pela fachada. As portas foram fechadas com concreto, o muro está pichado e o mato, crescido no interior da estrutura, atravessa as janelas tornando visível o aspecto de abandono para quem passa pela via.
"O Hotel Cassina tem que ser completamente reconstruído com novo piso, escada, telhados e janelas", reafirmou Sheila Campos, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Manaus. "Só resta a fachada. Internamente o prédio está completamente destruído", concordou o titular da Secretaria Municipal do Centro (SEMC), Rafael Assayag.
Segundo o secretário, o projeto para reconstrução do hotel foi aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas 2. No entanto, a previsão é que o prédio fique pronto em dois anos. Na Copa do Mundo, a estrutura deve ser identificada turisticamente como ruína. A reforma do Museu do Homem do Norte, na Avenida Sete de Setembro, também no Centro da capital, deve aguardar o mesmo período para ficar pronto.
Próximo ao Hotel Cassina, a antiga sede da Câmara Municipal de Manaus também deve receber investimentos. "Por dentro, o prédio da Câmara apresenta estado deplorável", disse Assayag. Os espaços estão entre os dez logradouros públicos contemplados pelo PAC, orçado em R$ 33 milhões.
Alguns prédios históricos carentes de reforma são de propriedade particular, e esse é um dos desafios para a restauração dos casarões. O Palacete Nery, antiga residência do ex-governador Silvério Nery é um deles. Localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro, a mansão está fora da área tombada pelo Iphan. "Há um grande interesse por parte do dono em restaurar o espaço, mas tudo depende do investimento", disse Sheila Campos, do instituto.
Antiga residência do governador Silvério Nery entra nos desafios de preservar patrimônio privado (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)Rafael Assayag ressaltou que alguns donos de casarões históricos de menor porte têm dívidas junto ao poder público. "Muitos têm débitos de IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano]. Sem contar que não se pode exigir um valor mais alto que a avaliação do imóvel. Hoje em dia, os imóveis abandonados funcionam como pontos de drogas e espaço para abrigar quadrilhas, infelizmente", lamentou o secretário.
Restaurações
Entre os locais restaurados pela Prefeitura de Manaus está o Paço da Liberdade, sede do Palácio do Governo em 1880, reformado nos primeiros dez meses da atual gestão municipal. A Biblioteca Pública Municipal, na Praça do Congresso, e o Relógio Municipal também passam por reparos e, de acordo com a SEMC, deve ficar pronto até a realização da Copa do Mundo em 2014.
No âmbito de atuação do Governo do Estado, alguns locais estão sendo restaurados. O Palácio da Justiça, situado na Avenida Eduardo Ribeiro, Centro da capital, era a sede do poder judiciário da Manaus Antiga e recebeu obras através do projeto Cartão Postal, da Secretaria de Estado da Cultura (SEC).
Participa também do projeto, o Ideal Clube, na esquina da Avenida Eduardo Ribeiro com a Rua Monsenhor Coutinho. As obras do local estão em andamento, segundo informações da SEC. A antiga sede da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), na Praça dos Remédios, e a própria Igreja dos Remédios também estão no aguardo de obras.
Paço da Liberdade fica localizado no Centro de Manaus (Foto: Marcos Dantas / G1 AM)
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