MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Polícia apreende vaso sanitário em manifestação no Recife


Objeto estava sendo usado pelos manifestantes em performances.
Rádio Patrulha alegou que privada estava quebrada na base.

Do G1 PE

Mascarados realizam protesto no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)Mascarados usam privada em espécie de performance durante protesto (Foto: Alexandre Morais / G1)
Uma equipe da Rádio-Patrulha de Pernambuco apreendeu uma bacia sanitária, durante a manifestação que foi realizada no Centro do Recife, na tarde desta quinta-feira (29). A privada estava sendo identificada pelos manifestantes como "O trono de Damázio", em alusão ao nome do secretário de Defesa, Wilson Damázio, que anunciou, na semana passada, a proibição do uso de máscaras por manifestantes. A caminhada desta tarde, que teve convocação pela internet, faz uma crítica a essa proibição.
Os manifestantes estavam realizando uma espécie de performance com a bacia sanitária. A cada parada, o objeto era colocado no chão e, dentro dele, depositavam uma foto do governador Eduardo Campos. Com martelos de plástico, fingiam bater para destruir o vaso.
Mascarados realizam protesto no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)PM recolheu o objeto, alegando que ele estava quebrado na
base, o que podia gerar risco para os manifestantes
(Foto: Alexandre Morais / G1)
O vaso sanitário foi apreendido pelo capitão Tarcízio Mendes, da Rádio-Patrulha. "Ela estava quebrada na base, podia machucar algum manifestante", justificou. A privada tinha sido confeccionada pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR). "Isso é uma palhaçada. Nem a privada tem o direito de se manifestar. Não existe estado democrático nenhum", disse uma das integrantes do MEPR, que se identificou apenas como Maria.
O objeto foi colocado no xadrez da viatura e retirado da área da manifestação. O objetivo dos manifestantes era fazer o protesto na frente da sede da Secretaria de Defesa Social (SDS), mas bloqueios foram montados entre a Rua Capitão Lima e Avenida Mário Melo, impedindo o acesso direto deles à SDS.
O protesto se deslocou para a Avenida Cruz Cabugá e, deitados no asfalto, os manifestantes bloquearam a passagem dos veículos. Alguns motoristas de ônibus fizeram o retorno, em busca de outros caminhos, enquanto a caminhada continuava em direção à Rua do Príncipe, sempre seguida por policiais militares e soldados da Rádio-Patrulha.
Na altura da Câmara Municipal, outro bloqueio dos policiais foi formado, impedindo novamente que os manifestantes se aproximassem do prédio, que foi apedrejado na última manifestação realizada no local, no dia 21 de agosto. Por volta das 17h50, o ato foi encerrado com a dispersão dos manifestantes e a saída das equipes da Polícia Militar.
Eduardo Campos foi lembrado nas máscaras em manifestação no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)Eduardo Campos foi lembrado nas máscaras em
manifestação no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)
Concentração e caminhada
Cerca de 50 pessoas participam se concentraram para a manifestação, no Parque Treze de Maio, no centro do Recife, com o objetivo de seguir em direção à sede da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro de Santo Amaro. O protesto, convocado pelo Facebook sob o nome "Primeiro Baile de Máscaras Damázio", fazia uma crítica à proibição do uso de máscaras em manifestações, anunciada pelo governo do estado na semana passada. Na convocação feita pela internet, os organizadores do protesto pediram aos participantes que fossem à passeata mascarados.
Entre as máscaras usadas pelos manifestantes, havia várias do próprio secretário Damázio, da presidente Dilma Rousseff, do governador Eduardo Campos, outras coloridas que cobrem somente os olhos, tendo a bandeira de Pernambuco como motivo, e a mais popular entre as últimas manifestações, do personagem "Anonymous". Pessoas ligadas aos movimentos Resistência Pernambucana, Movimento Estudantil Popular Revolucionário, União Revolucionária, CSP-Conlutas e da Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco participaram da caminhada.
Ainda na concentração, uma equipe de aproximadamente dez policiais da Rádio-Patrulha fez uma revista no grupo que se preparava para a caminhada. "Recebemos uma denúncia de que existem pessoas mascaradas portando explosivos. Estamos cumprindo ordens", disse o capitão Tarcízio Mendes, único entre os policiais que estava identificado.
Estudante se queixa de ter sido preso sem acusação, no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)Estudante que diz ter sido preso sem acusação
mostra B.O. e marcas de algemas durante revista
(Foto: Alexandre Morais / G1)
Algumas pessoas tiveram suas mochilas revistadas e tiveram que tirar as máscaras, conforme a determinação da SDS. Nada foi encontrado. Dois advogados da ONG Centro Popular de Direitos Humanos acompanham a manifestação. "Estamos acompanhando desde o protesto do dia 20 de junho, para mediar conflitos e defender manifestantes que tenham sido detidos ou apreendidos", explica o defensor Rafael Vasconcelos, que também integra a comissão de direitos humanos da OAB-PE. Segundo ele, 57 pessoas foram conduzidas pela polícia a delegacias do Recife desde o primeiro protesto, em junho, para registro de ocorrência ou para depor em averiguações.
O estudante de ciência política Jonatha Nunes, 26 anos, foi revistado pela PM. Ao ver um papel ser retirado de sua mochila, alegou que aquilo era a única arma que trazia para a manifestação. "É o boletim de ocorrência da queixa que eu registrei, por ter sido detido sem motivo ou acusação formal", disse. À reportagem do G1, ele contou que estava em uma festa com um amigo, na noite do dia 26 de agosto, quando os dois foram abordados por policiais no Recife Antigo.
Nunes disse ter sido levado à delegacia de Santo Amaro, onde foi algemado e ficou detido na cela por aproximadamente uma hora, sem ter sido informado do crime que supostamente cometera. "O delegado disse que eu só ia sair se assinasse o TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência], mas não vi o que eles alegaram, não recebi uma cópia. Quando perguntei, ele disse que eu só ia saber o motivo na Justiça", contou o universitário. "A polícia aqui só não foi truculenta porque a imprensa estava acompanhando", afirmou Jonatha Nunes, referindo-se à revista realizada pela PM na concentração da manifestação.

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