MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 7 de maio de 2013

Decisão da UE aperta disputa pela OMC


Bloco europeu vai votar no candidato mexicano, mas Itamaraty afirma ter os 80 votos necessários para garantir vitória de Roberto Azevêdo 


Lisandra Paraguassu e Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA e GENEBRA - A decisão da União Europeia de votar em bloco no mexicano Hermínio Blanco para diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) embolou a disputa. Ainda assim, o Itamaraty afirma ter, hoje, os 80 votos necessários para eleger o embaixador Roberto Azevêdo. Na conta dos diplomatas brasileiros, a disputa será apertada, mas o Brasil terá um pouco mais que os dois terços necessários para a vitória.
O problema é que nem todos esses 80 votos foram entregues à OMC, e mudanças de última hora não são incomuns. Também não pode ser descartado, numa votação muito apertada, um movimento dos três países responsáveis pela condução do processo - Canadá, Suécia e Paquistão, conhecidos como a troica - de considerar outros critérios e não levar em conta apenas os votos. Já temendo mudanças repentinas, o Itamaraty deixou claro à OMC que o Brasil não vai aceitar "surpresas" nas regras da eleição. A troica assegurou aos brasileiros que, independentemente de outros critérios previstos no regimento, o que prevalecerá será o número de votos. O resultado sai nesta terça-feira.
Depois de um fim de semana de intensas negociações, que levaram o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, a falar com mais de uma dezena de colegas, o Itamaraty contabilizava um mínimo de 106 votos, mas com a garantia de, pelo menos, 16 votos europeus. O governo brasileiro considerava a hipótese de a UE votar em bloco no mexicano, mas tentou convencer os líderes da região a, se não escolhessem Azevêdo, que liberassem os países para escolherem o candidato.
Coesão. Dividido, o bloco adiou a decisão até a última hora e chegou a considerar a possibilidade de votar separado, o que não havia feito até esta última fase. Mas, em um esforço no último minuto para mostrar coesão, optaram por um nome.
Numa primeira rodada, Blanco saiu com 15 apoios europeus, ante 12 para Azevêdo. Países que não queriam o mexicano insistiram em nova votação. O acordo foi de que o pleito seria refeito, mas, dessa vez, a eleição seria sigilosa e o resultado deveria ser respeitado por todos. Após algumas tentativas de reverter a situação, o resultado foi idêntico, 15 a 12, frustrando a expectativa brasileira de garantir pelo menos parte dos votos.
O Itamaraty reconhece as dificuldades após a defecção dos europeus, mas considera que os votos de Azevêdo são mais expressivos. Uma das regras da eleição na OMC é que o candidato precisa ter apoio em todos os continentes e entre países ricos, emergentes e pobres.
Apoio. Apesar de ter perdido a UE e nunca ter podido contar com os Estados Unidos, Azevêdo põe na sua lista oito europeus, entre eles a Noruega. Mesmo sem o voto cheio dos europeus, 12 teriam apoiado o embaixador brasileiro numa votação independente, o que pode contar na hora de uma negociação final sobre os critérios exigidos.
Além disso, o Brasil conta com 42 dos 50 votos africanos e a maior parte da América Latina, onde o apoio a Blanco é escasso, e ainda tem boa aceitação na Ásia, incluindo os dois gigantes, China e Índia.
Blanco teria garantido sua vitória entre os ricos, mas no mundo em desenvolvimento a vantagem de Azevêdo é clara. Diante do racha entre pobres e ricos, há receio sobre que atitude a OMC tomará no caso de uma decisão apertada. Embaixadores que conversaram com o Estado garantem que países emergentes não aceitarão Blanco se ficar claro que ele não recebeu amplo apoio entre os países em desenvolvimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário