Itamar Borges mantinha intenso contato com empreiteiro apontado como chefe de quadrilha
FAUSTO MACEDO, FERNANDO GALLO - O Estado de S.Paulo
Escutas telefônicas com autorização judicial mostram
intensa comunicação entre o deputado estadual Itamar Borges (PMDB) e o
empreiteiro Olívio Scamatti, acusado de chefiar a Máfia do Asfalto no
interior paulista. Um dos grampos sugere que uma secretária do
parlamentar chegou a ligar para o empreiteiro a fim de perguntar se ele
poderia esperar por uma emenda.A conversa ocorreu no âmbito da Operação Fratelli, que desbaratou no início de abril um grupo acusado de fraudes em licitações de prefeituras com verbas de emendas parlamentares. Boa parte das obras era de asfaltamento, daí o nome Máfia do Asfalto.
Itamar é o terceiro deputado estadual que aparece em conversas com Scamatti nos grampos da polícia, e é o que conversa mais frequentemente ele. Foram flagrados também Roque Barbiere (PTB) e Carlão Pignatari (PSDB). Oito deputados federais de vários partidos (PT, PSDB, PSC, PRB e PC do B) caíram nos grampos ou foram citados por acusados de integrar o esquema.
As conversas de Itamar com Scamatti ocorreram entre 2008 e 2013. Os assuntos são variados: em uma ocasião, Itamar liga para o empreiteiro para avisá-lo de que este esquecera um envelope com um edital. Em outra, ainda prefeito de Santa Fé do Sul (SP), em 2008, negocia com Scamatti o pagamento de um loteamento. O deputado também pede ao empreiteiro que empregue uma pessoa. Também recebe um pedido de Scamatti para que o busque em uma prefeitura porque este estava a pé e com "cinco malas".
Assim como os outros parlamentares citados no âmbito da Operação Fratelli, Itamar não é alvo da investigação, porque dispõe de foro privilegiado.
'Secretária'. Em 30 de janeiro de 2013, a PF flagrou Scamatti falando com uma mulher chamada Gislaine: "Gislaine diz que a secretária do Itamar ligou e avisou que falta uma emenda da área da saúde e perguntou se Olívio pode esperar até sexta-feira... Olívio diz que espera...".
Duas semanas antes, em 14 de janeiro, o deputado pediu ao empreiteiro que empregasse um homem chamado Lucas. A PF escreveu: "Itamar quer que Olívio ponha Lucas para trabalhar com ele por uma ajuda de custo para abrir portas em Bebedouro, Jaboticabal e toda aquela região e na hora certa Lucas vai ajudar Itamar". Em 2010, a PF anotou: "Itamar liga para Olívio e diz que este esqueceu o envelope com o edital. Olívio pede para deixar na portaria do DER em São Paulo".
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