Explorando o conceito do visagismo, Cabelaria mantém clientela fixa e tem até fila de espera
Epitácio Pessoa/Estadão
Andre Mateus apostou no visagismo e fundou a Cabelaria
"Eu procurava uma forma melhor de me entender com o cliente, de entender quais são as necessidades e aspirações deles. Passei a observar que muitas vezes o resultado era positivo, ficava bonito, mas a cliente não se sentia ela mesma", conta Andre, 35 anos de idade e 21 anos de profissão.
Oriundo de uma família que sempre esteve ligada ao setor — seu avô foi barbeiro e o pai cabeleireiro —, André não teve dificuldades em aprender a técnica. Passagens por salões de beleza renomados de São Paulo o ajudaram a lapidar o conhecimento. Mas a ideia de abrir um negócio nesse segmento aplicando o conceito do visagismo só veio mais tarde, quando conheceu Philip Hallawel, autor do livro Visagismo Harmonia e Estética (Editora Senac).
Fundada em 2006, a Cabelaria investiu no visagismo — já conhecido no Brasil, mas pouco explorado. Para aplicar o conceito e garantir um resultado satisfatório, Andre teve que quebrar algumas "tradições" comuns em salões. "Fui entendendo que num ambiente de salão comum você não tem o ambiente para fazer perguntas", conta. E como a conversa entre cliente e cabelereiro é fundamental para o resultado, o jeito encontrado por ele foi criar espaços com mais privacidade, onde o profissional pode conversar com o cliente sem expô-lo. "Optei por não ter manicures. Tirar uma conveniência e uma importante fonte de receita foi radical", conta. Mas funcionou. "Só de propriciar esse cenário a cliente já começa a entender que esse processo de investigação não é um mero bate-papo. A gente não está buscando informações por curiosidade", ressalta.
Há sete anos, a Cabelaria atrai clientes dispostos a pagar R$ 250 reais por um corte com Andre Mateus, que atende em média 12 pessoas por dia e vive com a agenda apertada. Quem optar por outros profissionais o preço cai para R$ 140. E não há a clássica diferença de preço entre corte masculino e femino. "Um corte normal leva 20 a 30 minutos. Com o visagismo é diferente. O primeiro agendamento é de uma hora, onde é feito uma leitura do rosto, o que ajuda muito a identificar o que a imagem atual provoca. Assim, a propria cliente pontuando o que pode ressaltar ou suavizar de caracteristicas", explica.
Ao apostar "na qualidade de tempo", como define, a Cabelaria construiu uma base sólida de clientes e divulgadores. E também interessados em replicar o modelo. No entanto, Andre mantém os pés no chão. "Para montar uma outra unidade o negócio precisa de mais uns 3 anos de amadurecimento. E ainda assim eu teria que desmembrar a equipe para assegurar que o padrão de qualidade será mantido", diz.
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